Mamãe e Paulinha. |
Não sei o motivo, mas, me abandonaram num campo repleto de espinhos e marimbondos.
Longe de tudo para que não pudesse voltar para aquela casa que achei que era o meu lar. Sei que me queriam distante, porém, foi crueldade me colocar num local afastado de pessoas para morrer lentamente.
A água que tomava num pequeno açude não tinha um gosto bom e aqueles peixes pequenos que apareciam mortos era o que tinha para comer. Não era nada saudável e fiquei com problemas no estomago. São algumas das sequelas do abandono.
As abelhas que comia para matar a fome, acabavam picando minha língua ou minha garganta. Outros bichos peçonhentos completavam a minha dieta.
Toda tardinha, e isto faço até hoje, começo a caminhar rapidamente, pois, com a chegada da noite outros animais como as cobras e carnívoros, saíam para caçar e eu tinha que me defender ou correr...
Quando fui resgatada do inferno de Dante eu tinha tantos espinhos no pelo que era difícil até caminhar. O nome do espinho é amoroso e só quero distância de um amor tão obsessivo e patológico. Uma unha que cresceu demais entrou profundamente na minha pele e causou uma inflamação. Uma das patas mancava e assim me arrastei até o carro onde me ofereceram bolachas que foi o primeiro sinal de receptividade e cuidado.
Quando a porta do carro abriu eu pulei para dentro. Era a minha única chance de fuga, pois, meu tempo de vida era curto naquele lugar. Mais de uma centena de carrapatos estavam drenando o meu sangue ralo e desnutrido. Em pouco tempo seria apenas mais um objeto inanimado na paisagem do campo.
Cinco anos se passaram e graças aos cuidados da minha mãe e do meu pai hoje me sinto muito feliz. As memórias foram se apagando e as sequelas são quase contornáveis com os cuidados recebidos.
Contei esta história para demarcar o meu aniversário de renascimento e o meu agradecimento, especialmente, a minha mãe que busca de todas as formas tornar a minha existência segura e feliz.
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