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sexta-feira, 31 de julho de 2020

A MORTE DE STÁLIN - HQ


      NURY, Fabien; ROBIN, Thierry; AUREYERE, Lorien. A Morte de Stálin. São Paulo: Editora Três Estrelas, capa dura/couch30,8 x 23,4 152, 2015.

"A Morte de Stálin é uma referência para os fãs de Quadrinhos e para os que são fascinados pela noção de Verdade à maneira soviética". Le Monde. 

    Esta HQ se debruçou sobre a transição do poder na União Soviética com a morte de Josef Stálin em fevereiro de 1953. As lutas pelo poder e o início das denúncias das perseguições do período stalinista tiveram início imediatamente ao falecimento. Estes bastidores são abordados- entre elementos reais e ficcionais-, por Fabien Nury (roteirista), Thierry Robin (roteirista e ilustrador) e Lorien Aureyre (colorização) em

    O historiador francês Jean-Jacques Marie escreveu no posfácio da HQ: "Os quadrinhos se permitem, tomar liberdades em relação à História. Eles a recompõem para revelar a sua essência profunda. Neles, o importante não é a exatidão dos fatos, mas a autenticidade do olhar. A caricatura dos Quadrinhos fornece uma imagem da realidade profunda que por vezes é mais precisa que quilômetros de páginas de artigos, relatórios diplomáticos e até mesmo obras de historiadores, não raro submissos às modas políticas". O potencial comunicativo dos Quadrinhos se evidenciou na abordagem deste tema difícil e cercado em segredos de Estado, pois quem sabia muito, não vivia tanto tempo para poder contar. 

    Além de Stálin, o epicentro do romance gráfico é Béria, Comissário de Assuntos Internos o temido serviço secreto (NKVD). Sua trajetória truculenta sintetiza uma vertente da paranoia deste período.     

   Jean-Jacques Marie afirma, remetendo novamente a linguagem dos Quadrinhos que eles permitem reconstituir "a atmosfera recorrendo aos múltiplos procedimentos da hipérbole: carregam nas tintas, juntam o factual, o verossímil, o imaginário e o simbólico, recortando determinados fatos no tempo, comprimindo as fases de seu desenvolvimento ou transferindo um acontecimento de um registro para outro a fim de traçar uma imagem que muitas vezes é mais verídica que a verdade dos fatos" (p. 125). 

    Abordagens de processos históricos, são um dos eixos produtivos a serem investigados nas HQs: possibilitam uma primeira incursão aos acontecimentos, conjunturas, ideologias e processos, que deverão ser aprofundados com leituras especializadas. Em sala de aula são um ótimo recurso para o avanço das reflexões. E no calor desta discussão, será a hora da HQ também receber a devida crítica. 
NURY & ROBIN. A Morte de Stálin, Três Estrelas, 2015. 

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