Vamos fazer um exercício aproximado e hipotético do nível de violência do Rio Grande do Sul há 160 anos atrás e comparar com o ano de 2019 (o mais próximo do presente que possui dados completos).
Muitas vezes pensamos o passado como um espaço da violência ou o espaço de uma vida mais segura. Estes dados brutos obtidos em Eleutério de Camargo (1868) são apenas uma aproximação
quantitativa para investigarmos o tema.
Camargo aponta que no ano de 1859 a Província do Rio Grande do Sul tinha 222.819 habitantes e que ocorreram 31 homicídios (basicamente a média do período de 1849-1860).
Em 2019, o Estado do Rio Grande do Sul tem uma população de aproximadamente 11 milhões e quatrocentos mil habitantes e teve 1.793 homicídios (o menor índice em dez anos, pois, em 2017 foram 2.959).
Salta aos olhos os 31 contra os 1.793. Porém, a população em 1859 era 51,16 vezes menor do que a atual. Se multiplicarmos 31 homicídios por 51,16 obteremos: 1.581, ou seja, na proporção da população, os índices de homicídio nos anos de 1859 e 2019 são muitos próximos. Se pegássemos o ano de 2017, daí sim, os homicídios seriam quase o dobro de 1859.
Fique claro que não se fez qualquer comparação sobre o perfil das vítimas pois teria de se buscar outras fontes. É apenas um dado bruto para refletir o imaginário: se, no presente, nos assustamos com os números da violência, no passado, estes números eram muito próximos.
*Num estudo das percepções da morte, teríamos de levar em consideração que as chances da população masculina morrer nos conflitos platinos era real; que as condições médico higienistas eram precárias; que a expectativa de vida pela falta de medicamentos é baixa; que a epidemia de cólera em 1855 matou cerca de 10% da população de Porto Alegre etc. Ou seja, haviam muitos medos e perigos rondando os habitantes daquela época, além dos homicídios.
Taxa de homicídios no RS nos últimos 10 anos — Foto: Secretaria de Segurança Pública-RS. |
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