Campos na região do Taim. https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/TAIM.JPG |
O primeiro registro em livro da chuva torrencial que caiu no Taim em 1878 foi publicada por José Arthur Montenegro: Notas para a Carta Geográfica do Rio Grande do Sul. Rio Grande: Livraria Americana, 1895.
A seguir, é reproduzida a descrição de Montenegro para o fenômeno que provocou a morte de dez pessoas e a extinção do Arroio Taim:
"Em 14 de novembro de 1878, uma chuva torrencial, verdadeira avalanche, desabou sobre o distrito do Taim, no município do Rio Grande; as águas das Lagoas Flores e Caiuvá cresceram de maneira descomunal, atingindo em poucas horas a 4 metros acima do nível ordinário, ligando-as em alguns pontos com a Mirim e cobrindo quase todo o terreno elevado que as divide.
Algumas famílias moradoras das proximidades foram vítimas da inundação, entre elas a do cidadão José Fernandes Cardoso, composta de esposa e 8 filhos menores, que foi colhida pelas águas e desapareceu na voragem.
Grande quantidade de gado vacum, cavalar e lanígero foi arrastada pelo turbilhão, que rolava campo a fora com medonha violência, destruindo, arrancando, arrasando tudo que se encontrava em sua passagem devastadora.
Cessando a chuva na madrugada de 15, violento S.O. começou a represar as águas das lagoas, cujo nível no entanto baixou rapidamente sob a ação combinada do sol e do vento; no dia 18 grande quantidade de areia, vasa e troncos de árvores, arrastados pela corrente, já obstruída a entrada do escoadouro que dava origem ao arroio propriamente dito, que desde esse dia não foi mais alimentado pelos dois lagos.
A ação dos ventos sobre os vastos areais que cobrem grande parte daquela região obstruiu totalmente o leito do arroio em pouco menos de 8 anos e hoje as próprias árvores que cresciam ao longo do antigo curso estão cobertas pelos cômoros ali formados, alguns dos quais atingem a 16 metros de altura".
Nenhum comentário:
Postar um comentário