Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

BALA DE ARTILHARIA KRUPP (1909)

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1912. 
https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf

Conforme o Diario do Rio Grande do dia 15 de setembro de 1909, na manhã do dia 14, um operário fazia escavações em terrenos próximos a Estação Marítima, portanto, na continuidade do Porto Velho do Rio Grande tendo nas proximidades a Rua Barroso. 

Este operário, Carlos Oliveira, bateu com a picareta numa bala de artilharia Krupp (empresa alemã) que estava enterrada no solo. Ocorreu a explosão e um estilhaço atingiu o rosto de Carlos que ficou muito ferido. 

O que um projétil para canhões Krupp estava fazendo ali? 

O periódico traz uma hipótese plausível para eventos ocorridos 15 anos antes. Em 1894, durante a Revolta da Armada, uma frota naval comandada pelo Almirante Custódio de Mello, posicionou-se nas águas mais profundas em São José do Norte e exigiu a rendição das tropas em Rio Grande. A cidade se converteu numa praça militarizada ocorrendo resistência e o bombardeio da área central a partir dos navios de guerra comandados por Custódio de Mello. 

Linha de canhões das forças legalistas foram instalados no Mercado Público e em outras áreas da cidade. Possivelmente, junto a Estação Marítima, foi edificada uma defesa com artilharia. Outra hipótese é que equipamento militar tenha chegado por trem pela Linha Rio Grande-Bagé com armamento de outras guarnições republicanas. Bagé e Pelotas (com guarnições), contribuíram com tropas e efetivos para a resistência em Rio Grande. 

No meio do caos daqueles dias, um destes projéteis ficou enterrado na areia? Em local em que foram edificadas trincheiras? Sabe-se que a construção de trincheiras de defesa foi um método difundido em vários pontos da cidade. O motivo é que chegou a ocorrer uma tentativa de invasão por terra na altura do Parque. 

Ou seja, há variáveis de investigação que possam levar a explicação histórica deste evento trágico. 

TREMORES DE TERRA EM BAGÉ (1909)

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf

Notícia do Diário do Rio Grande reproduzida pelo Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1912

A noite do dia 2 de outubro de 1909 foi agitada no Serro dos Quiétos em Bagé. 

Intenso ruído partiu deste local e as pessoas, notaram tremores de terra e abertura de valos profundos na distância de 150 a 200 metros. No dia seguinte, curiosos de várias procedências foram até o local para observar as árvores arrancadas, os valos e os sons que vinham do fundo da terra. 

O que aconteceu no Serro dos Quiétos?

A BALEIA EM PELOTAS E O FAROL SARITA (1909)

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf

 Duas notícias reproduzidas pelo Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul (1912). 

No dia 5 de outubro de 1909, na Barra de Pelotas, apareceu um baleia encalhada com 70 palmos de comprimento. Um palmo equivale a 22,86 centímetros resultando em  16 metros. 

É uma baleia adulta e no limite do crescimento das duas espécies que partindo da Antártida chegam ao litoral do Rio Grande do Sul: a Jubarte com até 15 metros (visita o RS entre julho e novembro) e a baleia-Franca com até 16 metros (entre agosto a novembro). Em outubro, é coerente com a visita de qualquer uma delas. 

É estranho pois o calado do canal de acesso pela Barra do Rio Grande era muito reduzido em 1909, pois as obras da Companhia Francesa que garantiram uma profundidade de 10 metros, iniciaram em 1910 e foram finalizadas em 1915. Antes disso, havia períodos com menos de 2 metros de calado.

 Porém, a matéria sugere uma resposta para o questionamento: a baleia teria sido arrastada pelos temporais ocorridos nos dias anteriores. Possivelmente, o nível das águas no canal da Barra aumentaram bastante permitindo o acesso. Se foi arrastada para dentro do Canal e avançou tanto no estuário, não estaria com algum problema de saúde?

A segunda notícia se refere a inauguração do Farol Sarita, em 11 de outubro de 1909 (outras fontes indicam dia 12...), na Costa do Albardão. O local escolhido é onde ocorreu, em 1897, o naufrágio (proposital) do navio italiano Sarita

JOAQUIM GONÇALVES DA SILVA (1909)

 

Joaquim Gonçalves da Silva segurando o crânio de Bento Gonçalves da Silva no navio a caminho da cidade do Rio Grande em 1900. 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf
Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1912. 


