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Livro de Alfredo R. da Costa. Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, vol. 2, 1922. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
No ano de 1922, este era um dos "mais belos prédios" da cidade do Rio Grande!
Esta afirmação está no livro Rio Grande do Sul editado por Alfredo R. da Costa em referência ao número 77 da Rua Marechal Floriano.
Em 1922, o morador da casa era um "abastado capitalista" que possuía fazendas de criação de gado no município de Arroio Grande e também no Departamento de Rocha no Uruguai.
Porém, a protagonista da compra do imóvel foi a esposa do "abastado" Coronel Souza e Silva -"Amelia Escolástica Cardoso Terra e Silva"- (conforme Certidão de Registro de Imóveis da Comarca do Rio Grande). Amelia adquiriu de "Antônia Joaquina Vianna" em 31 de agosto de 1914.
O imóvel foi moradia (alugado?) do casal Oscar Felipe Rheingantz e Alayde Machado Lopes que contraíram núpcias em dezembro de 1903. Oscar faleceu em 1908 e Alayde, hipoteticamente, continuou morando no local até data ignorada (no máximo 1914?).
O palacete onde morou um dos empresários e políticos mais influentes da cidade, Oscar Rheingantz (irmão do comendador Carlos Guilherme Rheingantz) não foi mandado construir por ele em 1903!
Afinal, uma fotografia de 1889 já mostra o prédio no cenário urbano entre o Sobrado dos Azulejos (construído entre 1862-1864), o local onde nasceu o Almirante Tamandaré e o Sobrado Wigg (1870).
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Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Neste cartão-postal da Livraria Americana com data manuscrita de 1909 e edição de 1907, o palacete é retratado num período em que o casal Rheingantz era morador.
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Cartão-postal datado de 1909. Acervo: Leonardo Barbosa.
O cartão mostra um ângulo de relevância histórica deste trecho da Rua Marechal Floriano. A imagem foi obtida do meio da rua quase na esquina da Almirante Barroso.
No lado esquerdo do cartão temos na sequência: a Livraria Rio-Grandense de R. Strauch onde foram produzidos os primeiros cartões-postais brasileiros com carimbo de circulados (primeiro plano à esquerda em amarelo); o sobrado em que se hospedou D. Pedro II e o Conde D'Eu em 1865 (azul); o portentoso prédio da Wigg já na esquina com a Rua Coronel Sampaio (amarelo); o Palacete Rheingantz; na esquina da Francisco Marques o local onde nasceu o Almirante Tamandaré (casa branca atrás do bonde); e o Sobrado dos Azulejos (amarelo com azul no térreo). As cores são frutos do trabalho artístico aplicado ao cartão-postal e não necessariamente as cores reais! |
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Cartão-postal com o prédio em detalhe. |
Quem terá mandado construir o palacete e em que ano?
Antônia Joaquina Vianna é o nome onde os registros de propriedade do imóvel se esgotam. Terá sido proprietária por mais de 25 anos (1889-1914)? Recebeu de herança? Os Rheingantz nunca foram proprietários?
O imóvel foi adquirido em fevereiro de 1974 pelo Poder Legislativo Municipal do Rio Grande, para sediar a Câmara de Vereadores até a sua transferência para o "Palacete Poock".
A partir de 1985 passou a sediar o Centro Municipal de Cultura Inah Emil Martensen (CMC).
É um prédio muito especial em estilo eclético e com vários elementos greco-romanos que compõem os seus três volumes.
As funcionalidades residenciais e administrativas lhe asseguram uma historicidade rica em experiências sociais, políticas e culturais.
A sua localização próxima ao Porto Velho e na principal artéria urbana (Rua D. Pedro II/Marechal Floriano) o contextualiza num dos espaços mais relevantes da formação histórica da urbe.
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Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Avançar na compreensão do contexto e motivações para sua edificação ainda é um mistério que a pesquisa histórica poderá fazer avanços. O seu porão era uma senzala urbana? Certamente, adentraremos nos últimos anos do Império Brasileiro e surgirão informações de relevância para o conhecimento da história local.