Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

domingo, 15 de setembro de 2024

LINHA TAQUARI A CACEQUI (1889)

 


Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1889. https://memoria.bn.gov.br

O trecho entre Taquari a Cachoeira foi inaugurado em 7 de março de 1883 e entre Cachoeira e Santa Maria em 13 de outubro de 1885. Em 23 de dezembro de 1890 ocorreu a inauguração do trecho entre Santa Maria a Cacequi.

 Até 1910, quando foi feita a ligação ferroviária entre Porto Alegre a Santo Amaro, os passageiros com destino a capital ou da capital para o interior, percorriam de navio a vapor pelo Rio Jacuí cerca de 60 quilômetros até Porto Alegre. 

A estação do Couto, próximo a Rio Pardo, foi renomeada em 1939 para Ramiz Galvão

Nas tabelas publicadas no Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1889, se pode ter uma visão das distâncias, estações e horários disponíveis. 

CANAL DA LAGUNA À LAGOA DOS PATOS

 


Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1888. https://memoria.bn.gov.br

Matéria escrita em Porto Alegre em junho de 1887 é emblemática de um momento histórico em que se buscava alternativas ao Porto do Rio Grande. 

A defesa do autor, C. Gama, era da construção de um Canal da Laguna a Lagoa dos Patos. Seria conectar o Porto de Laguna em Santa Catarina com o Rio Capivari ao norte da Lagoa dos Patos. O objetivo era baratear os fretes evitando o uso do Porto do Rio Grande localizado muito ao Sul da Província, num deslocamento das embarcação pela Lagoa dos Patos em mais de 300 quilômetros. A busca era de um atalho entre áreas de produção colonial e tradicionais, do Centro e Norte do Rio Grande do Sul. Porém, como evidencia a matéria, o projeto não estava vingando. 

A busca de alternativas para o transporte lagunar/marítimo em relação ao Porto do Rio Grande é um tema histórico que já se estende, com maior vigor, desde o década de 1870. 

CHARQUEADAS EM PELOTAS (1888)

 

https://memoria.bn.gov.br

Esta relação com os abates de gado nas charqueadas de Pelotas entre 1878 a 1887, são indicadores do crescimento econômico e enriquecimento desta cidade. Na safra de 1886-1887 foram 356.522 cabeças de gado abatidas. Uma média de quase mil por dia. 

Cachoeira do Sul abateu cerca de 40.000 reses e São Jerônimo 10.000. 

São informações do Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1888

NAVIOS NA BARRA DO RIO GRANDE (1886)

Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1886. https://memoria.bn.gov.br

 Tabela com os "Navios Entrados e Saídos pela Barra do Rio Grande do Sul no ano de 1886 com declaração de seu calado mínimo, tonelagem e equipagem". 

Em 1886, na frota brasileira, os navios à vela estão basicamente empatados com os navios à vapor. Vapores de cabotagem com até 1.000 toneladas? 

"Estranho" é que os navios estrangeiros à vela que entraram na Barra do Rio Grande foram 315 e os navios à vapor foram 41. Num primeiro olhar, a hipótese é de um atraso na tecnologia das embarcações que rumavam para este destino. Outra hipótese e de que os navios à vapor de portos internacionais poderiam exigir um calado superior ao da Barra do Rio Grande que sofria forte assoreamento. Poderiam encalhar no ingresso da Barra pois esta não permitia navios nem com 3 mil toneladas. Tema a ser investigado... 

E este é um aspecto relevante da leitura de tabelas para analisar um período e atividade econômica: os dados discrepantes devem ser investigados e podem se desdobrar em "descobertas" e elucidações que podem contribuir com o desenvolvimento do conhecimento.

 Sempre incentivo os meus alunos a serem criteriosos na observação de tabelas, gráficos, quadros cronológicos, pois podem ser passaportes para a investigação qualitativa dos eventos. 

sábado, 14 de setembro de 2024

CENSO EM RIO GRANDE (1887)

https://memoria.bn.gov.br


Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1889

Não é de hoje que os censos produzem alguns questionamentos. No longínquo 1889, Graziano de Azambuja, redator do Annuário da Província, estava argumentando sobre a falta de precisão nos dados populacionais levantados pelos censos. 

Os dados não corresponderiam a realidade populacional e utiliza Rio Grande como exemplo. Segundo Azambuja, o índice de mortalidade em Rio Grande era absurdamente alto em relação ao índice de natalidade. Neste raciocínio, o fluxo de migrantes deveria ser muito intenso na cidade ou a população começaria a baixar. Os levantamentos mostravam que a população aumentava. 

Um fator para os dados não serem corretos se devia aos entrevistados procurarem "de todos os modos iludir e encobrir a verdade, ocultando ao arrolamento tudo o que podem, com receios pueris de impostos, recrutamentos, etc". 

O "pueril", nesta época de agitações políticas, não é um termo adequado, pois já em 1893 a 1895, ocorreram recrutamentos em que homens eram caçados para servirem nas forças em combate na Revolução Federalista. A situação era tão grave que ocorrerem inúmeras fugas do Rio Grande do Sul para outros estados brasileiros e também fugas para o Uruguai. O objetivo era escapar do recrutamento realizado por chimangos e maragatos para combates sangrentos que não raramente acabavam em degolamento dos prisioneiros. 

Percebemos que historicamente o censo traz questionamentos. O resultado inédito para a cidade do Rio Grande no último do IBGE não foge a discussões. A previsão da população era de 212.000 habitantes e foi de 192.000.

 Como explicar a abdução de 20 mil pessoas? 

SETEMBRO - EVENTOS NO RS COLONIAL E IMPERIAL

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Publicação do Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1888

Trata-se de uma cronologia com eventos, basicamente políticos e administrativos, ligados à formação histórica do Rio Grande do Sul nos períodos Colonial e Imperial. 

Alguns eventos ocorridos no mês de setembro ao longo dos anos 1741-1875, foram contemplados nesta relação. 

Em termos de visualização, esta relação de acontecimentos/eventos são úteis para a reflexão enquanto referência inicial. Um exemplo é a data de 29 de setembro de 1835: "o presidente Antonio Rodrigues Fernandes Braga  em consequência da revolução proclama a mudança da capital para a cidade do Rio Grande". A partir da criação da Comandância Militar em 1737, Rio Grande sedia o poder administrativo e militar do Rio Grande do Sul. Com a invasão espanhola em 1763 e, a fuga dos integrantes da Câmara de Vereadores para Viamão, a condição de "capital" da Capitania é perdida. Porém, poucos sabem que com o início da Revolução Farroupilha e a ocupação de Porto Alegre pelos revoltosos, o presidente da então Província, representante do governo Imperial, instala a administração em Rio Grande, cidade que retoma a condição de capital até 1836. 

O evento é um referencial para investigar a informação e aprofundar às variáveis políticas, econômicas, sociais, ideológicas, etc de um determinado período histórico. 

ALBERTO FEHLAUER (1894)

 
Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1894. https://play.google.com/books

A Loja de Alberto Fehlauer ocupava três números na Rua General Silva Tavares em Porto Alegre. 

Uma bela litografia reproduz a rua e os prédios em que funcionava a Alberto Fehlauer que vendia ampla lista de produtos. 

Convidava aqueles que visitavam Porto Alegre a irem ao seu estabelecimento: "honrem-me com suas visitas, embora não comprem nada". O primeiro passo para o bom e convincente comerciante é levá-lo para dentro da loja... 

PHARMACIA EM SANTA MARIA DA BOCA DO MONTE (1894)

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 Anúncio publicado no Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1894. 

Trata-se da Pharmacia Allemã e Drogaria de Ramão Lopes da Rosa na cidade de Santa Maria da Bocca do Monte

Na farmácia poderia ser encontrado medicamentos, charutos, livros escolares, assinaturas de jornais e revistas etc. Inclusive, faziam a retirada de "dentes sem dor". 

A economia de Santa Maria estava se dinamizando, pois em 1890 foi inaugurado o trecho ferroviário Santa Maria-Cacequi-Porto Alegre-Uruguaiana. 

A conexão ferroviária foi relevante para a dinamização comercial da cidade que foi se tornando um grande entroncamento ferroviário estadual. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CARROÇA ENTRE RIO PARDO E SANTA CRUZ (1892)

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 A informação obtida no Annuario da Província do Rio Grande do Sul para 1892 esclarece que não há linha de diligências entre Rio Pardo e Santa Cruz do Sul. Porém, havia, diariamente, "carros e carroças na Estação do Couto (Rio Pardo) que conduzem cargas e passageiros para Santa Cruz". 

A informação familiar-oral que tenho é de que imigrantes vieram da Alemanha e se deslocaram de carroça entre Rio Pardo até a Picada Velha em Santa Cruz. No início da década de 1870 teria ocorrido este deslocamento de apenas 30 quilômetros, mas, que podia durar 24 horas pelo péssimo estado do trajeto terrestre. 

Em 1892 este cenário ainda não tinha se modificado. 

A breve nota é a confirmação que a oralidade estava correta. Pois, um relógio de parede que os imigrantes trouxeram, teria sido enrolado em cobertor para não quebrar com os sacolejos da carroça. É o que a filha destes imigrantes escutou décadas depois e contou para minha mãe que ganhou o relógio de presente. Desta forma, fiquei sabendo um pouco da história de como o relógio sobreviveu e chegou até o tempo atual na minha companhia.   

Conto esta história no livro A Longa Viagem de um Relógio

Abaixo, o relógio americano de parede comprado pelos imigrantes alemães e trazido para o Rio Grande do Sul:



NÓ REPUBLICANO FARROUPILHA


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José Gabriel Teixeira da cidade de Rio Pardo escreveu uma matéria sobre o que seria o "Nó Republicano" utilizado pelos farroupilhas durante a Revolução (1835-1845). 

Este material circulou no Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1892

BANDEIRA DA REPÚBLICA RIO-GRANDENSE



 
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O Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1892 traz mais uma polêmica: como era a original bandeira da República Rio-Grandense? 

No período inicial da República Brasileira, acenderam as discussões sobre simbologias do período da Revolução Farroupilha. Afinal, em 1836 o Rio Grande do Sul teve a sua primeira experiência republicana com os Farroupilhas. 

As memórias foram se apagando e muitas dúvidas e visões diversas foram sendo difundidas. A geração que viveu o movimento já estava muito reduzida por volta de 1890 e a oralidade ia trazendo visões que nem sempre eram coerentes. Afinal, pode ter tido mais de um hino ou mais de uma representação da bandeira? 

Em relação a bandeira, o colaborador José Gabriel Teixeira da cidade de Rio Pardo, afirmava conhecer profundamente o assunto. O fato é que a atual bandeira Rio-Grandense, respeita as cores e sua posição. Possivelmente, Teixeira tinha razão em suas lembranças. 

HINO DA REPÚBLICA RIO-GRANDENSE DE 1839

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Conforme o Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1892, "a pessoa que nos enviou estes versos  diz-nos que foram publicados no Povo (jornal Farroupilha) de 4 de maio de 1839 e que o hino foi com eles cantado pela primeira vez na noite de 30 de abril do mesmo ano, em Caçapava". 

Esta é mais uma versão do Hino da República Rio-Grandense. Não foi reconhecido como a versão oficial por uma Comissão do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul que em 1933 oficializou a versão atual. 
 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

MONITORAMENTO DO AR?


Fotografias: Luiz Henrique Torres. 11-09-2024. 


Balneário Cassino com o céu coberto pela fumaça na tarde do dia 11 de setembro. 

Em termos de qualidade do ar o Brasil ocupa a posição 83 de 136 países. Pelo potencial de sua economia é uma posição péssima. Muitos estados brasileiros não tem monitoramento. Incrivelmente, o Rio Grande do Sul está entre os dez estados que possui monitoramento. Inclusive, a cidade do Rio Grande, tem uma estação de monitoramento. 

Incrível! A poluição emitida pelo conglomerado químico do Distrito Industrial poderia provocar o derretimento da Estação. Onde ela esta colocada? Deve ser num local seguro da poluição? Onde obter os dados que são coletados? A qualidade do ar em Rio Grande é considerada boa? Não quis fazer uma piada, mas, a pergunta que remeteu ao "boa" pareceu tragicômica. 

Mas vamos falar a verdade: Rio Grande não deve estar com sua estação funcionando! Seria extrema falta de bom senso transmitir informações insalubres. 

Na discussão da instalação da Usina Termoelétrica e Unidade de Regaseificação em Rio Grande, uma promessa e contrapartida ao nativos da cidade, era instalar mais estações de medição da qualidade do ar. O local de instalação não ficou claro, possivelmente fosse distante, lá no Banhado do Taim. Outras áreas próximas ao urbano seria evidenciar índices estarrecedores que poderiam assustar os moradores. 

E o silêncio sobre a qualidade do ar está virando uma tênue discussão frente a situação da fumaça que chegou das grandes queimadas ocorridas na Amazônia e em outros países. A banalização do ar contaminado ganhou a nuance do céu cinza, do sol avermelhado, de partículas que caem ao solo e provocam sujeira etc. 

E assustador é saber que com todas evidências de poluição e péssima qualidade do ar, na segunda-feira, nas quatro estações de monitoramento da Grande Porto Alegre, a FEPAM divulgou que a qualidade do ar era "Boa". Até acredito que deveria ser "Boa" para desencadear asma, bronquite, enfisema, ataques cardíacos, derrames e, acumulativamente, câncer no pulmão e de pele. E o acumulativamente, não é hoje para o futuro, e sim, o já respirado no passado que não foi monitorado, persistindo no presente e com garantias de se manter no futuro. Sem monitoramento, mas com vida normal.  

 Sempre recordo das discussões de ambientalistas estampadas no jornais de Rio Grande entre os anos 1960 e, especialmente, nos anos 1970-80, que foi sendo esgotada pela plena exaustão da luta antipoluição. 
 
Esta matéria da Metsul publicada ontem, 11 de setembro, às 8h45, assinala um pouco das minhas preocupações:

"A qualidade do ar em Porto Alegre está ruim, mas ninguém sabe exatamente quão ruim se encontra nestes dias pela fumaça de queimadas. Os dados existentes na internet são meramente estimativos com base em dados de satélites e de modelos. Dados reais de medição de superfície por estações são inexistentes, assim o porto-alegrense e milhões de gaúchos não sabem como está o ar que respira. Reportagem do jornalista Felipe Faleiro na edição de hoje do jornal Correio do Povo escancara o absoluto despreparo do Rio Grande do Sul. Se na enchente ficou evidente o despreparo da estrutura estatal no monitoramento dos rios do estado com poucas estações e muitas fora do ar, a crise da fumaça agora mostra como o estado não tem monitoramento do ar. Se apenas a cidade de São Paulo e região têm 30 estações públicas de qualidade do ar com dados em tempo real, Porto Alegre e o interior gaúcho não possuem nenhuma.
Há por dias uma grande concentração de material particulado (MP2,5) em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul com índices estimados por satélite como muito ruins e mesmo insalubres, deixando o céu acinzentado em que mal se consegue enxergar o sol, tal a quantidade de poluição atmosférica. Segundo a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), o MP2,5 é um dos principais poluentes atmosféricos, sendo o conjunto de partículas sólidas ou líquidas suspensas no ar inferiores a 2,5 micrômetros. A exposição prolongada a este material, capaz de penetrar profundamente nos pulmões e na corrente sanguínea quando inalado, está associada a problemas de saúde, como asma, bronquite e enfisema, além de aumentar o risco de ataques cardíacos, derrames e câncer de pulmão".

SOB O CÉU DE MARTE OU SATURNO

Planeta Marte. NASA/JPL. In: https://metsul.com

 

As fumaça das queimadas estão permitindo fazer alguns paralelos inusitados para o Rio Grande do Sul.

Podemos relacionar a aparência visual do céu de Marte com o manto atmosférico que cobre o estado. No Litoral Norte, o céu apresentou "tons de bege e amarelo com a enorme presença de material particulado na atmosfera. A fumaça é trazida por correntes de vento de Norte que chegam ao estado gaúcho, trazendo na atmosfera a fuligem das queimadas no Paraguai, Bolívia e no Centro-Oeste e o Norte do Brasil. Embora fumaça nesta época do ano não seja incomum, nunca nos últimos anos se viu tanto no Rio Grande do Sul". https://metsul.com/crise-ambiental-uma-foto-e-de-marte-e-a-outra-do-litoral-gaucho/ (11-09-2024, 16h37).

No Litoral Sul, o céu estava mais para o cinza, com períodos  de um amarelo pálido que poderia nos remeter a Saturno.

 Que planeta estamos vivendo não há certeza, porém, a impressão é não ser o nosso. A Distopia Futurista está chegando rápida demais e, se dependesse da minha vontade, deveria ficar restrita às obra de ficção e às artes de graphic novel

Fumaça em Rio Grande. Fotografia: Luiz Henrique Torres. 10-09-2024. 

Fumaça em Rio Grande. Fotografia: Luiz Henrique Torres. 10-09-2024. 


DUELO BENTO GONÇALVES E ONOFRE PIRES (1844)

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 Um dos acontecimentos marcantes da Revolução Farroupilha foi o duelo entre Bento Gonçalves da Silva com seu primo Coronel Onofre Pires. Indisposições nas ações militares e nas intrigas plantadas por opositores de Bento, resultaram no duelo ocorrido no dia 27 de fevereiro de 1844 em Santana do Livramento. Um  ferimento feito pela espada de Bento Gonçalves levou a morte de Onofre dois dias depois do confronto.   

Estas foram as duas cartas trocadas pelos duelistas antes da eclosão da tragédia. 

PEDRO BOTICÁRIO E CAMÕES

 

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Pedro Boticário (1799-1850) também era poeta. Recebendo críticas a ser coxo (e acima do peso), o apelidado Vaca Brava, não poupava surrar verbalmente seus opositores, especialmente, quando eram portugueses. 

Respondendo ao "vil galego" sobrou pancada até para Camões o "torto labrego"  (homem tosco e bruto). 

HINO RIO-GRANDENSE (1893)

 

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O debate sobre a primeira versão do Hino Rio-Grandense estendeu-se no Annuário do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1893.  

Estou publicando no blog as matérias onde esta discussão foi travada. 

José Gabriel Teixeira da cidade de Rio Pardo insistia que conhecera a primeira versão do Hino Rio-Grandense tocado pela bando de música do maestro Mendanha. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

PEDRO BOTICÁRIO (1834)

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Pedro José de Almeida, o Pedro Boticário, nasceu em Porto Alegre em 1799 e faleceu na mesma cidade em 8 de abril de 1850). 

Atuou como jornalista, boticário, advogado e juiz de paz. Defensor do liberalismo radical dos farroupilhas, foi conhecido por sua atuação verbalmente agressiva e pasquinense na imprensa. Seu apelido era vaca brava devido a sua agressiva verboreia e odiava os portugueses a quem ameaçava com deportação do Brasil. Foi militante na Revolução Farroupilha sendo preso na Ilha do Fanfa e enviado para o Rio de Janeiro em 1836, dividindo cela com Bento Gonçalves. 

No documento acima, reproduzido no Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1893, Pedro Boticário está como Juiz de Paz. Está "gentilmente", respondendo ao encarregado da estatística da Província, o qual era português. Boticário, escreveu tantas diatribes que chegou a se referir ao encarregado como "forasteiro galego" um escravo de "Pedro Panaca" que é D. Pedro I/IV, então na condição de Rei de Portugal até a sua morte, três meses depois, em 24 de setembro de 1834. Imaginem a comemoração de Boticário com o falecimento de D. Pedro I do Brasil e D. Pedro IV de Portugal! 

REVOLUÇÃO FARROUPILHA - DOCUMENTOS

 

Almanak Encyclopedico Sul-Rio-Grandense (1898).  https://memoria.bn.gov.br/


Almanak Encyclopedico Sul-Rio-Grandense (1898). https://memoria.bn.gov.br/

Três documentos foram reproduzidos referentes a Revolução Farroupilha: Apelo do Governo Imperial para a deposição de armas por parte dos Farroupilhas (1835); Proclamação Republicana de Bento Gonçalves em 1843; Carta de Canabarro com o transporte de duas canhoneiras (lanchões) por terra (1839).

Para a Semana Farroupilha de 2024, estarei reproduzindo várias matérias e documentos publicados nos Almanak e Annuario, buscando trazer algumas memórias documentais da Revolução Farroupilha para os leitores. 

BONDES PELOTAS E RIO GRANDE (1900)

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O Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1900 traz informações sobre as linhas de bondes urbanos em Pelotas e Rio Grande. 

Algumas informações sobre Navegação a Vapor também foram reproduzidas.  

terça-feira, 10 de setembro de 2024

R. AHRONS & CIA EM 1900

Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1900. https://play.google.com/books

 Anúncio de R. Ahrons & Cia., empresa de Porto Alegre atuando na área de arquitetura, engenharia civil, fábrica de cerâmica, instalação elétrica e de gás etc. 

Rudolph Ahrons (Porto Alegre, 1869-1947) foi um dos mais renomados construtores brasileiros. Especialmente, entre 1908 a 1915, foi o responsável pelos projetos de edificação de prédios na capital como o dos Correios e Telégrafos, Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Banco Pelotense etc. 

RIO GRANDE A HAMBURGO (1900)

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Hamburg - Südamerikanische Dampfschiff-fahrts-Gesellschaft, em seu anúncio, afirma ser a "mais rápida comunicação com a Alemanha pelos vapores desta Companhia". 

As saídas de Rio Grande para Hamburgo ocorriam uma vez por mês. Do Rio de Janeiro para Hamburgo eram viagens semanais. 

Passagens poderiam ser adquiridas na agência de Paul Stooss & Cia em Rio Grande. 

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

RUÍNAS DE SÃO MIGUEL EM 1897

 

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Esta fotografia foi publicada no Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1900.

No interior da Igreja (templo) de São Miguel Arcanjo foi realizada esta fotografia no ano de 1897.

O editor do Annuario, Graciano de Azambuja, fez excursão na década de 1890 até a região missioneira escrevendo sobre o projeto Jesuítico-Guarani dos séculos XVII e XVIII. 

ONÇA-PINTADA E O RIO ATMOSFÉRICO

 

https://metsul.com/raios/ 09-09-2024, 03h30. 

Recomeçando a chover em Rio Grande nesta madrugada de segunda-feira. 

Busquei o endereço da Metsul Raios só para confirmar que o som será apenas de pingos deslizando suavemente do céu noturno cuja escuridão busca esconder que está repleto de fumaça das queimadas da Amazônia e Bolívia, porém... 

...o susto foi ver esta imagem da atividade atmosférica no Uruguai e no Extremo-Sul do Brasil. Na madrugada de ontem objetos tremiam frente ao bombardeio de raios e devido a ressonância provocada pelos trovões. Hoje vai se repetir... 

Este cenário da imagem acima é desalentador. O bombardeio é digno de centenas de mísseis lançados num ritmo implacável. Felizmente, não possuem carga explosiva ou localidades seriam varridas. 

O cheiro asfixiante de fumaça permanece fazendo lembrar que um Rio Atmosférico percorre 2, 3 ou 4 mil quilômetros trazendo não apenas umidade, mas, também o resultado das queimadas.  

Ontem, com os trovões, cheguei a associar a fúria da natureza com o rugir de onças-pintadas e outros animais que podem ter sido vítimas do fogo. O clima em fúria em sintonia com a natureza animal dizimada e lançando seus últimos lamentos. 

Delírios noturnos ou realidades que atormentam o pensamento? 

GRACIANO DE AZAMBUJA EM 1899

 
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Graciano A. de Azambuja, nascido em 1847, acreditava estar escrevendo sobre o seu passamento, sua "nota final". Neste desabafo, acabou fazendo uma síntese do que buscou realizar no seu Annuario e que ele se mantinha fiel aos princípios de trazer conhecimento científico para o público leitor. Porém, reconhecia que a busca pelo material publicado desde 1885 era restrita e dificultava a manutenção de sua publicação. Ele recusava inserir escritos mais palatáveis para um público mais amplo e desinteressado em perspectivas técnicas ou abordagens cientificistas. 

Sua previsão do encerramento da vida terrena estava incorreta, pois, viveu até 7 de julho de 1911. 

Seu legado, preservado no Annuario, permitiu sistematizar conhecimentos sobre clima, botânica, agricultura, medicina, zoologia, astronomia, história, geografia, literatura, folclore e várias áreas de investigação. 

RUÍNAS DE SÃO LUIZ GONZAGA (1892)

 

Ruínas do Templo de São Luiz Gonzaga (Missão Jesuítica fundada em 1687) numa fotografia realizada em 1892 e publicada no Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1900. 

Literalmente, esta fotografia é um documento histórico. Trabalho com a hipótese de serem ruínas do Colégio dos Jesuítas que recua ao período missioneiro. São colunas em pedras grês e capitéis com estilo dórico. Neste sentido não seriam "ruínas do templo" como foi escrito na publicação. 

As ruínas do Colégio dos Jesuítas foi sendo destruída (no início dos anos 1930) até restarem apenas alguns poucos testemunhos no presente naquele local (basicamente só restou uma coluna solitária). 

DÉFICIT NA ESTRADA DE FERRO RIO GRANDE A BAGÉ (1898)

 

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Na tabela podemos observar um balanço da movimentação da Estrada de Ferro do Rio Grande a Bagé entre 1885 a 1898. 

Em 14 anos foram transportados quase um milhão e seiscentos mil passageiros. Porém, dos quatorze anos, em oito ocorreram déficit em réis (779:000$), em seis anos ocorreram saldo positivo (393:000$), porém, no balanço do período ocorreu um péssimo resultado acumulado de déficit de 386:000 (valores arredondados). 

O período crítico do déficit foi entre 1893-1895 (déficit de 538:000) justificável pela ocorrência da Revolução Federalista quando ocorreram sabotagens com destruição de locomotivas e vagões por tropas revolucionárias dos maragatos. A insegurança dos confrontos na guerra civil afastaram os usuários dos serviços da ferrovia. 

Porém, até 1898, os resultados da Estrada de Ferro não eram animadores (apesar da reação a partir de 1896). Será que nos anos posteriores a situação financeira melhorou? 

domingo, 8 de setembro de 2024

RUÍNAS DE SÃO MIGUEL (1892)

https://play.google.com/books

Fotografia publicada no Annuario do Estado do Rio Grande do Sul para o ano de 1900. 

Trata-se uma fotografia realizada em 1892, da fachada das ruínas da Igreja de São Miguel Arcanjo. Graciano Azambuja esteve neste ano visitando ruínas missioneiras e pode ser o autor da fotografia. 

São Miguel, na segunda fase missioneira no Rio Grande do Sul, constituiu um dos Sete Povos das Missões. Foi fundada em 1687 e seu plano ia muito além da magnífica igreja e do cartão postal que restou que é a sua fachada. De fato, o sítio urbano de São Miguel era constituído por grande praça retangular, dezenas de casas comunais dos guaranis, colégio, convento, cemitério, oficinas, depósitos, ruas etc. 

No presente, as próprias ruínas do templo transcendem sua fachada, ostentando estruturas das naves que evidenciam a grandiosidade da obra do arquiteto jesuíta Giovanni Battista Primoli, que iniciou as obras a partir de 1735. 

No Plano de São Miguel, reproduzido abaixo, podemos observar  as dimensões do projeto urbano. A Igreja se situa na parte central superior da imagem:

São Miguel Arcanjo em 1756. Autor desconhecido. 

O NAUSEANTE CHEIRO DA FLORESTA QUEIMADA

https://metsul.com/raios/08-09-2024, 04h30.

Madrugada inteira com queda de raios na cidade do Rio Grande. 

Os raios que foram registrados no Oceano Atlântico são formações de temporal que passaram pelo município produzindo intensa atividade elétrica. 

A chuva está sendo pouca em comparação com a intensidade dos raios e do seu efeito sonoro que são os trovões. 

O que chama a atenção é o intenso cheiro de vegetação queimada que está impregnando o ar e causando sufocamento. Tudo indica que estamos tendo a precipitação com a chuva de parte do material em suspenção cuja origem está nas queimadas na Região Amazônica e Bolívia. 

É deprimente sentir o cheiro da devastação ambiental que ocorre no Brasil, com o maior número de focos de calor (queimadas) desde o ano de 2010. 

A tragédia que está ocorrendo no Brasil e América do Sul (queima de árvores e animais, poluição atmosférica e liberação de CO2), pode ser vista nas cores do céu e do sol, e, agora pode ser percebida no olfato e na tosse que está provocando.  

Sensação melancólica abate a alma ao refletir sobre o significado deste odor. Estamos perdendo a luta para evitar a intensificação do aquecimento global. Uma náusea climática se mistura a visões tortuosa de uma distopia que se aproxima velozmente. Um rio atmosférico percorreu milhares de quilômetros para que a fumaça, como um espectro globalizado, lança-se no extremo-sul do Brasil os vestígios deixados pela devastação florestal. 

Parece que o desejo inconsciente da humanidade é alimentar a atmosfera com mais calor e gases do efeito estufa. Afinal, o equilíbrio climático vai suportar a queima das florestas e do combustível fóssil. Da estratosfera da ignorância, o caminho sem volta estará sempre para além do mais ignóbil ato humano. 

Será? 

https://metsul.com/raios/08-09-2024, 04h30.

HINO DA REPÚBLICA RIO-GRANDENSE (1838)








Esta matéria explicita a posição de seu autor, José Gabriel Teixeira (Rio Pardo, 1891) ao defender que esta é a verdadeira versão do Hino da República Rio-Grandense.

 Teixeira (que faleceu em 1897) argumenta ser contemporâneo da Revolução Farroupilha (1835-1845) e conhecedor presencial de acontecimentos e materialidades que estavam sendo distorcidos no início nas décadas de 1880-1890. 

Ainda mais atraente é que o tema envolve memória, oralidade e história. Qual a aproximação possível com os acontecimentos transcorridos no passado?

Reproduzi toda a matéria publicada no Annuario da Província do Rio Grande do Sul para o ano de 1892, dada a relevância histórica desta correspondência. Este acabou não sendo o Hino oficialmente reconhecido, mas que a argumentação do autor parece convincente...