Matéria do Echo do Sul de 21 de outubro de 1909, trata do falecimento do Capitão Joaquim Gonçalves da Silva, com 95 anos (outras fontes indicam o falecimento com 91 anos, pois teria nascido em 1817). 

Era um dos filhos do General farroupilha Bento Gonçalves da Silva falecido em 1847. 

Joaquim teve um papel fundamental no apoio para que os restos mortais de Bento Gonçalves fossem trazidos para o monumento-túmulo erguido na Praça Tamandaré em Rio Grande. Uma fotografia marcante é a de Joaquim segurando o crânio do pai a bordo de embarcação que rumava para o Porto do Rio Grande no ano de 1900. 

Conforme o Echo do Sul, problemas de saúde não permitiram que ele estivesse na inauguração do monumento em 20 de setembro de 1909. Teria afirmado: "inaugurada essa estátua, terei cumprido a minha missão na terra". No dia 21 de outubro (ou dia 20 de outubro?) ele faleceu em Piratini (outras fontes indicam Bagé).  

MOEDAS DE OURO EM CANGUÇU

https://leiloes.watchtrade.com.br/peca.asp?ID=17509049

 

https://leiloes.watchtrade.com.br/peca.asp?ID=17509049


https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf


Preciosidades do passado. Em Canguçu, o lavrador Adelino Nunes, encontrou enterrada uma panela de ferro quando estava utilizando o seu arado no plantio. No interior da panela  estavam 156 moedas de ouro de Nova Granada cunhadas no ano de 1840. 

Esta notícia foi publicada originalmente no Correio Mercantil (Pelotas) do dia 19 de novembro de 1909 e reproduzida no Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul (1912).
 Não foi explicitado o valor destas moedas: 1 grama ou 16 gramas. O estado de conservação também não foi descrito. Muito menos explicar o que as moedas de Nova Granada faziam no local. Quem pode ter enterrado etc. 

Ignorando o valor das moedas frente a avaliação financeira da  Numismática (dependeria do estado de conservação e raridade das moedas) e, sim, frente ao aproveitamento do ouro, teríamos o seguinte cenário: 

A cotação do ouro (27-09-2024) chegou a absurdos R$469,00 o grama.

 A moeda de 1 peso tem 1,69g sendo a pureza de ouro 0,875.
Teríamos: 1 x 1,69 (1,48 de ouro puro) x 156 x 469 =  R$108.282,72 

 Se forem moedas de 16 pesos que tem 26,84g e pureza de 0,875, teríamos:1x 26,84 (23,48g de ouro puro) x 156 x 469 = R$1.717.890,72

Frente a falta de ênfase do jornal, possivelmente eram moedas de 1 peso e 1,5 cm de diâmetro! 

Porém, continuemos a investigação: as moedas de 16 pesos foram emitidas entre 1837 e 1849. Inclusive em 1840 que é a data das encontradas em Canguçu. 

As moedas de 1 peso foram emitidas entre 1837 a 1846. Portanto, está dentro do nosso período de pesquisa que é a data de 1840

Para complicar mais um pouco, temos a cunhagem de moedas de 2 pesos entre 1838 a 1846. Portanto, também no ano de 1840. Se o encontrado foi de 2 pesos equivaleria hoje a R$216.565,44

1, 2 ou 16 pesos tinham a mesma imagem no anverso (busto drapeado da Liberdade à esquerda, com fita na cabeça) e no reverso (escudo de armas nacional e condor com bandeira por cima do escudo). 

Esclarecendo que entre 1837 e 1859 a Colômbia adotou o nome de República da Nova Granada com cunhagens em Bogotá e Popayán. 

Para esclarecer: pela legislação atual, moedas antigas que forem escavadas são consideradas como patrimônio histórico nacional e portanto, bens da União. 

O BALÃO E A ESPINGARDA (1909)

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf

No dia 28 de dezembro de 1909, às 11h40, pousou em Bagé o balão esférico Uracan tripulado pelo presidente do Aero-Clube de Buenos Aires Jorge Neubeurg

O estranho objeto chamou muito a atenção dos moradores que o seguiram até o seu local de pouso no prado. A altitude em grande parte do percurso, desde Buenos Aires, foi de 100 metros e em algumas ocasiões chegou a 3.000 metros. 

Se mesmo hoje um balão poderia ser interpretado como um objeto voador não identificado (e talvez malévolo) o que pode ter passado pela cabeça dos camponeses ou de um gaucho da região? 

A seguinte passagem, do relato publicado no Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1912, é muito interessante: "Em território uruguayo, ao amanhecer, o aeronauta a pequena altura, dirigiu-se a um camponez que encontrou, e pedindo-lhe para dizer-lhe o logar onde se achava, teve como resposta dous tiros de espingarda, que felizmente não o tocaram nem ao Uracan. Nas proximidades da nossa fronteira foi ainda o globo alvejado por diversas vezes, nada tendo soffrido graças á boa altura em que se encontrava". 

Ou seja, misseis terra-ar tentaram abater o balão. Felizmente, eram apenas espingardas, não conseguindo acertar o alvo.  

Esta é uma história extraordinária e possivelmente real: se aproximar do solo para pedir informação sobre o local, pois, a navegação aérea exigia a localização visual de pontos de referência para seguir viagem, e receber dois tiros de espingarda é no mínimo hilário. E poderia ter sido trágico. E o vivente da espingarda contaria para os amigos e filhos que abateu uma ave enorme, vinda dos confins do espaço, com um homem tagarela dentro de uma bolsa de proteção. E possivelmente, ninguém acreditaria em suas palavras, por mais verdadeira que fosse a sua história. 

domingo, 29 de setembro de 2024

QUEDA DE PONTE NO RIO CAÍ (1909)

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1909
https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf

 No dia 12 de julho de 1909, uma ponte provisória do Rio Caí desmoronou frente a uma grande enchente. Árvores e madeiras arrastadas pela correnteza, deslocaram as vigas da ponte que desabou. A madeira da ponte ao passar pelo porto de Montenegro arrastou uma chata do vapor Corvo que estava ancorado no cais. Não ocorreram vítimas. 

Desde o século XIX, são muitos os registros de enchentes no Rio Caí. Em 2023 e 2024, o cenário foi muito difícil para os moradores. E os eventos de enchentes graves tem se intensificado nas últimas décadas entre os rios Caí, Taquari, Jacuí, Sinos e Gravataí. 

Se a altura da elevação das águas tem causada danos cada vez maiores, porém, não se pode afirmar que os registros históricos não sejam volumosos frente a estes fenômenos recorrentes. Será preciso repensar a ocupação destes espaços para trazer segurança aos moradores. 

FAROL DO ALBARDÃO (1909)

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf

Três notícias divulgadas no Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul de 1912

São acontecimentos que remetem a maio de 1909. 

No dia 3 de maio ocorreu a inauguração do Farol do Albardão, 70 milhas ao sul da Barra do Rio Grande. 

No dia 5, a notícia foi de uma tragédia, sendo comum serem publicadas nos jornais. Talvez houvessem muitos perigos na vida e se buscava, ao detalhar morbidamente, evitar que voltasse a acontecer. Ou, as tragédias, já eram um atrativo para os leitores pois os jornais estavam repletos. Enfim, foi um caso ocorrido em Sapucaia em que, no espaço familiar, ingenuamente, foi preparado bolo com formicida (acreditando ser farinha?). O resultado foi relatado na matéria. 

No dia 13, o jornal A Evolução (Bagé) registrou o falecimento em Santo Antonio da Patrulha, de Dona Rita Lopes, que teria entre 125 e 130 anos de idade. Seu nascimento deve ter sido entre 1779 a 1784. Seu último filho teria nascido em 1825. 

A longevidade parece excessiva. O correto seria comprovar documentalmente o nascimento. 

ALBINA E A DEXTROCARDIA EM 1909

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf

O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1912, publicou acontecimentos relativos a 1909. Reproduziu uma notícia publicada no jornal A Evolução (13-04-1909) da cidade de Bagé, sobre uma jovem de 18 anos de idade, moradora da Vila de Guaporé. 

Trata-se de Albina Megonotti, que submeteu-se a um raio X em Porto Alegre, no ano de 1902, descobrindo que o seu coração está localizado no lado direito. 

De fato, Albina sofria de uma anomalia congênita rara em que o coração está virado para o lado direito. O nome desta anomalia é Dextrocardia e o portador tem aumentado o risco de infecções pulmonares. Em termos gerais, a expectativa de vida é a mesma da população geral. No caso de Albina, qual terá sido a sua qualidade e tempo de vida?

VILA DA QUINTA E O COMBATENTE FARROUPILHA

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1912.
https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf
 

Fragmento de um capítulo da história da Vila da Quinta

No dia 18 de junho de 1909 faleceu José Miguel do Amaral. Com 93 anos de idade ele era um "raros sobreviventes da revolução de 1835". 

Foi combatente farroupilha sob ordens do Coronel Domingos Crescencio, tendo participado do Combate de São José do Norte em 16 de julho de 1840. 

As tropas farroupilhas não conseguiram conquistar a Vila de São José do Norte. Neste combate parte da elite dos revolucionários participaram como Bento Gonçalves da Silva e Garibaldi. 

Que histórias José Miguel do Amaral teria para contar sobre os episódios que presenciou?

FALECIMENTO DO COMENDADOR RHEINGANTZ

 


https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1912_00024.pdf



Em 30 de maio de 1909 faleceu o Comendador Carlos Guilherme Rheingantz

Rheingantz nasceu em Pelotas em 14 de abril de 1849 e faleceu no Rio de Janeiro, com 60 anos de idade. 

O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul (1912) reproduziu matéria biográfica publicada no Diario do Rio Grande. 

Reproduzi na íntegra a matéria deste destacado empresário que basicamente foi o criador da primeira grande indústria gaúcha. A Fábrica Rheingantz, em suas primeiras décadas, foi a indústria com maior capital no Rio Grande do Sul. 

BONDES DO RIO GRANDE (1917)

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1917_00029.pdf

No ano de 1917, o Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul traz um levantamento das ruas/áreas em que circulavam os bondes urbanos da cidade do Rio Grande. 

RIO GRANDE E A NAVEGAÇÃO A VAPOR EM 1910

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1910_00022.pdf

O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1910, faz uma síntese das várias possibilidades de conexão do Porto do Rio Grande com a Lagoa Mirim, Lagoa dos Patos, Região Platina, Litoral Brasileiro, Hamburgo e Nova York. 

BONDES DE PORTO ALEGRE (1910)

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1910_00022.pdf

O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1910 publicou as linhas de bondes que serviam Porto Alegre. 

Todos os bondes partiam da Praça Senador Florêncio (Praça da Alfândega) e rumavam para as seguintes linhas: Circular, Duque de Caxias, Partenon, Floresta, Glória, Independência, São João, Navegantes, Menino Deus e Teresópolis.  

BONDES DE PELOTAS (1910)

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1910_00022.pdf


No ano de 1910, estas são as linhas de bonde atuantes na cidade de Pelotas: Porto, Luz, Parque, Fragata e Estrada de Ferro. 

Informações de horários de circulação dos bondes foram publicadas no Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1910. 

BONDES DO RIO GRANDE EM 1910

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1910_00022.pdf

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1910 publicou informações sobre a circulação de bondes na cidade do Rio Grande. 

As palavras cotidianas no ano de 1910 estavam relacionadas, inclusive, com os espaços públicos ligados ao pontos de referência de onde partiam ou circulavam os bondes. Entre estas palavras que significam lugares geográficos estavam: Linha do Parque, Gasômetro, Alfândega, Macega, praça Vasco da Gama, Cemitério, Cadeia, Estação Marítima, Boulevard 14 de Julho, Marechal Floriano, Aquidaban, Matadouro, Costa do Mar etc. 

sábado, 28 de setembro de 2024

RAMAL RIO GRANDE À COSTA DO MAR (1910)

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1910_00022.pdf

 No Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1910 temos uma visão do horário, estações, distâncias da Linha Ferroviária Rio Grande a Bagé. 

Abaixo da tabela observamos o Ramal do Rio Grande à Costa do Mar, o Balneário Cassino/Vila Sequeira

 os veranistas ou moradores do Balneário Cassino que estavam em deslocamento, era possível descer do trem que vinha de Bagé e pegar o trem que ligava Rio Grande até a Costa do Mar. A estação desta conexão era a Junção. Dali seguia para as estações Vieira, Senandes, Bolacha e Vila Sequeira (última estação). O último trecho era uma pequena composição puxada por burros pela Avenida Rio Grande (percurso de 800 metros) até as proximidades do Restaurante dos Dois Bicos, próximo a beira-mar.  

O HINO DA REPÚBLICA RIO-GRANDENSE

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1910. 
https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1910_00022.pdf

Alfredo Ferreira Rodrigues retoma a polêmica sobre às raízes históricas do Hino da República Rio-Grandense

O historiador reproduz a letra do Capitão Serafim José de Alencastro com música do maestro Joaquim de Mendanha.

 Com base na música de Mendanha, Francisco Pinto da Fontoura teria escrito a letra do atual Hino Rio-Grandense. Há outra versão da letra publicada no jornal farroupilha O Povo em 1839. Para Alfredo Ferreira Rodrigues este seria o Hino oficial dos Farroupilhas. 

Ainda segundo Rodrigues, Francisco de Paula Chaves Campello (que foi Vice-Intendente em Rio Grande), conhecia o hino que era tocado por seu pai o capitão farroupilha Manoel dos Santos Campello. Para Francisco Campello, a música de Mendanha teria sido adaptada de uma valsa de Strauss (o velho) que ele ouviu num teatro da Europa. O capitão Campello teria confirmado que Mendanha adaptou a música a partir de uma valsa.  

Alfredo Ferreira Rodrigues era um rigoroso observador do cotidiano e pesquisador documental. No mínimo levantou hipóteses a serem investigadas: qual foi a valsa de Strauss que foi plagiada? Se realmente foi?

LINHA SANTA MARIA A SANT'ANA (1917)

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1917_00029.pdf

O Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul do ano de 1917 destaca a Linha Ferroviária Santa Maria a Sant'Anna

É exatamente o que vocês estão pensando... Sant'Anna é o município de Santana do Livramento na fronteira com Rivera no Uruguai. 

São 10 estações e um entroncamento numa distância de 280 quilômetros. Este entroncamento ficava alguns quilômetros depois de Cacequi e tomava a direção de Rosário do Sul. A última estação antes de Santana do Livramento era Palomas, onde no presente, está funcionando o Trem do Pampa

LINHA FERROVIÁRIA SANTA MARIA A URUGUAIANA

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1917_00029.pdf

A Linha Ferroviária Santa Maria a Uruguaiana (inaugurado em 1907) tinha uma extensão de 374 quilômetros e 23 estações. 

O trem partia de Santa Maria às 8 horas da manhã e chegava a Uruguaiana às 21h10. 

Estes dados foram publicados no Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1917. O objetivo deste Almanak era trazer informações essenciais para os passageiros que utilizavam trem, diligência ou embarcações. Além de muitas informações para facilitar o cotidiano, eram publicadas matérias estatísticas, literárias, históricas, charadas, anúncios comerciais, sugestões para práticas agrícolas e pecuárias etc.   

TREM DE SANTA MARIA A PORTO ALEGRE

 

Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1917.
https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1917_00029.pdf

No distante ano de 1917, estas são as informações para quem utilizava o serviço de trem entre Santa Maria até Porto Alegre

Eram 31 estações em que o trem fazia paradas. A partida de Santa Maria ocorria às 6 horas da manhã e a chegada em Porto Alegre era às 19h30 da noite. Treze horas e trinta minutos de viagem (se não ocorressem atrasos). Eram tantas voltas que a distância total chegava a 389 quilômetros. 

 Atualmente, por via rodoviária, a distância é de 291 quilômetros e, de automóvel, tem a duração de pouco mais de quatro horas. De ônibus são 4h50 e de avião, 50 minutos de voo. 

ENFORCAMENTOS EM PELOTAS

 

https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1917_00029.pdf

No Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1917, João Simões Lopes Netto escreveu uma matéria sobre as execuções por enforcamento na cidade de Pelotas. 

Ele relata alguns casos, com semelhanças a execuções ocorridas em Rio Grande, evidenciando que a forca era uma forma de punição que quase sempre recaia nos escravos. Deixando claro que homens livres brancos também poderiam, e receberam no Brasil, a pena de morte na forca. 

A socialização das execuções, quando os moradores da cidade eram basicamente convocados a assistir ao enforcamento e, ainda levar os seus escravos para o ritual, tinha o papel pedagógico de evidenciar a pena capital recebida pelos infratores das normas sociais. 

A última execução por enforcamento ocorreu em Pilar, Alagoas, em 1876. 

PASSAPORTE DE 1859

https://www.harpyaleiloes.com.br/peca.asp?ID=22684364

 Documento emitido pela Polícia do Rio Grande em 24 de novembro de 1859. 

Trata-se um passaporte válido por 60 dias e concedido a um negociante súdito da Itália, Ricardo Viscolli, que estava com destino a Montevidéo. Conforme o passaporte, Ricardo tinha 28 anos, cor clara, 1m62 de altura, cabelo curto, olhos pardos, pouca barba e rosto comprido. 

