Cartão-postal do Rio de Janeiro circulado em 15 de agosto de 1899.
https://www.ebay.com/itm/Brazil-Rio-de-Janeiro-Estatua-D-Pedro-04-99/264868253730?
Este é um dos cartões-postais que se enquadra na classificação dos mais antigos editados no Brasil. O carimbo remete a 15 de agosto de 1899.
Cartão-postal do Rio de Janeiro circulado em 15 de agosto de 1899 (verso).
https://www.ebay.com/itm/Brazil-Rio-de-Janeiro-Estatua-D-Pedro-04-99/264868253730?_
O tema tratado é uma fotografia da estátua equestre de D. Pedro I inaugurada em 1862 na Praça Tiradentes no Rio de Janeiro.
Este portentoso monumento foi projetado pelo escultor brasileiro João Maximiano Mafra e esculpido e fundido em bronze, em Paris, por Louis Rochet.
Para avançar no contexto de construção e na simbologia do monumento, reproduzo a seguir um trecho de artigo de Paulo Knauss:
"O conjunto escultórico inaugurado em 1862 na cidade do Rio de Janeiro marcou a história da escultura no Brasil. Não apenas por seu tamanho, materiais nobres e qualidades artísticas. A estátua equestre de d. Pedro I , também, abriu a era da escultura cívica de lógica monumental que mobilizava a sociedade em torno do culto da nação. A marca destas imagens é se caracterizarem, também, como representações do passado que afirmam leituras da história.
Importa destacar que há uma estrutura narrativa que define a composição geral sob a lógica do monumento. No caso da estátua de d. Pedro I, o conjunto é simétrico, de base quadrangular com aspecto octogonal devido aos cantos chanfrados. A composição escalonada se organiza a partir de um gradil de proteção, uma base de cantaria, um pedestal e a estátua, propriamente dita. O gradil de ferro compõe um octógono que cerca a escultura e traz em cada coluna, a inscrição de uma data que demarca os principais fatos da história da independência e da afirmação do Estado nacional; o pedestal em granito apresenta em cada um de suas faces laterais alegorias de bronze que representam os rios do país - Amazonas, Madeira, Paraná e São Francisco - associando a imagem de índios e animais esculpidos em bronze; no alto do pedestal, antes da estátua, contorna a peça os brasões das vinte províncias imperiais, e, finalmente, encimando o conjunto, a estátua equestre do imperador em trajes militares sem insígnias monárquicas, com um braço esticado que traz na mão um livro, que representa a primeira Constituição nacional, outorgada em 1824. Mesmo o livro sendo de proporções pequenas, chama atenção pelo fato de ser o único elemento fora do eixo principal da composição simétrica, destacando-se do conjunto. Na face principal, na cimalha do pedestal, abaixo da estátua, aparece um escudo com a inscrição D. Pedro I, gratidão dos brasileiros.
A estrutura narrativa da escultura monumental se evidencia ao relacionar tempo, espaço e sujeito da história, afirmando um enunciado-chave. O tempo da história aparece na cronologia inscrita no gradil; o espaço da história é tratado no pedestal pelas alegorias dos rios nacionais e pelos brasões das províncias imperiais; o sujeito da história e o produto de sua ação se inscrevem na estátua do imperador com a Constituição na mão. Há assim, claramente a demarcação do tempo, do espaço e do sujeito da história para contar a história da afirmação do Estado nacional, por meio da escultura. A chave de leitura da história se afirma, no entanto, pela inscrição do enunciado da gratidão, que explica a razão do culto da imagem e a lembrança do passado no presente. Explicita-se um certo uso do passado que afirma o caráter cívico da história e da arte, definindo a escultura monumental como imagem do civismo". KNAUSS, Paulo. A festa da imagem: a afirmação da escultura pública no Brasil do século XIX. 19&20, Rio de Janeiro, v. V, n. 4, out./dez. 2010. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/obras/pknauss.htm>.
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