Porto Novo em 1915. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
A inauguração
do Porto Novo do Rio Grande ocorreu no dia 15 de novembro de 1915. O jornal “O
Tempo” fez ampla cobertura do evento que havia mobilizado esforços que
concretizaram duas obras exponenciais: a construção dos Molhes da Barra e do
Porto Novo. As expectativas futuras eram as mais otimistas após o longo e
difícil trajeto de reivindicações no sentido de garantir a segurança da
navegação na “Barra Diabólica”.
Para o
jornal “O Tempo”, em sua edição de 16 de novembro de 1915, a inauguração do Porto
Novo foi considerada como a culminância “de um melhoramento que satisfaz a
aspiração magna do Rio Grande”. Discursos são reproduzidos e ressaltam que a
cidade e o Estado estavam de parabéns “pois o momento atual, que marca o ponto
de partida de uma era nova para a continuação do desenvolvimento das suas
atividades intelectual, industrial e comercial”, se tendo “chegado à realização
da maior parte de uma das mais justas aspirações do Estado do Rio Grande” e da
cidade, “cujo esforçado empenho em progredir era a cada passo contrariado pelos
obstáculos que se antepunham à sua franca expansão, pela falta da segura
comunicabilidade com o exterior e dos elementos essenciais ao rápido
desembaraço da navegação que demandava o seu porto” (Dr. Ávila da Silveira,
Engenheiro Chefe da Fiscalização do Porto do Rio Grande). Segundo o engenheiro,
aquela obra representava um feito que serviria ao futuro da sociedade, pois
“tantos desejos e esforços congregados, para conjurar esses óbices e assegurar
o patriótico intento pelo qual aspirava ardentemente o Estado do Rio Grande do
Sul”, há “mais de meio século, não podiam deixar de produzir o sucesso
afortunado que à geração atual é dado presenciar e constituirá, além dos
benéficos resultados que lhe será dado fruir, patrimônio garantidor do
engrandecimento das gerações por vir”. De acordo com essa concepção, essas
gerações restituiriam “em afetuosos agradecimentos os benefícios que receberem,
como aos nossos antecessores fazemos, pelos que eles nos legaram”, de modo que
“os governantes da nação e do Estado, a quem coube à missão de presidir os
destinos deste grande país, desde o início dos trabalhos da construção do porto
e durante o tempo da execução dos mesmos, são os predestinados”, e, lembrando a
histórica reivindicação, considerava-os como “continuadores dos estadistas de
outras épocas” que receberiam “as bênçãos de glória, de que são também credores
aqueles beneméritos”.
Os
representantes do poder público lembravam também o papel dos empreendedores
franceses que haviam realizado a obra, dedicando-lhes “calorosos aplausos” e
afirmando que “em boa hora foram estes trabalhos, de tanta magnitude, confiados
à Cie. Française du Port de Rio Grande do Sul” e aos “reiterados esforços de
seus dignos engenheiros e auxiliares, cuja persistência e comprovada capacidade
foram coroadas de tão feliz êxito”. A data de inauguração escolhida Companhia Francesa
foi elogiada por ser consagrada “à comemoração da pátria republicana
brasileira, para a inauguração do porto, é uma homenagem que desvanecidos
agradecemos e que bem traduz os seus elevados sentimentos de civismo”
(Engenheiro Silveira).
O Dr.
Malaval, superintendente da Companhia Francesa fez uma associação entre a abertura
da Barra e a inauguração do Porto, ao afirmar que o “acontecimento de hoje
assinalará a maior data no desenvolvimento desta cidade, e também posso dizer
que será um dos mais notáveis nos anais da prosperidade de todo o Estado,
porque ele consagra também a abertura da nossa barra”, lembrando que há “já
nove meses que o navio-escola Benjamin Constant atravessou a Barra com grande
satisfação dos habitantes desta cidade e de todo o Estado”, vindo a “demonstrar
aos mais incrédulos que o grande Gaspar da Silveira Martins tinha razão quando
dizia: ‘A barra não tem querer’”. Mantendo a linha ufanista, Malaval concluía:
“Sim, meus senhores, a barra obedeceu às leis da hidráulica, a natureza foi
vencida na luta há tanto travada!” Concluindo que: “A fé absoluta no sucesso
desta obra – uma das mais belas entre as obras marítimas de todo o mundo –
constitui uma glória comum para o Brasil que a projetou e para a França que a
executou com concurso de seus capitalistas, que tiveram tanta confiança, e com
os seus engenheiros no sucesso deste grande empreendimento”.
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