Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quinta-feira, 13 de julho de 2017

150 ANOS DA VINDA DO IMPERADOR

        A Guerra do Paraguai, iniciada em dezembro de 1864 com o ataque paraguaio a Província do Mato Grosso assumia contornos de extrema preocupação para o Império Brasileiro. A invasão de Uruguaiana e São Borja evidenciou que os paraguaios estavam decididos a promover ataques incisivos em território brasileiro. O próprio Imperador, veste a roupa militar e se desloca a frente de batalha em Uruguaiana. A passagem obrigatória era pela porta de entrada na Província do Rio Grande de São Pedro: a cidade do Rio Grande. Visitou São José do Norte e desembarcou em Rio Grande em 16 de julho de 1865.
Uma fonte que narrou esta viagem foi escrita pelo Oficial da Secretaria de Estado Gervásio José da Cruz “Uma Página Memorável da História do Reinado do Senhor D. Pedro II. Rio de Janeiro: Tipografia Perseverança, 1865. É uma “ode exacerbada” aos feitos do monarca no contexto de uma guerra que estava apenas tendo início e que se buscava construir a noção de unidade nacional frente às diversidades provinciais. O monarca seria o personagem unificador do esforço de guerra contra a República do Paraguai.
O trecho relacionado à vinda até Rio Grande será destacado a seguir:  
“Raiou o dia 10 de Julho... Ainda bem não eram 8 horas da manhã, já o Imperador se achava no arsenal de marinha a passar com a maior solicitude revista a mais de 2.000 praças, que tinham de acompanhá-lo ao teatro da guerra. Assim se passou a manhã do dia 10 de julho até que soou o momento da partida. Há uma hora embarcou Sua Majestade Imperial em companhia de seu Augusto Genro, o Senhor Duque de Saxe e de sua comitiva no vapor Santa Maria, que, garboso, começou a sulcar as águas da formosa Guanabara! (...) O Imperador faz um desembarque em Santa Catarina. As 3/4 horas da tarde do dia 14, desaferrou do porto do Desterro o vapor Santa Maria em demanda do Rio Grande do Sul, aonde chegou no dia 16, desembarcando o Imperador pelas 11 1/2 horas da manhã. Não consentiu Sua Majestade o Imperador, mau grado as mais instantes súplicas das autoridades, e de notáveis cidadãos da província, que se lhe fizesse ruidosa recepção, como, aliás, era desejo dos Rio-grandenses. Ao desembarcar na cidade do Rio-Grande, foi seu primeiro cuidado dirigir-se à igreja, onde, em face do Deus Vivo, dirigiu fervorosas orações, em ação de graças à feliz viagem que fizera. E naquele momento em que o grande espírito do Imperador se comunicava com o Altíssimo, por certo não se esquecera ele de endereçar-lhe uma prece pelo triunfo da guerra em que estamos empenhados! (...)
            Em Rio Grande ele foi recebido por mais de seis mil pessoas que se apinhavam no Cais da Boa Vista e seguiam o cortejo pela rua da Praia (Marechal Floriano) e pela rua Direita (General Bacelar). Apesar de o inverno estar em seu auge, o Imperador compareceu a atividades sociais e foi até o Teatro Sete de Setembro (atual Bacelar) para assistir peças patrióticas e escutar discursos otimistas de uma vitória militar). A administração do Império passava a ser feita em Rio Grande e D. Pedro II fez o seguinte pronunciamento. “Rio-Grandenses! Sem a menor provocação, é por ordem do governo do Paraguai invadiu segunda vez o território de nossa pátria. Seja vosso único pensamento o vingardes tamanha afronta, e todos nos ufanaremos cada vez mais dos brios e denodo dos Brasileiros. A rapidez das comunicações entre a capital do Império e a vossa província permite a mim e a meus genros, meu novo filho, presenciar vossos nobres feitos. Rio-Grandenses! Falo-vos como pai que zela a honra da Família Brasileira, estou certo de que procedereis como irmãos, que se amam ainda mais quando qualquer deles sofre. Palácio do Rio Grande, 16 de Julho de 1865. D. Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil”.
            D. Pedro II permaneceu em Rio Grande até o dia 18 de julho quando embarcou para Porto Alegre às 10 horas da manhã. Sua missão era de ser um exemplo de patriotismo e politicamente conclamar a união de esforços contra os invasores. Uma longa e desgastante viagem o aguardava no transcurso da Lagoa dos Patos e Rio Jacuí. A partir de Rio Pardo o trajeto foi feito de charrete ao longo de centenas de quilômetros até a frente de combate. O Imperador não presenciou um brutal derramamento de sangue, pois os cinco mil paraguaios se renderam frente ao cerco das tropas da tríplice aliança. A rendição ocorreu em 18 de setembro e teve início o longo trajeto de retorno que traria novamente ao Porto do Rio Grande.


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