Selo da passagem do Cometa Halley em 1986. Acervo: Luiz Henrique Torres. |
Livros foram lançados naquele ano e a curiosidade sobre os cometas chegou ao seu ponto máximo entre os leitores e público em geral.
Os Correios lançaram um selo comemorativo do "Retorno do Cometa Halley" o qual é reproduzido acima com o respectivo carimbo.
Se passou 35 anos desde a passagem do Halley. Se tivesse ocorrido um pouco antes do início da atual pandemia se poderia revisitar os tempos em que os cometas eram mensageiros de acontecimentos, muitas vezes trágicos. Recordo que uma peste que ocorria nas Missões Jesuítico-Guaranis do Paraguai, por volta de 1790, foi creditada por jesuítas a passagem funesta de um cometa que anunciara a peste que vingou.
A próxima vinda do Halley, que ocorre a cada 75-76 anos, será em julho de 2061. Ou seja, dentro de 40 anos.
O mundo terráqueo que ele encontrará talvez tenha pouco a ver com aquele de 1986. Nunca a superfície do planeta mudou tanto nos últimos milhares de anos de sua passagem. A população era de, 4,92 bilhões em 1986. Atualmente é de 7,67 bilhões. Em 2061, será de aproximadamente 10 bilhões.
A demanda por energia e alimentação irá esgotar ainda mais os recursos naturais. A poluição se intensificará numa sociedade de consumo em expansão. Os indicadores atuais do aquecimento do planeta, se não sofrerem modificações, intensificará eventos extremos de chuvas e secas, de aumento do nível dos oceanos e degelo do polo norte, de alteração na circulação atmosférica e bolhas de calor intensificadas.
Na era pré-industrial a concentração de dióxido de carbono ou CO2 era de 272 ppm (parte por milhão de moléculas no ar); em 1986 era de 346 ppm que era o limiar mínimo de segurança para não intensificar o efeito estufa; em 2021 é de 400 ppm. Este nível de CO2 é o mais alto dos últimos 3 milhões de anos (no Plioceno) quando, por fatores naturais, o planeta estava 3 a 4 graus acima da temperatura atual e os oceanos subiram até 15 metros.
Os tripulantes do cometa Halley, que devem fazer anotações de cada corpo celeste em que cruzam, terão muito a comentar sobre o que observarão desta bola azul flutuando no fundo escuro de um espaço sem fim. Ou como afirmou o astronauta da Apollo 11 Buzz Aldrin esta "brilhante joia no céu de veludo negro".
Nenhum comentário:
Postar um comentário