Assistência aos militares franceses com tuberculose (década de 1910). Biblioteca Nacional da França. |
O esposo Luiz tinha que continuar com
sua rotina de trabalho que iniciava as 6h30 horas da manhã. A manutenção da
economia familiar dependia deste labor e um grande problema se impunha: o
tratamento era todo particular. Na falta de recursos foi necessário fazer
empréstimos para comprar as injeções e medicamentos. Mais um fantasma pairava
naquela atmosfera nebulosa e permeada pela doença: poder pagar o tratamento e suportá-lo.
Infelizmente, os custos afastavam muitas pessoas de ter acesso. Na falta de
recursos, as dívidas se somaram e adentraram o ano seguinte, mas, foi possível
adquirir os medicamentos, passo a passo, ao longo dos seis meses.
Nos momentos de mal estar muitas ideias passavam pela cabeça de Wali: como peguei esta doença? Fiz algo errado e como cheguei a isto?
Nestas horas, a trajetória de vida pode ser um fator explicativo. É uma doença infecto-contagiosa (propaga-se facilmente por tosse, espirro ou saliva ao falar) e é de evolução crônica (pode demorar alguns anos para surgirem os sintomas). Vai depender da imunidade de cada organismo para evitar a multiplicação da bactéria. As gotículas leves de saliva podem ficar horas no ar em ambientes fechados ou pouco ventilados.
Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose (Rio de Janeiro), 1922. http://www.ccs.saude.gov.br |
No caso da Wali, ela começou a se expor
a fatores de risco muito cedo. Entre 7 e 8 anos já ajudava nas atividades da
casa de seus pais. Havia uma casa comercial chamada de bodega onde
se vendia gêneros in natura a granel como farinha de trigo,
farinha de milho, feijão, arroz, banha de porco etc. Cigarro de palheiro e
tabaco não podia faltar. É claro que a bodega ou venda lotava
entre a tardinha e a noite com jogo de baralho, vinho e cachaça. Diversão
merecida e viciante após um dia de trabalho. Estava garantida uma cortina de
fumaça que emanava dos cigarros e dava um clima noir ao
ambiente: alegria das bactérias que poderiam se difundir nas gargalhadas que
preenchiam todos os espaços. Ambientes repletos de pessoas barulhentas
também fazem a felicidade atual do coronavírus...
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário