Fotografia da Rua da Ladeira em Rio Pardo, cerca de 1880. Acervo: https://www.riopardo.rs.gov.br |
Visito Rio Pardo desde criança, pois, minha avó paterna e vários parentes lá residiam/residem. Posteriormente, meus pais foram lá foram morar e as visitas se tornaram estadias.
Uma pacata cidade luso-açoriana-brasileira vivia um tempo quase imóvel para um viajante chegado de Santa Maria ou Porto Alegre.
A observação ingênua dos lugares, os transeuntes e falares, as expressões várias do dia-a-dia ficaram em minha memória ao longo destas viagens. O olhar sob Rio Pardo foi mudando ao longo do tempo, conforme os momentos psicossociais, e para além das aparências urbanas e das construções mentais, sobreviveu a curiosidade pelo modo-de-vida de populações em outros espaço-tempo espalhados na geografia desta cidade.
A atual decadência com o abandono e ruína de prédios e os sítios arqueológicos a céu aberto espalhados pela área urbana, demarcam ainda um passado do século XIX que persiste nas fachadas, pisos e azulejos. A história ainda está documentada nesta matéria arquitetônica.
A transitoriedade humana e das civilizações intriga o historiador! Nas experiências do passado, preservadas em documentos fragmentados, movimentam-se agentes sociais que a partir de análises e interpretações, são construídos intelectualmente frentes aos olhares do presente. Esta construção promove releituras das historicidades, realimenta trajetórias esquecidas em pedras tumulares, em ruas mascaradas pela urbanidade do passamento das décadas e no resgate dos registros existentes na documentação escrita.
Conviver com Rio Pardo e morar em Rio Grande, dois universos de um projeto luso-brasileiro, induz a fazer paralelos ou buscar aproximações de experiências históricas. Cidades que nasceram na disputa luso-espanhola e que demarcam projetos civilizatórios que originaram a sociedade rio-grandense do século XVIII. São espacialidades voltadas para as águas: do Rio Jacuí e do Rio Pardo; da Lagoa dos Patos e do Oceano Atlântico.
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