A história da
telefonia no Rio Grande do Sul remete a década de 1880. Rio Grande acompanhou
este processo desde os primórdios e parte desta história foi relatada no livro “Impressões
do Brazil no Século XX” (1913).
“Companhia
Telefônica Rio-Grandense - O
serviço de comunicações telefônicas no estado do Rio Grande do Sul foi iniciado
pela Empresa Industrial Construtora do Rio Grande do Sul, proprietária dos
centros telefônicos estabelecidos nas cidades de Pelotas, Rio Grande e Porto
Alegre, e bem assim dos privilégios concedidos pelas extintas Câmaras
Municipais das três cidades, constantes dos contratos que adquiriu. O da cidade
de Porto Alegre é datado de 8 de março de 1884 e o da do Rio Grande de 27 de
maio de 1885, ambos por 15 anos; e o da de Pelotas é datado de 13 de outubro de
1886, por dez anos. Todos esses privilégios foram aprovados pela Assembleia
Legislativa da antiga província.
Para comprar o acervo daquela empresa, organizou-se
em Pelotas, a 24 de maio de 1895, uma sociedade anônima de responsabilidade
limitada, sob a denominação de Empresa União Telefônica, com o capital de Rs.
500:000$000, que foi, mais tarde, elevado a Rs. 600:000$000. Esta sociedade
continuou explorando, sem concorrentes, os serviços de sua antecessora nas três
cidades acima mencionadas, até que, tendo já há muito expirado o prazo do
privilégio que possuía o coronel Juan Ganzo Fernandez, proprietário de diversos
centros telefônicos em várias localidades do estado, obteve em 1906, da
Intendência Municipal de Pelotas e da de Rio Grande, concessões para instalar
centros telefônicos nessas duas localidades.
Estabelecidos tais centros e após um ano de
funcionamento, solicitou a Sociedade concessão para instalar um novo centro na
capital do estado. Havendo o coronel Antônio Ganzo Fernandez, para continuação
desse e outros negócios, organizado a firma Ganzo, Durruty & Cia., iniciou,
em 1908, as obras do centro telefônico de Porto Alegre, para as quais, no ano
anterior, obtivera concessão do governo desse município.
Em maio desse ano, incorporou-se à mesma
firma a Companhia Telefônica Rio-Grandense, que em 15 do mês seguinte ficou
definitivamente instalada, e tomou a si todos os negócios da seção de telefones
pertencentes à Ganzo, Durruty & Cia. O capital da nova companhia, em seu
início, era de Rs.1.100:000$000, quantia que, em virtude de resolução da assembleia
geral realizada em 15 de abril do corrente ano, foi aumentada para Rs.
1.300:000$000.
Para fazer face às despesas resultantes do
acréscimo de suas instalações primitivas, contraiu ela um empréstimo de Rs.
500:000$000, em obrigações ao portador, ao juro de 8%. Tendo posteriormente
feito aquisição da Empresa União Telefônica, emitiu um segundo empréstimo de Rs.
800:000$000 nas condições do precedente.
Com a realização dessa compra, está a
Companhia Telefônica Rio-Grandense unificando o serviço nas localidades em que
existem dois centros telefônicos, de forma que, presentemente (em 1913), estão
funcionando os seguintes, de acordo com diversos privilégios e concessões
municipais: Porto Alegre, Pedras Bancas, Barra do Ribeiro, Itapoã, Belém,
Tristeza, Canoas, Pelotas, Piratini, Monte Bonito, Cascata, Capão do Leão, Rio
Grande, Povo Novo, Quinta, Ilha dos Marinheiros, Ilha do Leonídio, Cassino, São
Leopoldo, Retiro, Nova Hamburgo, Santa Cruz, Vila Tereza, Rio Pardinho, Ferraz,
São João do Montenegro, São Sebastião do Caí e São Lourenço.
Também de conformidade com as concessões que
lhe foram dadas pelo governo do estado do Rio Grande do Sul, fez a companhia
construir e estão funcionando as seguintes linhas intermunicipais: Porto Alegre
e São Leopoldo, 6 linhas, 33 quilômetros cada uma; Porto Alegre a Canoas, 2
linhas, 14 quilômetros cada uma; São Leopoldo a Caí e Montenegro, 2 linhas, 44
quilômetros cada uma; Pelotas a Rio Grande, 10 linhas, 65 quilômetros cada uma;
Pelotas a Piratini, 1 linha, 63 quilômetros; Pelotas a São Lourenço, 5 linhas,
90 quilômetros cada uma; Santa Cruz a Venâncio Aires, 1 linha, 40 quilômetros;
Santa Cruz a Poço do Sobrado, 1 linha, 20 quilômetros; Pelotas a Capão do Leão,
4 linhas, 17 quilômetros cada uma.
O centro de Porto Alegre, a subestação de
Navegantes, nesta cidade, e os de Pelotas, Rio Grande, São Sebastião e Monte
Bonito estão instalados em prédios da companhia, tendo sido o primeiro deles
especialmente construído para esse fim e os demais convenientemente adaptados à
natureza de tal serviço.
Na central que a companhia possui em Porto
Alegre, funciona uma mesa múltipla, Siemens & Halske, de bateria central,
com capacidade para 10.000 assinantes. Existe um distribuidor primário, de
ferro, também para 10.000 subscritores; 2 baterias de 12 acumuladores cada uma;
e diversos dínamos, funcionando junto a motores, para carregar baterias e produção
de luz.
Desta central, partem 25 cabos subterrâneos,
os quais, por sua vez, na área da cidade em que a população é mais densa e em
lugares mais adequados, se subdividem em outros, numa extensão de 42
quilômetros.
Na central de Pelotas, funciona uma mesa
Siemens & Halske, a indutor múltiplo, de linhas duplas, para 1.600
subscritores e com capacidade para 3.000 linhas; na do Rio Grande, uma mesa
Siemens & Halske, a indutor múltiplo, de linhas duplas, para 1.200
subscritores, com capacidade para 2.000 linhas; nas de São Lourenço, Santa
Cruz, Montenegro, São Leopoldo, Ilha dos Marinheiros e Nova Hamburgo, mesas
Standart, de 100 linhas duplas; nas do Capão do Leão, Monte Bonito e Povo Novo,
mesas Standart, de 50 linhas; nas de Quinta e Cassino, mesas de 30 linhas; nas
de Tristeza, Belém e Canoas, mesas de 25 linhas; nas de Vila Tereza e Barra do
Ribeiro, comutadores de 20 linhas; nas de Itapoã e Cascata, comutadores de 12
linhas; nas de Rio Pardinho e Ferraz, comutadores de 10 linhas.
A companhia, em sua maior parte, usa os
aparelhos J. Berliner, de Hanover; L. M. Ericson & Co., de Estocolmo;
Western Electric Co. e Kellog Switchboard & Supply Co., de Chicago”.
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