Joe R. Lansdale. Deadwood Dick (Panini Brasil, vol. 1, 30,5x 22,4, capa dura, p. 144, 2019, leitura adulta).
Li esta resenha e fui conferir a HQ: "Nat Love, também conhecido como Deadwood Dick, se alista entre os soldados afro-americanos do Nono Regimento de Cavalaria do Exército americano para escapar de um linchamento. Ele aprende a domar cavalos, a suportar a vida no quartel, e também a caçar os índios rebeldes, até que, nos territórios selvagens das pradarias, acaba cara a cara com os apaches".
A HQ foi produzida a partir de um conto do escrito texano Joe R. Lansdale e com roteiro adaptado por Michele Masiero e arte de Corrado Mastantuono. O formato e a qualidade gráfica são um destaque a parte.
Lansdale se baseou num personagem real Nat Love (1854-1921) que foi um caubói negro que escreveu memórias e aventuras que viveu nos Estados Unidos num estilo literário dime novel. A lenda e a realidade são fronteiras tênues e por vezes abruptas nas vivências deste caubói negro. O estilo da escrita, na HQ, remete a irreverência, ironia, temas picantes e a um velho oeste "feio, sujo e malvado".
A narrativa estabelece um diálogo, muitas vezes, direto com o leitor buscando a interação na trama com temas como racismo mas sempre mantendo um ritmo lúdico no fluxo dos eventos ou das falas. Especialmente, coloca os personagens negros como o centro da história e persegue a busca de suas perspectivas para explicar os acontecimentos ocorridos pouco tempo depois do final da Guerra da Secessão e da escravidão.
Leitura fluida, um misto de realidade e fantasia, que busca trazer as vozes silenciosas para o comando do enredo, enfatizando o papel dos buffalo soldiers (soldados negros na Cavalaria Americana).
Os escritos analíticos que acompanham estas HQs sempre trazem elementos para reflexão. O autor Joe Landsdale foi entrevistado e contou que quando tentou vender as histórias de Deadwood Dick nos anos 1980 recebia sempre a mesma resposta dos editores: "Os negros não leem e os brancos não estão interessados em ler histórias sobre negros". Atualmente, a receptividade destas histórias vivem outro momento histórico. Tanto que a a HQ Deadwood Dick já chegou ao volume 3. Que tenha longa vida e que continue sendo um veículo de reflexões.
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