Balneário Cassino com o céu coberto pela fumaça na tarde do dia 11 de setembro.
Em termos de qualidade do ar o Brasil ocupa a posição 83 de 136 países. Pelo potencial de sua economia é uma posição péssima. Muitos estados brasileiros não tem monitoramento. Incrivelmente, o Rio Grande do Sul está entre os dez estados que possui monitoramento. Inclusive, a cidade do Rio Grande, tem uma estação de monitoramento.
Incrível! A poluição emitida pelo conglomerado químico do Distrito Industrial poderia provocar o derretimento da Estação. Onde ela esta colocada? Deve ser num local seguro da poluição? Onde obter os dados que são coletados? A qualidade do ar em Rio Grande é considerada boa? Não quis fazer uma piada, mas, a pergunta que remeteu ao "boa" pareceu tragicômica.
Mas vamos falar a verdade: Rio Grande não deve estar com sua estação funcionando! Seria extrema falta de bom senso transmitir informações insalubres.
Na discussão da instalação da Usina Termoelétrica e Unidade de Regaseificação em Rio Grande, uma promessa e contrapartida ao nativos da cidade, era instalar mais estações de medição da qualidade do ar. O local de instalação não ficou claro, possivelmente fosse distante, lá no Banhado do Taim. Outras áreas próximas ao urbano seria evidenciar índices estarrecedores que poderiam assustar os moradores.
E o silêncio sobre a qualidade do ar está virando uma tênue discussão frente a situação da fumaça que chegou das grandes queimadas ocorridas na Amazônia e em outros países. A banalização do ar contaminado ganhou a nuance do céu cinza, do sol avermelhado, de partículas que caem ao solo e provocam sujeira etc.
E assustador é saber que com todas evidências de poluição e péssima qualidade do ar, na segunda-feira, nas quatro estações de monitoramento da Grande Porto Alegre, a FEPAM divulgou que a qualidade do ar era "Boa". Até acredito que deveria ser "Boa" para desencadear asma, bronquite, enfisema, ataques cardíacos, derrames e, acumulativamente, câncer no pulmão e de pele. E o acumulativamente, não é hoje para o futuro, e sim, o já respirado no passado que não foi monitorado, persistindo no presente e com garantias de se manter no futuro. Sem monitoramento, mas com vida normal.
Sempre recordo das discussões de ambientalistas estampadas no jornais de Rio Grande entre os anos 1960 e, especialmente, nos anos 1970-80, que foi sendo esgotada pela plena exaustão da luta antipoluição.
Esta matéria da Metsul publicada ontem, 11 de setembro, às 8h45, assinala um pouco das minhas preocupações:
"A qualidade do ar em Porto Alegre está ruim, mas ninguém sabe exatamente quão ruim se encontra nestes dias pela fumaça de queimadas. Os dados existentes na internet são meramente estimativos com base em dados de satélites e de modelos. Dados reais de medição de superfície por estações são inexistentes, assim o porto-alegrense e milhões de gaúchos não sabem como está o ar que respira. Reportagem do jornalista Felipe Faleiro na edição de hoje do jornal Correio do Povo escancara o absoluto despreparo do Rio Grande do Sul. Se na enchente ficou evidente o despreparo da estrutura estatal no monitoramento dos rios do estado com poucas estações e muitas fora do ar, a crise da fumaça agora mostra como o estado não tem monitoramento do ar. Se apenas a cidade de São Paulo e região têm 30 estações públicas de qualidade do ar com dados em tempo real, Porto Alegre e o interior gaúcho não possuem nenhuma.
Há por dias uma grande concentração de material particulado (MP2,5) em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul com índices estimados por satélite como muito ruins e mesmo insalubres, deixando o céu acinzentado em que mal se consegue enxergar o sol, tal a quantidade de poluição atmosférica. Segundo a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), o MP2,5 é um dos principais poluentes atmosféricos, sendo o conjunto de partículas sólidas ou líquidas suspensas no ar inferiores a 2,5 micrômetros. A exposição prolongada a este material, capaz de penetrar profundamente nos pulmões e na corrente sanguínea quando inalado, está associada a problemas de saúde, como asma, bronquite e enfisema, além de aumentar o risco de ataques cardíacos, derrames e câncer de pulmão".
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