https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1907_00019.pdf
Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1907.
A Era de Ouro dos Cartões-Postais transcorria celeremente em 1907.
Felicidade dos emissores, dos colecionadores e dos pesquisadores no presente.
O mundo estava sendo miniaturizado e convertido em pequenas imagens numa globalização das culturas, etnias e espacialidades multifacetadas.
Se o mundo pode ser colecionado, se torna ainda mais valorizado com uma mensagem de afeto ou lembrança da existência individual do remetente. Ou seja, se enviava um postal para receber outro. Sendo um personagem de destaque da época, como um escritor ou intelectual, se enviava inclusive um postal para resposta dentro da carta.
Felicidade de uns e infelicidade de outros!
Responder a esta demanda do ávido público consumidor de postais e memórias gráficas, se converte num inferno para muitas pessoas. Desde familiares e amigos que não estão com vontade de responder semanalmente os cartões de parentes até as destacadas personalidades que se desesperavam com a pressão por respostas.
Este parece ser o caso do escritor carioca Arthur Azevedo que num gesto impetuoso escreveu num cartão aquilo que lhe dilacerava a alma:
"Ave Maria!
Não posso mais!
É todo dia
Cartões-postais!"
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