Porto do Rio Grande em 1908

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

UMA HISTÓRIA DO MAL DOS SÉCULOS V

 

Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose (Rio de Janeiro), 1922. http://www.ccs.saude.gov.br

Mas a dor ensina a suportabilidade da dor... A sensação de que agulhas estão fincando continuamente as costas era tão intensa que uma agulha penetrar a pele três vezes ao dia não era o pior cenário...

O momento mágico da sobrevivência foi desejado por gerações e agora era viável apesar dos sacrifícios da imolação da dor e do medo em contagiar os familiares.

Diga-se que o medo permeou até os vínculos sanguíneos mais próximos que sumiram do horizonte durante longos meses...

O medo da tuberculose se tornou uma chaga estampada nos doentes. Se no século XIX era vista como uma doença até romântica em que os poetas exercitavam as dores do mundo e os presságios do passamento antes de expirarem, nas últimas décadas do século XIX a doença é associada com as classes populares e a pobreza. Isolar os doentes e temer a sua presença se torna a orientação principal.

Quadro Primavera de Sandro Botticelli. Acervo: Galeria Uffizi, Florença.

O medo do contágio muitas vezes trouxe o esquecimento do doente pelos demais integrantes do núcleo familiar não residencial. 

Henrique e Amanda, os pais, uma vez por semana percorriam uma longa distância e visitavam Wali (pelo lado de fora da porta...) e deixavam uma cesta com pão caseiro, cuca e frutas. Uma vizinha todos os dias ia até a janela perguntar como ela estava.

São momentos de alento que preenchem o espírito com alegria. A fraternidade é uma das mais belas expressões do gênero humano. 

Continua...

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