A historiadora Sandra Pesavento em sua Tese de Doutorado (A Burguesia Gaúcha: dominação do capital e disciplina do trabalho, 1889-1930. Porto Alegre: Mercado Livre, 1988, pp. 58-59) discorreu sobre a indústria no Rio Grande do Sul e, fiz um recorte do tema da Companhia Rheingantz e a questão da educação do operariado.
Reproduzo o trecho elucidador do tema:
"Talvez
o exemplo mais antigo que se tenha no Rio Grande do Sul de uma preocupação empresarial
com a educação operária seja a da fábrica de tecidos Rheingantz, de Rio Grande,
posteriormente chamada União Fabril.
Originariamente,
a empresa oferecia uma aula que funcionava aos domingos para dar instrução aos meninos
que nela trabalhavam. Em 1882, esta atividade foi ampliada para a formação de
uma escola para os operários menores das oficinas do estabelecimento. As aulas
eram obrigatórias e realizavam-se em 2 turnos que se revezavam, dedicando-se
meio dia ao serviço da fábrica e meio dia aos trabalhos escolares. As aulas ocupavam
uma sala do prédio da Sociedade de Socorros Mútuos, construído no terreno da
fábrica de lã “com o saldo da caixa da mesma associação e o resto que foi aplicado para
este fim, dos dinheiros da Caixa Econômica (Relatório da Rheingantz & Cia
de 1886)”. Cabe salientar, portanto, que o prédio fora construído com os recursos
dos próprios operários, e só a partir de 1897 é que a empresa chamou a si o
edifício, proporcionando aos operários o uso gratuito do mesmo. Da mesma forma,
despesas com professores e livros, bem como o aumento das salas de aula,
ficavam por conta da fábrica.
A
partir de 1896 a frequência à escola, que vinha aumentando proporcionalmente ao
número de operários da empresa, apresentou um decréscimo, pois as aulas deixaram
de ser obrigatórias. Nestas aulas, eram admitidos, ao lado dos meninos
operários, os filhos pequenos dos empregados da fábrica, meninos e meninas
menores de 12 anos. A escola alfabetizava as crianças e proporcionava também estudo
aos próprios operários adultos que quisessem frequentá-la. Esta atividade da
Companhia União Fabril na área da educação era considerada pela comunidade como
meritória, e eram frequentes os elogios da Comissão Escolar do Município sobre
o aproveitamento de seus alunos. O reconhecimento do operariado e,
naturalmente, a eficácia dos mecanismos de dominação ideológica podem ser
medidos pelo gesto dos operários, que em 1921 inauguraram um busto de bronze do
comendador Carlos Guilherme Rheingantz, já falecido, diante do colégio da
empresa".
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