Depois do devaneio memorialístico de ontem, voltemos a Rio Pardo.
Werndroth realizou uma vista da cidade do Rio Pardo a partir do lado direito do Rio Jacuí. Rio Pardo foi elevada a cidade em 1846 e consistia num importante centro comercial e portuário-fluvial. O transporte de mercadorias, o escoamento de derivados do gado e da produção colonial, além do deslocamento da população luso-açoriano-brasileira e de imigrantes alemães, era realizado pelo Porto de Rio Pardo. Wendroth assistiu a um período de opulência da cidade que perdurou até a Guerra do Paraguai. Entre 1862-1863 a localidade possuía cinco olarias, e uma destas estruturas para queima de tijolos utilizando carvão (carvão vegetal carbonizado) pode ser a que se observa no lado direito do Rio Jacuí (possivelmente, para evitar o excesso de fumaça na área urbana). O deslocamento da fumaça da olaria está no sentido do Rio Jacuí na direção de Porto Alegre.
O Jacuí, para a esquerda, conduz a Cachoeira do Sul. Também à esquerda estão várias embarcações na área que hoje constitui a Praia dos Ingazeiros. As embarcações estão atracadas junto ao Rio Pardo que se encontra com o Jacuí neste local.
Um vapor com a bandeira do Império está chegando ao porto e outro navio também irá atracar. Do mesmo lado se observa, na península ladeada pelos dois rios, uma fortificação militar (não identificada nas fontes) e outros prédios em área hoje coberta por mata nativa. Possivelmente, para esta fortificação, foi enviado um batalhão da Legião Alemã após a vitória sobre Rosas. O 15° Batalhão de Infantaria Prussiana ficou em Rio Pardo entre 1852-1854.
As construções em aclive junto ao porto eram constituídas, em sua maioria, de estabelecimentos comerciais, de cuja imagem de 1852, hoje só restaram algumas ruínas. Destaca-se no cenário a praça central onde ocorria a comercialização de mercadorias, produtos coloniais e a circulação/venda de gado.
No centro da imagem, o prédio de maior dimensão é a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário construída em 1789 e reproduzida, corretamente em relação as suas dimensões avantajadas, sem qualquer critério de verossimilhança arquitetônica com a real. Em sua frente está uma praça e à esquerda da fachada da Igreja (não visível) está a primeira rua calçada no Rio Grande do Sul: a Rua da Ladeira.
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