CARTÕES DE CIGARRO E CARTOFILIA

Cigarros Smith's em 1911 com o tema "Navegadores Ingleses". https://www.flickr.com/photos/44841559@N03/7089827619/in/photostream/

 

Tenho reproduzido cards aqui no blog com o objetivo de divulgar a relevância deste documento histórico/imagético para a análise historiográfica no campo das representações visuais. 

Uma matéria publicada no site https://www.historic-uk.com contribuiu para estabelecer a temporalidade dos eventos criadores da utilização de cards. No caso, os cartões anexados nas carteiras de cigarro e a cartofilia: https://www.historic-uk.com/CultureUK/Cigarette-Cards-Cartophily/

O texto foi escrito por Ben Johnson e alguns trechos foram reproduzidos a seguir:

"O hobby de colecionar cartelas de cigarro é conhecido como Cartofilia. Esses cartões foram originalmente distribuídos em maços de cigarros como um artifício de marketing, principalmente para incentivar as pessoas a comprar mais cigarros. No entanto, eles eventualmente evoluíram para livros de referência em miniatura com belas ilustrações e textos detalhados que capturavam instantâneos da história social da época.

As origens desses cartões remontam à década de 1880 na América, quando cartões em branco conhecidos como “reforços” foram colocados em pacotes de papel para endurecer a embalagem e proteger os cigarros de serem esmagados e dobrados. Pouco depois disso, alguma faísca brilhante teve a ideia de usar os cartões para fins publicitários, imprimindo neles imagens e palavras.

Em 1888, a WD& HO Wills tornou-se o primeiro fabricante britânico de cigarros a incluir cartões, novamente originalmente para fins publicitários; no entanto, em 1895, eles emitiram seu primeiro conjunto de interesse geral intitulado Ships & Soldiers. Isto sem dúvida representava o mercado-alvo do seu produto.

Numa época em que a maioria das pessoas comuns mal era alfabetizada, esses cartões coloridos lindamente produzidos rapidamente estabeleceram seguidores populares. Os cartões foram organizados em conjuntos, geralmente entre 25 e 50 cartões, apresentando um tópico ou tema comum e foram concebidos para serem recolhidos como um conjunto.

O conjunto WD& HOWills, Kings & Queens , lançado em 1897, foi o primeiro a ter pequenas notas no verso para fornecer algumas informações sobre o monarca em destaque.

Outros conjuntos iniciais incluem os dos cigarros John Player & Sons e Ogdens, que surgiram por volta de 1900. Os conjuntos subsequentes foram produzidos sobre assuntos tão diversos como armas, transporte, cavalos de corrida, esportistas, etc".

Ben Johnson ressalta que no início de 1900 haviam mais de trezentos fabricantes de cigarros que lançaram milhares de séries de cards disputando acirradamente o mercado de consumidores. Com a escassez de material durante a Primeira Guerra Mundial, os cartões desapareceram entre 1917-1922.  Com seu reaparecimento "os conjuntos emitidos ao longo das décadas de 1920 e 30 representaram a Idade de Ouro da coleção de cartões e cobriram quase todos os aspectos da natureza, transporte, esporte, etc".

A matéria mostra a dimensão deste colecionismo e a busca acirrada de mercado usando este objeto de desejo. Este é uma outra pesquisa, para além do conteúdo imagético e das representações vinculadas nos cartões: o impacto na aquisição de hábitos de consumo prejudiciais e até fatais à saúde, através do uso do colecionismo. Exemplo é crianças colecionando e já convivendo com a naturalidade em fumar. Há várias décadas já se tem conhecimento dos efeitos do tabaco no organismo. Ao mesmo tempo, observo o diferencial na construção do produto que é usar temáticas mundiais/culturais para vender o cigarro. 

Posteriormente, alguns anúncios buscam construir a imagem do próprio produto de forma sistemática e associá-lo a hábitos saudáveis. Como exemplo, os refrigerantes das linhas Coca-Cola e Pepsi-Cola (apenas exemplos clássicos de inúmeros outros) que buscam expressar jovialidade, segurança, sabor, sociabilidade etc. E também os cigarros, que esgotando o atrativo do colecionismo, precisam construir (com forte ajuda de filmes/atores dos estúdios cinematográficos) o hábito de associar o fumo de tabaco/cigarros com autoconfiança, prazer, satisfação, conquista, sucesso, discernimento, aceitação social etc. 

São outros momentos do consumo com recurso a outras estratégias de marketing.