FRANCISCO CAMPELLO E SILVA PAES

 



Almanak Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul para 1917.
https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/829447/per829447_1917_00029.pdf


A repetição da palavra "Considerando" foi para argumentar dos motivos para alterar o nome da Rua Francisco Campello para o nome Rua Brigadeiro Silva Paes em 18 de julho de 1914. 

As justificativas se prendem a que o então Vice-Intendente Municipal Francisco de Paula Chaves Campello, foi homenageado no ano de 1888, sendo dado o seu nome a rua Francisco Campello. Ele argumenta, coerentemente, que as ruas deveriam ser denominadas com o nome de pessoas já falecidas e não com os vivos que não completaram o seu ciclo de ação, podendo a sociedade desmerecer a sua trajetória antes do seu passamento. Ou seja, isto impediria pressões políticas em vida por parte do interessado em ter o seu nome perpetuado em espaço público. 

Este Ato da Intendência do Rio Grande passou a denominar aquele logradouro de Brigadeiro Silva Paes. Porém, em 1937, nos festejos do Bicentenário de Fundação do Rio Grande, ocorreu outra alteração: a Rua Brigadeiro Silva Paes mudou para o local atual e passou a se chamar Avenida Silva Paes. E a rua voltou a se chamar Francisco Campello, que falecera dez anos antes, em 1927. E o nome permanece até o presente. 

Em tempo: acabei de ver uma fotografia vendida num leilão que encerrou a pouco. É um precioso registro de Francisco de Paula Chaves Campello (Pelotas, 1848 - Rio de Janeiro, 1927) realizado pelo fotógrafo espanhol Juan Gutierrez de Padilla (1860-1897). A Companhia Photographica Brazileira foi criada em 29 de setembro de 1890. Em 1 de janeiro de 1892 esta Companhia se estabeleceu no endereço Rua Gonçalves Dias n.40 e em 17 de junho a Companhia foi dissolvida. Como a fotografia de Francisco Campello tem em seu verso este endereço e o logo desta Companhia, a hipotética datação é de que Campello esteve no Rio de Janeiro entre janeiro e junho de 1892, quando realizou a fotografia. Com direito a assinatura e a provável idade de 44 anos. 

Esta tentativa de datação não seria possível sem os dados levantados pela Biblioteca Nacional no endereço https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=5398. 

https://www.harpyaleiloes.com.br/peca.asp?ID=21798873

https://www.harpyaleiloes.com.br/peca.asp?ID=21798873


sexta-feira, 27 de setembro de 2024

NAVEGAÇÃO ENTRE PORTO ALEGRE A ESTRELA

 

https://memoria.bn.gov.br

Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1885. 

Navegação entre Porto Alegre e Santo Antonio da Estrella era realizada pelo vapor O Guarany

Antes das estradas de rodagem, a navegação fluvial era essencial para o deslocamento de passageiros e cargas. E Porto Alegre é o epicentro econômico onde se instalaram empresas responsáveis pela circulação da produção colonial. 

O Porto de Estrela fica no Rio Taquari e, em 1885, a atual cidade de Lajeado ainda era um distrito de Estrela, desmembrando-se em 1891. Estas duas cidades ficavam muito próximas e foram muito impactadas na Grande Enchente de 2024

DIVISÃO ECLESIÁSTICA EM 1922

http://memoria.org.br/pub/meb000000510/anuario1922rs2/anuario1922rs2.pdf


 Mapa com a Divisão Eclesiástica no ano de 1922 conforme o Anuário Estatístico do Rio Grande do Sul. 

O município do Rio Grande estava inserido no Bispado de Pelotas cuja Diocese foi criada em 15 de agosto de 1910. 

REGIÕES POLICIAIS EM 1922


http://memoria.org.br/pub/meb000000510/anuario1922rs2/anuario1922rs2.pdf


http://memoria.org.br/pub/meb000000510/anuario1922rs2/anuario1922rs2.pdf


O Anuário Estatístico do Rio Grande do Sul ano de 1922 calcula para o estado uma população de 2.097.500. 

O Rio Grande do Sul estava dividido em três Regiões Policiais: a I Região com sede em Porto Alegre; a II Região com sede em Santa Maria e a III Região com sede em Rio Grande (cor amarela no mapa). 

A relação dos municípios subordinados as respectivas sedes, pode ser observada na tabela acima.