Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1889. https://memoria.bn.gov.br |
Parte da história do cotidiano das comunidades está nos nomes das ruas.
As denominações denotam termos populares para definir as espacialidades, referências a moradores ou episódios marcantes num momento do tempo. Também remete as intervenções oficiais para fixar a memória de personagens da nacionalidade (como nomes/batalhas da Guerra do Paraguai) ou do telurismo regional.
E os nomes deixam muitas pistas históricas.
No caso da cidade do Rio Grande, a Praça do Poço remete a ter existido um poço na atual Praça Sete de Setembro. E realmente, este pode ter sido o primeiro poço público de coleta de água fora do Forte Jesus-Maria-José de 1737. Portanto, o primeiro do Rio Grande do Sul junto a um centro urbano em formação. Existiram vários poços ou cacimbas no mesmo local (refeitos com material diferente ao longo do tempo), mas as plantas do início dos 1800 já demarcavam o local como sendo conhecido por Praça do Poço. E assim foi o imaginário popular por mais de um século até o seu esquecimento. Mas o poço continua lá... enterrado sob a areia.
Voltando ao tema...
Estas denominações para as ruas de Porto Alegre publicadas no Annuario sofreriam uma grande modificação a partir da Proclamação da República (pouco tempo depois desta matéria). Personagens republicanos passaram a ser denominados como forma de demarcar os novos donos do poder e de varrer os legados monarquistas dos espaços públicos. Certamente, o Beco do Império, Rua de Bragança, Rua D. Isabel etc, e outras referencias ao Império Brasileiro, foram sendo substituídas.
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