Porto do Rio Grande em 1908

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quarta-feira, 4 de junho de 2025

ESTADOS UNIDOS NA EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE 1901

https://www.flickr.com/photos/44841559@N03/34648594635/in/photostream/

Card francês da empresa Au Bon Marché com o tema da Exposition Universelle 1900

A representação francesa é de sofisticação e portentosidade. Se buscava aformosear os mínimos detalhes das imagens. 
 
Na Exposição Universal de Paris em 1900, os Estados Unidos edificaram um pavilhão de grandes dimensões buscando mostrar a pujança industrial do país. O número de visitantes ao longo dos sete meses que durou o evento foi de mais de 50 milhões de pessoas. 

O cartaz abaixo, circulado no evento, mostra um outro referencial estético e de representações. A figura fantasmagórica no alto são os antepassados que constituíram a nação. No tempo presente, a imagem é popular da formação americana com o trabalho dos negros, índios, espanhóis (mexicano?), dois militares brancos com perfil de subalternos e uma mulher branca (simbolizando a América) com um olhar de seriedade e de ausência de arrogância. Não há alegria feminina, como os cards retratavam nesta época, apenas o silêncio de um desafio. 

O autor desconhecido que elaborou a gravura que circulou no evento, enfatiza uma construção de nação sem a lapidação de superioridade ou até arrogância europeia tão comum no período. O trabalho braçal na agricultura e comércio é o enfoque dos elementos técnicos na gravura.  Negros e brancos parecem estar, apesar da diversidade dos lugares sociais, num patamar de cotidianidade o que é disfuncional nas abordagens dos europeus. Não há Belle Époque e sim o primitivismo da construção de uma nação com marcante diversidade étnica. Destoa no cartão o personagem no mastro da bandeira pela roupa e expressão oficialista: é o presidente McKinley que foi assassinado por um anarquista no ano seguinte (1901). 

Diga-se que observando coleções de cards, os Estados Unidos são vistos pelas séries europeias como pouco interessante para ser representado. O enfoque maior ainda é o Faroeste americano, com as guerras indígenas ou curiosidades ligadas a natureza. Ou seja, um país ainda numa pré-civilização e sem demonstrar que se tornará a maior potência mundial até 1918. No meio do caminho havia uma Guerra (a Primeira Grande Guerra Mundial) e a Europa "derreteu" enquanto os Estados Unidos saiu fortalecido e com uma produção industrial e mercados dinâmicos. 

Procuro analisar os cards entre as décadas de 1890 até 1914 para equacionar as temáticas principais e os referenciais do que é considerado culturalmente relevante para se tornar uma gravura colecionável. Já observei mais de 15 mil cards e a sensação é de que um outro mundo iniciou a partir de 1914-1918. E constato como a Primeira Guerra foi importante para num efeito dominó gerencial o período pois 1918 e levar a eclosão da Segunda Guerra Mundial. 

É uma sensação de curiosidade e estranheza observar a construção de representações de mundo através de imagens que serão miniaturizadas para serem colecionadas. Imagens que buscam trazer o bem estar do equilíbrio, de uma tradição consolidada na arquitetura e de um progresso que trará um novo horizonte de realizações através do avanço científico e tecnológico. E daí, os fragmentos organizados de um mundo construído por referenciais efêmeros começam rapidamente a desabar arrastando a Belle Époque para o acaso. 

https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/Unbekannt/805663/O-pavilh%C3%A3o-americano-na-Exposi%C3%A7%C3%A3o-Universal-de-1900,-Paris,-1900.html

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