Porto do Rio Grande em 1908

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domingo, 29 de agosto de 2021

BALÃO NA GUERRA

 

Vista geral do teatro de guerra feita a vôo de pássaro pelo aeronauta americano o Sr. James Allen (1867). Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

Um primeiro capítulo da História da Força Aérea Brasileira recua ao ano de 1867 com o emprego de balões de observação na Guerra do Paraguai. 

O teatro de guerra onde os balões foram utilizados era crítico: se avistava as fortificações de Curuzu, Curupaity e Humaitá. As mais poderosas defesas do Paraguai estavam no caminho do deslocamento das tropas da Tríplice Aliança. 

Os balões de observação com fins bélicos começam a ser, gradativamente utilizados, desde o final do século XVIII na França. Na Guerra Civil Americana e na Guerra Franco-Prussiana estiveram presentes. 

Na América do Sul, o primeiro uso foi na guerra que envolveu o Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai (1864-1870). 

O General Marques de Caxias assumiu como Comandante em Chefe das forças brasileiras em outubro de 1866. Caxias defendeu o uso de um balão que propiciaria fazer o reconhecimento das fortificações inimigas: isto permitiria planejar e operar em terreno desconhecido. 

O primeiro balão aerostático foi construído no Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro pelo aeronauta francês Louis Desiré Doyen. Já em dezembro o balão chegou ao acampamento de Caxias em Tuiuti e foi pintado com verniz para entrar em operação. O verniz acabou danificando a seda do balão que foi perdido. 

O Brasil buscou outra alternativa de aquisição e conseguiu nos Estados Unidos. Os irmãos Allen, aeronautas, chegaram aos campos de Tuiuti em 31 de maio de 1867 trazendo dois balões. Apenas o menor dos dois conseguiu subir pois havia dificuldade com o suprimento de hidrogênio. Era preciso colocar zinco em ácido sulfúrico para produzir o hidrogênio no campo de batalha. 

Entre junho e setembro de 1867 o balão esteve em operação e tinha 8,5 metros de diâmetro e 17.000 pés cúbicos de gás, podendo levar duas pessoas. Ele era "cativo" pois ficava amarrados ao solo para evitar oscilações causadas pelo vento. Podia subir a trezentos metros ou mais. 

A reação dos paraguaios não foi muito simpática: atiravam contra o balão com tiros de canhão mas a altitude não permitia acertar. Para tentar escapar da observação queimavam palha seca para formar uma barreira de fumaça. Porém, não conseguiam se manter ocultos dos observadores no balão que analisavam a posição das tropas e o poder de fogo.    

O balão fez seu último vôo no final de setembro de 1867 e possibilitou a observação das posições e movimentos dos paraguaios.  

A espetacular imagem do balão mostra este complexo cenário em que ocorreram os confrontos mais sangrentos da Guerra: nas duas batalhas de Tuiuti morreram mais de dez mil soldados. 

Detalhe "Da vista geral...". 

Para saber mais: Lavenère-Wanderley, Nelson Freire. Os Balões de Observação na Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Cultural da Aeronáutica, 2017. 

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