A aparência de Nosferatu marcou o cinema de horror. |
Em “Nosferatu, uma Sinfonia de Horror” (“Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens”), o expressionismo alemão fundamenta a produção. O filme explora luz-escuridão, na contraposição entre luz (civilização e progresso) e escuridão (tradição e barbárie). A luz remete a civilização do capital em expansão e a escuridão é encarnada por Nosferatu e o atraso civilizatório e decadência aristocráticas.
Um dos personagens mais “eslavos” do cinema foi esta versão de Stoker com a direção de Friedrich William Murnau. Pesado, melancólico, com expressões faciais de desespero e um vampiro “esteticamente horrendo” lembrando um morto-vivo da cultura pagã. Murnau realiza um cinema experimental criando um mundo estranho, fantasmagórico e angustiante que repete a arte de viver na Alemanha pós-Primeira Guerra e seu estado de espírito torturado.
O filme é ambientado na cidade alemã de Bremen em 1838 (durante uma peste) e não em Londres. O filme não era preto e branco e sim tingido para produzir efeitos cromáticos (amarelo, azul, vermelho). A película de “Nosferatu” não desapareceu por muito pouco. A viúva de Stoker, Florence, ganhou em 1925 uma ação judicial para eliminação das cópias por não pagamento de direitos autorais. Após sua morte em 1937, cópias surgiram e foram reproduzidas chegando, felizmente, até o presente.
Nosferatu de viagem de navio até a Inglaterra. A tripulação foi dizimada. |
O filme arrasta o peso expressionista de uma Alemanha dilacerada pela derrota na Primeira Guerra e a grande crise econômica e social. O primeiro filme vampírico de porte artístico e que constituiu uma trilogia futura na direção de Herzog e na direção de John Malkovich (2000). Este último explorou a ideia de que o ator do filme de 1922, Max Scherek, seria de fato um vampiro interpretando Nosferatu. Ou seja, o filme de Murnau continua instigando novas produções criativas.
O vampiro foi destruído pelo Sol do amanhecer. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário