A imprensa crítico-satírica não resistia em ironizar práticas políticas e sociais tidas como indispensáveis para o convívio em sociedade. Entre os monumentos a serem cultuados em sociedade estava o casamento.
Diga-se que o autor destes traços, ácidos, o artista Amorim, tinha se casado a poucos meses mas preferiu não se auto-imolar com caricaturas de seu consórcio nupcial. Se houvesse outro jornal caricato concorrente, não seria justíssimo jogar um pouco de pó-de-mico em Amorim?
A referência desta caricatura é de que São João também era milagreiro (disputava a titularidade com Santo Antônio) pois conseguiu que até um personagem que devia ser "folclórico" na cidade, um tal de Carôlo do Hotel São João, encontra-se uma "vítima" para casar e diga-se: era um chinelo novo.
A "pegação de pé" não era fácil e a colocação de apelidos, numa cidade (centro urbano) onde viviam menos de vinte mil pessoas, torna as coisas mais coloquiais com a exposição alheia muito mais apelativa.
Não foram poucas vezes que fiz leituras em jornais do século XIX, de um periódico estar se divertindo com a desgraça do outro, informando que tal editor foi espancado na rua por alguém que não gostou de ser citado ou de ocorrer a invasão da própria tipografia do jornal para fazer um quebra-quebra. Nos anos seguintes, os jornais sentiriam esta insegurança, pois, a luta política pelo poder provoca uma guerra civil no Rio Grande do Sul e o empastelamento vai ocorrer com frequência.
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| Bisturi, 29 de junho de 1890. Acervi: Biblioteca Rio-Grandense. |
De mal gosto! Na mesma edição, o Bisturi não resistiu em fazer referência a esta cena trágica de um suicídio ocorrido em São José do Norte no dia posterior a realização do casamento. A crítica do periódico foi duplamente satisfeita: fez a associação entre o casamento com uma forca; o evento real do casamento seguido de um enforcamento.
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