Porto do Rio Grande em 1908

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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A ARTE DE RODOLFO ZALLA

 


Rodolfo Zalla (1931-2016) é uma referência na arte dos quadrinhos no Brasil. Em 1963, este desenhista argentino se mudou para o Brasil. Escreveu histórias de terror, guerra, faroeste, Zorro (Editora Abril), adaptação de quadrinhos para livros didáticos e inúmeros outros trabalhos artísticos. Inclusive, seu material gerou livros ensinando as técnicas para ilustradores e desenhistas de hqs. Em 1981, a D-Arte (criada em 1967 com Eugênio Colonnese) se torna uma editora que se notabilizou nos quadrinhos lançando duas obras de referência: Calafrio e Mestres do Terror

A adaptação de um conto de terror/horror da literatura para os quadrinhos foi uma das modalidades que marcaram Zalla. Neste caso o francês Guy de Maupassant (1840-1893) e seu conto "A Mão Descarnada" recebeu a releitura com a narrativa escrita e narrativa gráfica. Os quadrinhos permitem levar ao leitor uma visão do cenário construído pictoricamente. A descrição de um espaço físico que poderia levar várias páginas em um livro, pode receber uma interpretação concisa do artista da narrativa gráfica que o converte para um ou dois quadros. 

Neste caso, fiz a leitura da Hq e fui ler o conto original de Maupassant. O espírito da mão assassina permanece, porém, os personagens e enredo foram extremamente modificados. A adaptação parece ter usado Maupassant como uma valorização para a Hq e não como um eixo narrativo. Constata-se da facilidade criativa em usar um referencial do conto, no caso a "mão", e construir uma narrativa com outros personagens e ritmo. 

Elementos mínimos da estrutura narrativa utilizada: um prólogo e um epílogo com o "momento filosófico" com a caveira sobre a dimensão sobrenatural da vida e a morte esconde seus motivos; cria-se um clima entre amigos (e no leitor) sobre um objeto surpresa; é feita a narração trágica fruto do objeto maldito; amigos alertam sobre o perigo e não serão escutados; a tragédia ocorre e a única pista é a história contada pelo orador que agora está morto; a morte desencadeia um clamor de que o sobrenatural deve ser respeitado. 

A arte de Rodolfo Zalla pode ser contemplada nesta história. 









Revista em que foi publicada a história desenhada por Rodolfo Zalla que também é o autor desta capa. Trata-se da Calafrio n. 3 no ano de 1981. 



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