https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf
No dia 28 de dezembro de 1909, às 11h40, pousou em Bagé o balão esférico Uracan tripulado pelo presidente do Aero-Clube de Buenos Aires Jorge Neubeurg.
O estranho objeto chamou muito a atenção dos moradores que o seguiram até o seu local de pouso no prado. A altitude em grande parte do percurso, desde Buenos Aires, foi de 100 metros e em algumas ocasiões chegou a 3.000 metros.
Se mesmo hoje um balão poderia ser interpretado como um objeto voador não identificado (e talvez malévolo) o que pode ter passado pela cabeça dos camponeses ou de um gaucho da região?
A seguinte passagem, do relato publicado no Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1912, é muito interessante: "Em território uruguayo, ao amanhecer, o aeronauta a pequena altura, dirigiu-se a um camponez que encontrou, e pedindo-lhe para dizer-lhe o logar onde se achava, teve como resposta dous tiros de espingarda, que felizmente não o tocaram nem ao Uracan. Nas proximidades da nossa fronteira foi ainda o globo alvejado por diversas vezes, nada tendo soffrido graças á boa altura em que se encontrava".
Ou seja, misseis terra-ar tentaram abater o balão. Felizmente, eram apenas espingardas, não conseguindo acertar o alvo.
Esta é uma história extraordinária e possivelmente real: se aproximar do solo para pedir informação sobre o local, pois, a navegação aérea exigia a localização visual de pontos de referência para seguir viagem, e receber dois tiros de espingarda é no mínimo hilário. E poderia ter sido trágico. E o vivente da espingarda contaria para os amigos e filhos que abateu uma ave enorme, vinda dos confins do espaço, com um homem tagarela dentro de uma bolsa de proteção. E possivelmente, ninguém acreditaria em suas palavras, por mais verdadeira que fosse a sua história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário