Porto do Rio Grande em 1908

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quinta-feira, 27 de junho de 2024

A MARSEILLAISE

https://www.flickr.com/photos/44841559@N03/4239914623/in/dateposted/

 Série belga da Extrait de Viande Liebig de 1899 com a série Hinos Nacionais

Um aspecto que tem atraído a minha atenção para analisar estes cards são as representações do nacionalismo e patriotismo nas nações europeias do final do século XIX e duas primeiras décadas do século XX. É marcante a ênfase no poder militar naval e terrestre, no ufanismo dos antigos combates/batalhas e dos heróis nacionais, da valorização das culturas nacionais, na legitimação do colonialismo/imperialismo exercido por potenciais Ocidentais na Ásia e África (por vezes na América). 

Quem observar a evolução dos temas, constata que a eclosão da Primeira Guerra Mundial já estava construída nestes confrontos de construção imagética de cada nação buscar superar a outra. E esta análise se voltaria, numa opção metodológica pessoal, ao grande número de cards impressos pela Inglaterra/Império Britânico com temática de valorização bélica, do heroísmo dos combatentes e dos grandes personagens políticos ao longo da história. É um objeto paradigmático frente ao que já pude observar em mais de 20 mil cards.   

O card aqui reproduzido remete ao Hino Nacional da França, a Marseillaise que foi composta por Claude de Lisle em 1792 na luta contra os austríacos. Nascido junto a unidade do Exército em Marselha, no contexto da Revolução Francesa, o hino passou a ser utilizado pelos revolucionários e se difundiu pela França. Considerado radical, foi banido por governos como o de Napoleão e restituído por outros governantes. Somente em 1879 foi definitivamente considerado o Hino Nacional francês

O que diz a letra da Marseillaise para ter gerado tanta polêmica? Segue para avaliação pelos leitores:

Avante, filhos da Pátria
Allons, enfants de la Patrie
O dia da glória chegou
Le jour de gloire est arrivé
Contra nós, da tirania
Contre nous, de la tyrannie
O estandarte sangrento é hasteado
L'étendard sanglant est levé
O estandarte sangrento é hasteado
L'étendard sanglant est levé


Ouvis nos campos
Entendez-vous dans les campagnes
Rugirem estes ferozes soldados?
Mugir ces féroces soldats?
Eles chegam até vossos braços
Ils viennent jusque dans vos bras
Para degolar vossos filhos, vossos companheiros
Égorger vos fils, vos compagnes


Às armas, cidadãos
Aux armes, citoyens
Formem vossos batalhões
Formez vos bataillons
Marchem, marchem
Marchez, marchez
Que o sangue impuro
Qu'un sang impur
Regue os sulcos de nossa terra
Abreuve nos sillons


Amor sagrado pela Pátria
Amour sacré de la Patrie
Conduz, sustém-nos os braços vingativos
Conduis, soutiens nos bras vengeurs
Liberdade, Liberdade querida
Liberté, Liberté chérie
Combata com os teus defensores
Combats avec tes défenseurs
Combata com os teus defensores
Combats avec tes défenseurs


Sob as nossas bandeiras, que a vitória
Sous nos drapeaux, que la victoire
Ecoe com vozes viris
Accoure à tes mâles accents
Que teus inimigos que expiram
Que tes ennemis expirants
Vejam teu triunfo e nossa glória
Voient ton triomphe et notre gloire


Tremam, tiranos e pérfidos
Tremblez, tyrans, et vous, perfides
O opróbrio de todos os partidos
L'opprobre de tous les partis
Tremam, vossos projetos de parricídio
Tremblez, vos projets parricides
Finalmente receberão os seus prêmios
Vont enfin recevoir leurs prix
Finalmente receberão os seus prêmios
Vont enfin recevoir leurs prix


Somos todos soldados para vos combater
Tout est soldat pour vous combattre
Se tombam os nossos jovens heróis
S'ils tombent nos jeunes héros
A terra de novo os produz
La terre en produit de nouveaux
Contra vós, todos prontos a vos vencer
Contre vous tout prêts à se battre.


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