Porto do Rio Grande em 1908

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terça-feira, 3 de dezembro de 2019

CARTOGRAFIA NO SÉCULO XVIII – SILVA PAES

"Desenho por idea" (1737) de José da Silva Paes. Mostra a Barra do Rio Grande e adjacências.
Acervo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.  

     Silva Paes nasceu em Lisboa, em 1679, faleceu na mesma cidade em 1760.
     Formou-se na Aula de Arquitetura Militar de Lisboa, ingressou no Exército, servindo na Infantaria e chegando ao posto de coronel-engenheiro agregado, em 1723. Foi destacado pelo Conselho Ultramarino para acompanhar as obras do aqueduto da Carioca.

     Em 1736, foi designado pelo Vice-rei, Gomes Freire de Andrade, para comandar uma expedição à Colônia do Sacramento, cercada pelos espanhóis. Entre os objetivos da expedição estavam: expulsar os espanhóis da região de Montevidéu; levantar o cerco inimigo sobre a Colônia e fundar um presídio em Rio Grande, a meio caminho entre Santa Catarina e Colônia. Entretanto, a expedição, iniciada em 1736, não conseguiu lograr seu primeiro objetivo, pois os espanhóis já se encontravam bem fortificados na região. Quanto ao segundo, seu êxito foi relativo, pois juntamente, com o governador de Colônia conseguiu expulsar e destruir acampamentos espanhóis na região; porém frente à negativa de um dos chefes da esquadra, desisitiu do ataque a Buenos Aires. Retornando de Colônia, tentou ancorar em Maldonado, para ali fundar uma base portuguesa, porém desistiu do intento devido à falta de água e lenha na região e à pouca amplitude da baía para a proteção dos navios. Desse modo, fixou-se em executar o terceiro objetivo, chegando a Barra do Rio Grande e desembarcando em 19 de fevereiro de 1737, para fundar e construir o Forte Jesus-Maria-José, que deu origem à Vila de Rio Grande.

     Como engenheiro militar, Silva Paes já havia realizado inúmeros trabalhos, destacando-se especialmente na construção de projetos militares, como o projeto defensivo da Baía da Guanabara, iniciado em 1735, que constituía-se na planta da Fortaleza do Patriarca São José da Ilha das Cobras, que tornava inacessíveis as escarpas da ilha, dando-lhe um aspecto de um castelo elevado. Neste projeto a defesa ficava integrada por três fortes: o de São José, em cujo terrapleno estavam compreendidas as edificações de serviço, como a Casa do Governador, capela, casa da pólvora e corpo da guarda; o do Pau da Bandeira, aproximadamente ao centro da ilha; e o de Santo Antônio, na ponta alongada e mais baixa, na direcção da Ilha dos Ratos, hoje Ilha Fiscal.

     Foi o primeiro governador da capitania de Santa Catarina, de 7 de março de 1739 a 25 de agosto de 1743, reassumindo o governo de 20 de março de 1746 a 2 de fevereiro de 1749. Ali projetou e construiu as fortalezas que constituiram o sistema de defesa da ilha de Santa Catarina, composto de quatro fortes, ao norte: São José da Ponta Grossa, Anhatomirim e Ratones; e ao sul, Conceição de Araçatuba.

     Entre os seus trabalhos cartográficos estão:
a) Planta das fortificações da Barra de Santos e da Fortaleza de Itapema, em 1735 ou 1736 ;
b) Planta topográfica da Praça da Nova Colônia do Sacramento, em 1736;
c) Levantamento topográfico da costa referente ao trecho da Lagoa Mirim e da Barra de Rio Grande, em 1737.

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