VINHOS DA CAMPANHA GAÚCHA

Vinícola Guatambu. https://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/11/74/1e/c6/vinhedos-e-placas-solares.jpg

         A cidade do Rio Grande faz parte da história da vinicultura no Rio Grande do Sul. A produção de vinho teve início com as cepas de uva Isabel trazidas pelo empresário Thomás Messiter dos Estados Unidos em 1862 e que foram plantadas na Ilha dos Marinheiros gerando considerável produção por longas décadas (e ainda produz vinho artesanal). 

      Algumas décadas após a chegada dos imigrantes italianos na Serra Gaúcha começou a ser feita uma associação direta (ou senso comum) entre produção de vinho e as vinícolas de algumas cidades serranas que projetaram o Rio Grande do Sul como o maior produtor de vinho do Brasil. 

          Um longo período transcorreu e no início da década de 1970 especialistas da Universidade Davis, na Califórnia, identificaram a Campanha Gaúcha como o melhor terroir para o plantio de uvas viníferas de vinhos finos. Teve início o cultivo com técnicas inovadoras no Brasil e que resultou em 1983 no lançamento dos primeiros varietais finos da marca Almadén. Nos anos seguintes foram surgindo outras vinícolas e atualmente a Campanha já é considerada a segunda maior região produtora do Brasil. 

      Conheço poucos rótulos dos vinhos da Campanha Gaúcha, mas, considero fundamental promover a sua divulgação para projetar o Rio Grande do Sul no cenário mundial da produção vinicultora e contribuir na diversificação da economia do pampa ou da chamada metade sul. Especialmente, quando este projeto recorre a estratégias de sustentabilidade ecológica no manejo dos vinhedos e na produção realizada com trabalho intensivo em pequenas áreas (comparado com a pecuária) e que agregam considerável valor final ao produto.

         Com o intuito de contribuir e valorizar a vinicultura da Campanha Gaúcha quero deixar três sugestões de rótulos que me surpreenderam ao serem degustados:

         1)Três Bocas: Formado pelas cepas Tannat (clássico do Uruguai), Tempranillo (Espanha) e Malbec (clássico da Argentina). O tempero para as três preciosidades foi o clima e o solo de Itaqui no Rio Grande do Sul e o resultado é “muito especial”.  

        Conforme a vinícola “Campos de Cima” é na Campanha Gaúcha, “que surge um novo conceito de elaborar vinhos de qualidade. Nestas terras longínquas onde o "Minuano" sopra nos dias de inverno e o sol intenso está sempre presente nos dias de verão, implementamos 15 hectares de vinhedos com mudas importadas de França e Itália. A Campanha Gaúcha é rica por sua história e natureza ímpar. Fazendo parte desta região, a Vinícola Campos de Cima fica na cidade de Itaqui, às margens do Rio Uruguai. Os verões quentes e secos permitem a maturação completa da uva, e os invernos rigorosos, com grandes geadas e com o famoso vento Minuano, possibilitam a dormência da videira. Esta grande amplitude térmica, com variação de até 15°C, combinados com a alta luminosidade da região, e um solo profundo de boa drenagem, favorecem o pleno amadurecimento e um alto grau de sanidade das uvas. Estas condições elevam a Campanha Gaúcha à posição de uma das melhores regiões para a produção de vinhos de qualidade no Brasil. https://www.camposdecima.com.br/campanha-gaucha

        2)Rastros do Pampa: Saindo de Itaqui rumamos para Dom Pedrito. Inicialmente fui atraído pela atração do nome Rastros... que remete ao bioma pampa. Segundo foi a beleza do rótulo metalizado que agrega estética e versatilidade em sua retirada para compor uma coleção de “memórias do vinho”. Finalmente, o líquido o qual traria muita alegria ao Deus Baco. As potencialidades de um cabernet sauvignon são testadas neste vinho. 

         A apresentação da Vinícola Guatambu ajuda a explicar o resultado: “Rastros do Pampa é um vinho que marcou a trajetória da Guatambu em vitivinicultura, pois foi o primeiro rótulo elaborado pela vinícola, e que ganhou várias premiações desde 2009. Destaca-se pelo estilo frutado e um sabor macio e aveludado, devido a presença de taninos maduros. Situada no coração do pampa gaúcho, em Dom Pedrito, na fronteira com o Uruguai, a produção das uvas é marcada por um terroir com mais de 2.300 horas de luminosidade durante o período vegetativo da videira e escassez de chuvas no verão, garantindo a maturação fenólica das uvas e a opulência de seus vinhos. O clima subtropical úmido com invernos rigorosos, grandes geadas, amplitude térmica e o famoso vento Minuano geram uma combinação de fatores que propiciam o desenvolvimento ideal do ciclo da videira e a maturação completa de seus cachos”. Os vinhedos estão localizados na latitude 30º58 sul – a mesma de países como Argentina, Chile, África do Sul e Austrália, referências na produção de vinhos. http://www.guatambuvinhos.com.br

         3)Miolo Reserva: O passeio por Itaqui e Dom Pedrito agora ruma para Santana do Livramento onde teve início as experiências com os vinhedos na Campanha Gaúcha realizados pela Almadén em 1973 a qual foi adquirida em 2009 pela Vinícola Miolo. Conforme portfólio da empresa: “a Miolo segue uma filosofia de elaboração racional do vinho, para preservar as características de cada variedade de uva. É assim que expressa a tipicidade dos terroirs onde está presente, preservando as características de cada região. O Grupo possui projetos em quatro regiões vitivinícolas brasileiras: Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos, RS), Vinícola Seival (Campanha Meridional, RS), Vinícola Almadén (Campanha Central, RS), Vinícola Terranova (Vale do São Francisco, BA). Além disso, conta também com acordos de joint ventures internacionais: Costa Pacífico (Chile), Los Nevados (Argentina), além das vinícolas Podere San Cristoforo e Giovanni Rosso (Itália)”. https://www.miolo.com.br/o-grupo/

       O vinho que degustei é elaborado com uvas Cabernet Sauvignon “cultivadas em vinhedos próprios localizados na região da Campanha Gaúcha. Vinho de forte coloração, onde no nariz apresenta bouquet intenso e característico do amadurecimento em carvalho e na boca apresenta-se equilibrado, com boa estrutura e bom volume de boca”. 

    Espero ter a oportunidade de encontrar outros exemplares de rótulos de vinícolas implantadas nos cenários da Campanha Gaúcha, afinal, são cerca de 20 vinícolas que estão em funcionamento.