Porto do Rio Grande em 1908

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

COLCHA DE CARTÕES-POSTAIS

http: guaipecapapareia.blogspot.com

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   Em 2011 acessei o site papareia (http: guaipecapapareia.blogspot.com) e encontrei estas imagens que estou reproduzindo nesta postagem. A "colcha de cartões-postais" foi uma ideia criativa e de forte cunho de preservação da trajetória de vida familiar. Além da esfera do pessoal foi uma forma de preservar imagens de diferentes temas que foram relevantes no período áureo do colecionismo de cartões-postais (1900-1930). Em especial, no olhar do historiador, evidencio cartões-postais com imagens de prédios e ruas da cidade do Rio Grande no período da República Velha. 

             Recordo do filme "Colcha de Retalhos" (1995) que narra as experiências de vida de um grupo de mulheres que bordavam pedaços de panos e formavam uma colcha artesanal. As cores e padrões se regiam por seus sentimentos de felicidade e infelicidade ao longo de suas trajetórias de realizações e frustrações. E a Colcha se transformou um exercício de superação... 

        Décadas antes do filme foi produzida esta "colcha de cartões-postais" repleta de mensagens para amigos e parentes, demarcando afetividades e passeidades da construção de mundo a partir das experiências pessoais/familiares. Conforme descrição no site papareia estes cartões pertenceram a "Vovó Noemia" que recebia do marido que trabalhava num banco inglês em Porto Alegre. Outros cartões, fizeram o caminho inverso como pode ser constatado no endereçamento. A colcha foi dada de presente, no ano de 1972, pela "Vovó Noemia" para Vera Letícia Vilwock e seu esposo Ronaldo. Ou seja, as memórias foram repassadas para que não caíssem no esquecimento e também que sua carga simbólica/material fosse um objeto de felicidade para outro casal em sua historicidade.
         Imagino a dedicação para tricotar cada cartão para que as palavras e as imagens sobrevivessem a inclemência do tempo... 

http: guaipecapapareia.blogspot.com
           Neste tema que envolve tempo e historicidade, não resisto em fazer uma reflexão: nesta construção de busca da perenidade e da eternidade se acredita que o tempo foi domesticado e fque oi envelhecendo junto aos sujeitos que edificaram as experiências. Mas de fato o tempo ignora nossa crença criogênica em seu congelamento: somos os passageiros que olham a janela do acontecer que se chama tempo e que assiste ao desvelamento biológico de nossas existências transitórias. Mas um pouco de nossa trajetória pode ser preservada em documentos físicos que demarcam momentos simbólicos que queremos perpetuar para fugir ao esquecimento frente ao presente e às gerações futuras.

Cartão-postal do Colégio Alemão. R. Strauch/Livraria Rio-Grandense. 

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