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Fotografias: Luiz Henrique Torres (2006).
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Esta é a Lagoa das Noivas na Ilha dos Marinheiros!
O que não falta é água. Abundante e límpida.
No ano de 2006, fiz algumas fotografias que mostraram algo muito diferente e se não visse, teria dificuldade em acreditar. A Lagoa estava seca!
A grande estiagem de 2005-2006 deixou muitos prejuízos para o Rio Grande do Sul e fez a água da Lagoa das Noivas evaporar.
Neste local viviam várias espécies de peixes, de moluscos etc. Os peixes que os moradores não recolheram quando a água baixou e começou a faltar oxigênio, foi devorado pelos predadores e pelos gaviões.
Presenciei gaviões vasculhando em busca de algum caramujo que tenha sobrevivido enterrado no resto de lodo.Também vi esqueletos de peixes.
Em 2004 estive com meu pai numa atividade recreativa de pescaria na Lagoa. Foi sua última pescaria pois faleceu no ano seguinte. A memória que ficou foi muito boa pela parceria e pelas traíras e jundiás de tamanho considerável que esticavam as linhas durante a noite. Como ele sofreu um AVC, com apenas uma mão ele recolhia a linha num exercício de esforço e busca de superação. Um velho pescador não se entrega sem muita luta...
A Ilha dos Marinheiros e a Lagoa das Noivas são muito especiais.
Estou dentro da Lagoa e vendo ao fundo a margem num ponto em que a profundidade era de cerca de 1 metro e 70 centímetros. Como sei disto? Já caminhei neste trecho com água na altura da boca.
O Chão ressecado começou a receber uma camada de vegetação. A vegetação aquática que morreu está sendo substituída por vegetação terrestre num solo com boa adubação. A natureza vai buscando outros caminhos para aflorar. Quando a chuva retornar de forma abundante o ciclo será o de recompor a paisagem natural da lagoa interna da Ilha.
Outra área com maior umidade em que a vegetação está aflorando com vigor.
Observei centenas de conchas de moluscos pelo solo. Os gaviões caramujeiros tiveram ceias fartas.
Com o retorno das chuvas, nos meses e anos seguintes, a Lagoa das Noivas foi se reconstruindo.
As águas foram o milagre para retornar o povoamento por plantas aquáticas, plâncton, peixes, moluscos, cobras d'água etc. Quem sabe até algum mamífero como o ratão do banhado ou uma lontra viesse povoar o local?
Observamos a fragilidade e a dependência dos seres vivos a necessidade de água. Sua ausência pode trazer a aridez e a extinção. Sua presença possibilita a diversidade de espécies e a opulência das formas vivas para se perpetuarem.
E este equilíbrio propiciador da vida depende em última instância do clima. E dos seres humanos...
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