Porto do Rio Grande em 1908

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sábado, 14 de novembro de 2020

TRANSILVÂNIA

 

Cartografia da Transilvânia no século XVIII. 

"Eu li que todas as superstições conhecidas no mundo estão reunidas na ferradura dos Cárpatos, como se fosse o centro de algum tipo de redemoinho imaginativo." Drácula, Stoker.

 A Transilvânia junto com a Moldávia e Valáquia formam a Romênia. O nome "Transilvânia", do latim para "a terra além da floresta", remonta a documentos do século IX e X. Ao escrever o romance “Drácula”, Bram Stoker projetou a Transilvânia associada ao sobrenatural e as superstições milenares de camponeses ignorantes. Especialmente, definiu o Conde Drácula como um vampiro de mais de meio milênio e símbolo do arcaico que define a região. De fato, Vlad Tepes III é um dos maiores heróis construtores da identidade nacional dos romenos e no tempo de escrita de “Drácula”, a Transilvânia estava sob controle do Império Austro-Húngaro sendo criado o estado da Romênia no final da Primeira Guerra Mundial.

 Elizabeth Miller (Caça ao vampiro na Transilvânia, 2005, http://www.ucs.mun.ca/~emiller/transylvania.html) ressalta que:

 “Ao contrário do pressuposto popular, esse estereótipo não começou com Stoker. A primeira referência a uma Transilvânia na literatura ocidental, em Péricles, de Shakespeare, não é nada lisonjeira: “O pobre transilvano está morto, deitando-se com pouca bagagem” (IV, ii).   Mas foi só no século XIX e na ascensão da ficção gótica que a região foi selecionada como um local adequado para criaturas sobrenaturais. Uma coleção de contos de Alexandre Dumas (père), Les Mille e um Fantomes (1849), inclui uma história sobre um vampiro que assombra os Cárpatos; em "The Mysterious Stranger" (anônimo, 1860), um conde de vampiros aterroriza uma família nessa área. O mais conhecido pode ser a aventura romântica de Júlio Verne, O Castelo dos Cárpatos (1892), em que o narrador cita a prevalência de crenças em uma série de criaturas sobrenaturais, incluindo vampiros que matam sua sede em sangue humano. Mas foi o Drácula de Stoker que estabeleceu firmemente a Transilvânia como uma terra de superstição e horror”.


          Miller também enfatiza que os estereótipos negativos estão presentes na literatura de viagem britânica, especialmente, em Stoker. A Transilvânia surge com rótulos depreciativos voltados aos limites da civilização, um lugar de medo, sombrio, assombrado e estranho aos ocidentais. Em “Drácula”, esta passagem define a experiência: “E depois para casa! Longe para o trem mais rápido e mais próximo! Longe deste lugar amaldiçoado, desta terra amaldiçoada, onde o diabo e seus filhos ainda andam com os pés da terra! ”.

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