Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

terça-feira, 20 de outubro de 2020

A ALMA QUE CAIU DO CORPO - HQ

 

TORAL, André. A Alma que Caiu do Corpo. São Paulo: Veneta, 24,6 x 17,6cm, capa dura, p&b, p 104, 2020.



Resenha da Editora Veneta:
"Na forma de histórias em quadrinhos, André Toral traça um painel sobre o contato, quase sempre violento, entre brancos e indígenas ao longo da história do Brasil, desde o século XVII até os dias atuais, e resgata as soluções de sobrevivência encontradas pelos povos originários. Aqui, eles não são as vítimas ou perdedores, mas sujeitos e protagonistas de suas próprias histórias, algumas vezes narradas em primeira pessoa".

Estou com quatro HQs de André Toral para fazer a leitura. Talvez tenha começado pela escolha errada. 
Ao ler a resenha priorizei a leitura de "A Alma que Caiu do Corpo" pelo enfoque nos povos indígenas brasileiros. Por sua condição de testemunha ocular de trabalhar com povos indígenas por mais de 20 anos criei uma forte expectativa. 
São nove histórias, entre curtas demais e outras longas, escritas entre 1991 e 2010 e compiladas nesta publicação da Veneta. 
 

Objetivamente: a narrativa visual considero fragilizada em termos artísticos, mais parecendo esboços que dificultam carregar ao leitor para os cenários relatados. A narrativa escrita traz historicidades do Brasil Colonial até os tempos recentes, o que contempla a noção de temporalidade e cultura indígena. Porém, a forma de expressão dos atores e do roteirista que fala em primeira pessoa, traz o linguajar vulgar e palavrões contemporâneos para o passado. No meu ponto de vista, uma visita ao passado deveria manter uma base que leve o leitor a um tempo diferenciado do presente. Nesta diferenciação estética, de vestimentas, de técnicas, é essencial, um respeito "aproximado" com a linguagem do passado. 

Ao contextualizar populações indígenas esta transposição linguística de nossos referenciais e gírias para povos tão diferenciados acaba tornando a narrativa rasa e afasta o olhar dos pertinentes e essenciais relatos que o autor traz sobre xamanismo, rituais religiosos, curas e magia indígena. 

Como já disse, a resenha me atraiu muito, mas, o formato de realização não contemplou as minhas expectativas. 

Agora vou rumar para a obra sobre a Guerra do Paraguai escrita por Toral. Li as primeiras quatro páginas e gostei muito da construção inicial. Boas expectativas! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário