No lado direito da fotografia, próximo a margem da Lagoa dos Patos, está a rua Francisco Campello. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. Meados de 1950. |
Relatórios da Câmara de Vereadores da cidade do Rio Grande ajudam a elucidar o processo de crescimento urbano e do surgimento e manutenção das ruas. Um exemplo é o relatório da Câmara Municipal, de 29 de fevereiro de 1872, para o Presidente da Província: “Para aformoseamento do litoral e utilidade pública, para o trânsito, a Câmara vos pede autorização para a formação de nova rua na direção da rua Riachuelo, a partir do edifício da Alfândega até às Trincheiras”. Em sessão da Câmara, de 13 de outubro de 1879, é deliberado “abrir-se a rua à margem do rio”.
O relatório da Câmara, de 7 de janeiro de 1881, traz mais informações: “Por abuso existente de longa data, têm os proprietários das casas situadas na rua General Osório, cercado seus terrenos até a praia, interceptando, completamente, a continuação da rua Riachuelo para o lado do Oeste. Alguns, alegando que os títulos dos seus terrenos rezam – fundos do Canal -, mas, no tempo em que eles foram adquiridos, o canal existente então, era na própria rua General Osório e daí para o mar os terrenos foram acrescendo, formando as marinhas que pertencem a Câmara, conforme a concessão que lhe foi feita no ano de 1834, pelo Conselho Administrativo da Província. Convindo não deixar, porém, mais tempo permanecer interceptada esta rua e havendo necessidade dela para efetuarem-se as descargas de certos materiais, que não podem ser feitos onde existe o cais e o calçamento; para comodidade e vantagem pública, especialmente dos mesmos proprietários, que assim aumentarão o valor dos seus terrenos que ficariam entre duas ruas, resolveu a Câmara em sessão de 12 de outubro de 1874, intimá-los para abrirem mão dos respectivos terrenos”.
O jornal Diário do Rio Grande, em 6 de julho de 1884, criticava a Câmara por estar dando nome às ruas “que ainda não existiam” e citava a Francisco Campelo, que ainda não fora aberta, “estando o terreno ocupado por quintais”. Conforme Antenor Monteiro, em 10 de fevereiro de 1888, a Câmara dá, em definitivo, a esse trecho da rua do litoral, que em 1914 tinha 120 metros de extensão, o nome de Francisco Campelo. Francisco de Paula Chaves Campelo nasceu em Pelotas no ano de 1848 e faleceu no Rio de Janeiro em 1927. Nomeado Vice Intendente Municipal pelo Intendente Alfredo Soares do Nascimento, em dois quatriênios, coube-lhe assumir o cargo de Intendente e um dos seus primeiros gestos, em 18 de julho de 1914, Ato n. 704, foi retirar o seu nome da rua, dando-lhe o nome de Silva Pais, o fundador da cidade. O Ato n. 1.165, de 15-10-1930, repõe à rua o nome desse benemérito cidadão. Por ocasião da passagem do bicentenário da fundação do Presídio do Rio Grande (1937), foi dado à rua Uruguaiana o nome de Avenida Silva Pais.
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