Porto do Rio Grande em 1908

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terça-feira, 24 de setembro de 2024

QUEIMADAS NO RS EM 1897

https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=829447&pagfis=2340

O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para o ano de 1897 faz referência a um dos assuntos mais comentados nos nossos dias: as queimadas de vegetação. 

No presente vivemos uma das maiores crises ambientais da história brasileira! Os gigantescos incêndios florestais acabaram projetando -por grande parte do Brasil-, a fumaça que acabou tornando inviável abafar o fogo devastador produzido a milhares de quilômetros de distância. Faço a leitura de um relativo negacionismo na dimensão desta tragédia que vem se repetindo nos últimos meses. 

Entendo que não foi o presente que se criou este hábito nefando da coivara, na América do Sul, pois há registros de 7 mil anos desta prática. Porém, a dimensão da área queimada e seus efeitos poluidores e emissores de CO2 num período em que tanto se discute o manejo racional das florestas e os meios de reduzir a intensificação do aquecimento global, neste contexto, é patético o que está ocorrendo. 

Conforme a Deutsche Welle "o total acumulado de emissões de carbono nos incêndios florestais deste ano no Brasil têm sido maior do que a média registrada para queimadas no país em quase 20 anos, segundo dados do Copernicus, o programa de monitoramento de mudanças climáticas da União Europeia (UE), divulgados nesta segunda-feira (23/09). Essas emissões são impulsionadas, sobretudo, por incêndios registrados nos biomas do Pantanal e da Amazônia. No Brasil, as emissões totais de queimadas acumuladas durante o ano de 2024 superaram a média, chegando a cerca de 183 megatoneladas de carbono até a data de 19 de setembro, de acordo com os dados do Serviço de Monitoramento Atmosférico do Observatório Copernicus (Cams), seguindo uma trajetória similar a registrada em 2007, ano em que essas emissões bateram recorde" (https://www.dw.com/pt-br/amaz%C3%B4nia-e-pantanal-enfrentam-as-piores-queimadas-em-17-anos-indica-copernicus/a-70300421). 

Voltando a matéria do ano de 1897, a qual remete a décadass anteriores de práticas antiecológicas, é realizada uma crítica aos processos bárbaros empregados por alemães e italianos: "na falta de adubo, ou na ignorância de seu emprego, recorrem aos sistema devastador das roças. Escolhem para plantar as terras de mato, por serem nelas mais produtivas as colheitas; cortam as árvores de mais porte e picam todas as pequenas. Alguns dias de sol bastam para secar os ramos derrubados. Depois lançam-lhes fogo e às vezes as queimadas duram dias e dias. É desolador o espetáculo destas longas nuvens de fumaça elevando-se no horizonte de cem pontos diferentes. Em algumas regiões, o mato está desaparecendo, pois o terreno plantado duas ou três vezes, sem renovação dos princípios fertilizantes, esgota-se rapidamente e o plantador vai logo procurar outro". 

No final do século 19, já surge esta crítica contundente a estas práticas de coivara. E isto que a matéria não faz referência a perda de controle sobre a área de queima inicial e a expansão de incêndios incontroláveis com danos a fauna, flora, a propriedade e a saúde humana. 

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