Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

O BUSTO DO COMENDADOR RHEINGANTZ

    A historiadora Sandra Pesavento em sua Tese de Doutorado (A Burguesia Gaúcha: dominação do capital e disciplina do trabalho, 1889-1930. Porto Alegre: Mercado Livre, 1988, pp. 58-59) discorreu sobre a indústria no Rio Grande do Sul e, fiz um recorte do tema da Companhia Rheingantz e a questão da educação do operariado. 

    Reproduzo o trecho elucidador do tema: 

"Talvez o exemplo mais antigo que se tenha no Rio Grande do Sul de uma preocupação empresarial com a educação operária seja a da fábrica de tecidos Rheingantz, de Rio Grande, posteriormente chamada União Fabril.

Originariamente, a empresa oferecia uma aula que funcionava aos domingos para dar instrução aos meninos que nela trabalhavam. Em 1882, esta atividade foi ampliada para a formação de uma escola para os operários menores das oficinas do estabelecimento. As aulas eram obrigatórias e realizavam-se em 2 turnos que se revezavam, dedicando-se meio dia ao serviço da fábrica e meio dia aos trabalhos escolares. As aulas ocupavam uma sala do prédio da Sociedade de Socorros Mútuos, construído no terreno da fábrica de lã “com o saldo da caixa da mesma associação e o resto que foi aplicado para este fim, dos dinheiros da Caixa Econômica (Relatório da Rheingantz & Cia de 1886)”. Cabe salientar, portanto, que o prédio fora construído com os recursos dos próprios operários, e só a partir de 1897 é que a empresa chamou a si o edifício, proporcionando aos operários o uso gratuito do mesmo. Da mesma forma, despesas com professores e livros, bem como o aumento das salas de aula, ficavam por conta da fábrica.

A partir de 1896 a frequência à escola, que vinha aumentando proporcionalmente ao número de operários da empresa, apresentou um decréscimo, pois as aulas deixaram de ser obrigatórias. Nestas aulas, eram admitidos, ao lado dos meninos operários, os filhos pequenos dos empregados da fábrica, meninos e meninas menores de 12 anos. A escola alfabetizava as crianças e proporcionava também estudo aos próprios operários adultos que quisessem frequentá-la. Esta atividade da Companhia União Fabril na área da educação era considerada pela comunidade como meritória, e eram frequentes os elogios da Comissão Escolar do Município sobre o aproveitamento de seus alunos. O reconhecimento do operariado e, naturalmente, a eficácia dos mecanismos de dominação ideológica podem ser medidos pelo gesto dos operários, que em 1921 inauguraram um busto de bronze do comendador Carlos Guilherme Rheingantz, já falecido, diante do colégio da empresa".

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