Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

domingo, 24 de novembro de 2019

RIO GRANDE E O COMÉRCIO NO SÉCULO XIX

Planta da Província do Rio Grande publicada no livro de Nicolau Dreys. 


Como observou Auguste de Saint-Hilaire[1] em 1820, “a Vila do Rio Grande era centro de considerável comércio de carne seca, de couros, sebo e trigo. Negociantes ricos os há em quantidade; o mobiliário das casas e a aparência dos homens demonstram em geral a abastança deste grupo comercial”. Nicolau Dreys, comerciante que viveu na cidade na década de 1820, descreveu com sensibilidade o difícil enfrentamento com as condições naturais adversas para a constituição de uma civilização. No relacionamento entre a areia hostil e a constituição da urbanidade, assim se expressou:
“No meio das areias estéreis que a circundam e invadem continuamente, ela se apresenta como uma criação excepcional da política e do comércio: indiferente e como estrangeira ao território que ocupa, não deve nada senão ao caráter ativo, industrioso e empreendedor dos habitantes. Ali, o homem pode mais que a natureza; onde achou impotência e miséria ele fez nascer prosperidade; pois, a cidade de S. Pedro, com suas casas suntuosas, seus ricos armazéns, seus cais regulares e seu porto retificado pode agora concorrer com as mais notáveis cidades da América do Sul”.[2]

Segundo Nicolas Dreys, Rio Grande é um exemplo de vitória sobre a natureza hostil, pois se de um lado o meio impôs dificuldades para uma colonização, a ação humana através de um caráter ativo, industrioso e empreendedor superou estas limitações para o desenvolvimento. Em meio às areias estéreis e hostis, Dreys viu surgir, em sua interpretação, uma criação excepcional da política e do comércio.



[1] SAINT-HILAIRE, Auguste. Viagem ao Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1987.

[2] DREYS, Nicolau. Notícia descritiva da Província do Rio Grande de São Pedro do Sul. Porto Alegre: IEL, 1961.

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