Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quarta-feira, 12 de julho de 2017

COMPANHIA DE APRENDIZES-MARINHEIROS DE RIO GRANDE

Recentemente participei da banca de avaliação de mestrado em História (UFPEL) cujo título da dissertação é “A consolidação do Império através da formação da Armada imperial na província rio-grandense com base na Companhia de Aprendizes-Marinheiros de Rio Grande (RS) (1860-1885)”. O novo mestre em História é Cosme Alves Serralheiro que fez uma exaustiva pesquisa sobre a formação da Armada Nacional (Marinha) no período posterior a Independência do Brasil (1822). O tema central desenvolvido na dissertação foi a atuação da Companhia na cidade do Rio Grande. Vejamos uma brevíssima exposição do trabalho desenvolvido por Cosme e que remete a essência da cidade do Rio Grande: a maritimidade e sua ampla gama de variáveis.
No início do século XIX, em especial logo após a independência, a proposta da política-imperial e seus debates tiveram como resultado um importante projeto de (re)criar uma Armada e prepará-la para os futuros sinistros. Além disso, com independência política do Brasil, através da Corte lusitana, foi necessário formar a Armada Nacional para garantir e assegurar a emancipação e o monopólio político do Império. A criação dessas instituições era uma tentativa das autoridades brasileiras de formar Marinheiros, oferecendo-lhes algum tipo de atividade técnica/profissional para servir à nação, em substituição ao recrutamento compulsório, o qual se constituía quase que exclusivamente na única fonte de captação de pessoal para os serviços da Armada Imperial. Tudo isso foi num momento em que o Brasil se deparava com tensões de conflitos que estavam em andamento em algumas provinciais. Com esses celeumas foi necessário criar instituições com o intuito de (re)inventar uma Armada forte. Portanto, foi com base nesse pensamento que o uso das Companhias se tornou essencial para estabilidade do Brasil.
            A criação da Companhia de Aprendizes se deu pela lei 148, de 27 de agosto de 1840 que mandava abrigar uma quantidade expressiva de jovens, ficando subordinada, a Companhia, ao Corpo de Imperiais Marinheiros. Essa lei alterou a estruturação da Armada do Brasil, para incluir essa alteração teve a ver com a construção de um prédio fixo onde pudesse haver melhor formação teórica ao Aprendiz.
Com a fundação da Capitania do Porto na cidade de Rio Grande, sobre o comando de um oficial superior denominado de Capitão do Porto, esta passa a ser detentora do poder de recrutar aqueles desfavorecidos em várias partes da região Sul. Era um artifício desenvolvido pelo Estado Imperial com o pretexto de recrutar homens para a Armada e disciplinar os modos de vida e o cotidiano de trabalho desses indivíduos.
Em 31 de julho de 1851, O Diário do Rio Grande noticiava que a comissão de oficiais da Armada dera parecer favorável à aquisição do terreno do Dr. Rocha que o vendeu para o governo Imperial por 65.000$000 (sessenta e cinco mil contos) as suas propriedades na Macega. A Capitania dos Portos e mais tarde o Arsenal de Marinha, na época em Porto Alegre, passaria seria instalado neste local que ainda constituía a Ilha do Ladino e hoje está nas proximidades do Comando do 5° Distrito Naval.
            O Decreto de 1861, despachado por ordem do Imperador, mandava criar a Companhia de Aprendizes-Marinheiros de Rio Grande para formar os futuros homens do mar, tendo seu primeiro comandante o Primeiro-Tenente Ricardo Greenhalgh. Ao longo do período pesquisado, Cosme constatou a Província do Rio Grande de São Pedro foi um celeiro fértil para recrutar e que a Companhia de Aprendizes foi a escola de Marinha, naquele período, que mais forneceu homens para servir a Armada e também aquela que mais instruiu (baixo analfabetismo) os jovens, mesmo com algumas fugas, sendo o maior diferencial no tocante as outras 17 Companhias criadas no Brasil que menos analfabetismo teve em seu corpo demonstrando. A criação das Companhias de Aprendizes tornou-se algo fundamental para formar homens com objetivo de tripular os vasos de guerra para cumprir a missão de vigilância e o patrulhamento do extenso litoral, para a união das províncias e para a proteção do comércio. Assim ela teve a sua importância no projeto original das agremiações políticas que foram a militarização, o controle, a profissionalização dos jovens.


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