Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose (Rio de Janeiro), 1922. http://www.ccs.saude.gov.br |
Mas a dor ensina a suportabilidade da
dor... A sensação de que agulhas estão fincando continuamente as costas era tão
intensa que uma agulha penetrar a pele três vezes ao dia não era o pior
cenário...
O momento mágico da sobrevivência foi
desejado por gerações e agora era viável apesar dos sacrifícios da imolação da
dor e do medo em contagiar os familiares.
Diga-se que o medo permeou até os vínculos sanguíneos mais próximos que sumiram do horizonte durante longos meses...
O medo da tuberculose se tornou uma chaga estampada nos doentes. Se no século XIX era vista como uma doença até romântica em que os poetas exercitavam as dores do mundo e os presságios do passamento antes de expirarem, nas últimas décadas do século XIX a doença é associada com as classes populares e a pobreza. Isolar os doentes e temer a sua presença se torna a orientação principal.
Quadro Primavera de Sandro Botticelli. Acervo: Galeria Uffizi, Florença. |
O medo do contágio muitas vezes trouxe o
esquecimento do doente pelos demais integrantes do núcleo familiar não
residencial.
Henrique e Amanda, os pais, uma vez por semana percorriam uma longa distância e visitavam Wali (pelo lado de fora da porta...) e deixavam uma cesta com pão caseiro, cuca e frutas. Uma vizinha todos os dias ia até a janela perguntar como ela estava.
São momentos de alento que preenchem o espírito com alegria. A fraternidade é uma das mais belas expressões do gênero humano.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário