Hoje, dia 22 de dezembro de 2021, às 19 horas será realizada a audiência pública sobre um assunto que parece "corriqueiro": a Estação onshore (terrestre) de Recebimento, Armazenamento e Regaseificação de Gás Natural Liquefeito ou Rio Grande Gás Natural (RGGN).
A audiência, será realizada num dia de grande recepção pública (pé no Natal) e ainda em "modalidade remota" para evitar algum "calor da hora" na platéia.
Descobri que basta acessar http://ww3.fepam.rs.gov.br/audiencias_anteriores.asp uma hora antes da audiência para receber o link de participação.
Foi muito difícil obter esta informação! Há um silêncio sepulcral na mídia. Até a confirmação da data não encontrei em nenhum site noticioso, apenas, a página da FEPAM está mantendo a data.
Notícias anteriores em jornais são de grandiloquência frente ao empreendimento e suas importância para o Rio Grande do Sul. Quase o renascimento do Eldorado do Sul (Polo Naval) que deixou os resultados que conhecemos. Parece que o assunto ambiental ou impactos locais, na mídia, já nasceu morto frente a importância do empreendimento para geração de ICMS e impostos locais.
O Relatório de Impactos Ambientais (RIMA) explica tudo e resolve todas as questões. "No stress". Quem faz a leitura fica aliviado. Porém, não consegui ficar pois há uma década que leio sobre o assunto.
Mas quem da população do local do empreendimento tem a mínima noção do que está por vir?
Ou que esta audiência vai se realizar hoje?
Foi feito um trabalho de conscientização sobre o que é uma audiência pública de apresentação do RIMA?
Seria um papel louvável a ser desempenhado pela nossa Universidade.
Ler o RIMA traz muitas informações úteis, porém, o conteúdo está domesticado para positivar as inúmeras negatividades. Fazer uma leitura do RIMA criticamente já exige cruzar os dados com ampla bibliografia sobre impactos ambientais causados por empreendimentos desta natureza. Isto permite verificar as lacunas e o jogo de palavras ou omissões que buscam ficcionalizar um suposto final feliz.
Sabe a população que a capacidade desta Estação de Regaseificação é de gerar 3,7 bilhões de metros cúbicos de gás por ano?
O processo de regaseificação gera emissões atmosféricas de óxido de nitrogênio, monóxido de carbono, material particulado e óxido de enxofre?
Que a inalação de gás metano é muito perigoso (ou fatal) a saúde humana?
Que efluentes líquidos serão lançados no Canal do Rio Grande?
Que o manejo do gás metano exige um rigoroso controle e que o empreendimento está acompanhado em curta distância por terminais já instalados de combustíveis e amônia?
O comum é utilizar um navio de estocagem e regaseificação localizado distante da área urbana. Se vazar ou explodir, garantiria a segurança da população. Neste caso será construído em terra e numa distância irrisória da localidade da Mangueira e apenas a 3 km de áreas densamente povoadas em Rio Grande?
Que os alardeados 1.500 postos de trabalho (em apenas dois meses do pico da obra pois iniciará com menos de 100) são apenas na construção e que depois apenas 40 postos serão gerados?
Que os custos da conta de luz poderão ter uma eterna tarjeta de "bandeira vermelha" com acréscimos consideráveis no valor final da conta? Afinal, hoje é de domínio público o preço estratosférico do gás. E na Europa (notícia de hoje) a situação é ainda mais grave com o preço do gás em patamares muito altos?
É preciso recordar que a Estação é apenas a ponta do iceberg. Onde está a publicização do RIMA da Usina Termelétrica (que consumirá 45% deste gás) e do Gasoduto que será estendido até a grande Porto Alegre? Sem a trilogia o empreendimento não faz sentido.
"Por ser o Meio Ambiente um bem comum, ou seja, um recurso pertencente a toda população, é importante que as pessoas tenham conhecimento do processo e da potencial alteração do meio, a partir da implantação de um determinado empreendimento". Este trecho foi copiado do RIMA disponível no site da FEPAM-RS. Afirmação corretíssima, mas, volto a perguntar: quem em Rio Grande tem noção deste empreendimento?
Nenhum comentário:
Postar um comentário