Monumento-túmulo a Bento Gonçalves da Silva. Editor: CasaFoto, 1950. Acervo: Luiz Henrique Torres. |
O dia 20 de setembro é comemorado como o dia do gaúcho como uma referência ao início da Revolução Farroupilha em 20 de setembro de 1835.
Nesta data, tropas farroupilhas invadiram e controlaram Porto Alegre que era a capital do Rio Grande de São Pedro com o intuito de derrubarem o presidente da Província Fernandes Braga e conseguirem a indicação de um presidente favorável aos rio-grandenses. Braga fugiu pelo Guaíba/Lagoa dos Patos para Rio Grande, cidade que a partir de janeiro de 1836 passou a ser a capital do Império Brasileiro até a retomada de Porto Alegre pelos imperiais em junho de 1836.
A não aceitação pelo governo central da indicação do presidente levou a repressão do movimento e o início do movimento bélico que se estendeu até 1845.
Diga-se que os farroupilhas não se reconheciam como gaúchos e sim como cidadãos, rio-grandenses, continentinos etc. Na época, o termo gaúcho era associado a vagabundo dos campos e seria uma ofensa os farroupilhas se chamarem ou serem chamados por este termo pejorativo. A palavra recebeu releituras após a Revolução Farroupilha a partir da literatura que passou a associar os rio-grandenses ao espírito de liberdade dos "gaúchos-peões" retirando a carga de bandoleiros que viviam sem lei, sem rei e sem religião. A imprensa escrita ajudou na difusão da reconstrução conceitual do termo e os republicanos, passaram a utilizá-la como como símbolo da liberdade e resistência do morador do pampa. Na década de 1870 o gaúcho já é o habitante rio-grandense que comunga com os valores da vida rural do pampa ligado à criação do gado e da constelação de valores culturais gestados ao longo dos séculos de adaptações luso-brasileiro-açoriano ao meio físico e frente ao confronto com os castelhanos. Na década de 1890 a criação da associação tradicionalista "Grêmio Gaúcho" passa a sistematizar o resgate dos valores campeiros e sua relevância para compreensão do passado cultural e da construção de uma identidade regionalista: o gaúcho rio-grandense.
A história é uma construção em que os conceitos explicativos de uma época podem receber novos enfoques e interpretações pelas novas gerações. Visões, muitas vezes, distante das origens. Daí a importante da historicidade das palavras e dos processos, que nos possibilitam constatar da mutabilidade das palavras e significados ao longo do tempo.
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