Porto do Rio Grande em 1908

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segunda-feira, 6 de abril de 2020

O CARVÃO EM 1889 E O AQUECIMENTO GLOBAL EM 2020

O Trabalho Nacional ,28 de outubro de 1889. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 


     Esta matéria do jornal O Trabalho Nacional da cidade do Rio Grande é de uma atualidade dramática. Recomendo a sua leitura pois a considero uma viagem assustadora até o século XIX e suas perspectivas de crescimento das técnicas e da supremacia do homem impondo o controle da natureza através da expansão industrial. 
   No período do crescente otimismo burguês da segunda metade do século XIX, a perspectiva do crescimento econômico passava pela utilização das máquinas que garantiam a geração de empregos e renda para os operários, além do lucro para os empresários. Os problemas ambientais eram ignorados nos cálculos otimistas do avanço no consumo do carvão mineral. Se sabia que o custo humano para sua exploração era devastador, sendo utilizados crianças e adultos, que de forma insalubre buscavam sua subsistência. Porém, o impacto no clima seria um exercício de ficção científica. 

    Nesta edição do dia 28 de outubro de 1889 o articulista realizou um didático cálculo sobre o consumo de carvão e chegou a cálculos de que a extração de carvão chegava a 11 milhões de toneladas por ano. Valor extraordinário para a época. 
    Passados cerca de 120 anos desta matéria jornalistica o consumo de carvão é de cerca de 5,5 bilhões de toneladas por ano. Se os números do consumo já deslumbravam o articulista, imagine estes novos números que são cerca de 500 vezes maiores do que os do ano de 1889. E o cenário não é ainda pior na exploração e consumo do carvão pois outras fontes de energia são utilizadas como é o caso do petróleo (também extremamente poluente...), gás, eólicos, hidroelétricas, solar, bio-diesel etc. 
     Atualmente se sabe que os efeitos da queima do carvão são negativos para a qualidade do ar e para o aumento das emissões de gás carbônico. Até 2013, a demanda mundial por carvão continuava a subir num ritmo de 4% ao ano (com previsão de queda nos próximos anos) e 41% da energia elétrica ainda era obtida com a queima de carvão (2014). Um grande problema tem sido o aumento do consumo de carvão por países asiáticos (especialmente no sul e sudeste da Ásia) que em termos mundiais passaram de 46% (no ano 2000) para 73% (em 2015). Conforme https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/consumo-de-carvao-no-planeta-deve-cair-ate-2021-diz-agencia-20630336.
    A associação entre emissões de gases como as produzidas pela queima do carvão e pelos combustíveis fósseis, cada vez mais são associadas ao fenômeno do "aquecimento global". O crescente processo industrial está exaurindo recursos naturais, promovendo a poluição de ecossistemas terrestres e oceânicos, promovendo a alteração no equilíbrio climático.

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