Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

O JORNAL O TEMPO E O PORTO NOVO

Porto Novo em 1915. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense.

A inauguração do Porto Novo do Rio Grande ocorreu no dia 15 de novembro de 1915. O jornal “O Tempo” fez ampla cobertura do evento que havia mobilizado esforços que concretizaram duas obras exponenciais: a construção dos Molhes da Barra e do Porto Novo. As expectativas futuras eram as mais otimistas após o longo e difícil trajeto de reivindicações no sentido de garantir a segurança da navegação na “Barra Diabólica”.
Para o jornal “O Tempo”, em sua edição de 16 de novembro de 1915, a inauguração do Porto Novo foi considerada como a culminância “de um melhoramento que satisfaz a aspiração magna do Rio Grande”. Discursos são reproduzidos e ressaltam que a cidade e o Estado estavam de parabéns “pois o momento atual, que marca o ponto de partida de uma era nova para a continuação do desenvolvimento das suas atividades intelectual, industrial e comercial”, se tendo “chegado à realização da maior parte de uma das mais justas aspirações do Estado do Rio Grande” e da cidade, “cujo esforçado empenho em progredir era a cada passo contrariado pelos obstáculos que se antepunham à sua franca expansão, pela falta da segura comunicabilidade com o exterior e dos elementos essenciais ao rápido desembaraço da navegação que demandava o seu porto” (Dr. Ávila da Silveira, Engenheiro Chefe da Fiscalização do Porto do Rio Grande). Segundo o engenheiro, aquela obra representava um feito que serviria ao futuro da sociedade, pois “tantos desejos e esforços congregados, para conjurar esses óbices e assegurar o patriótico intento pelo qual aspirava ardentemente o Estado do Rio Grande do Sul”, há “mais de meio século, não podiam deixar de produzir o sucesso afortunado que à geração atual é dado presenciar e constituirá, além dos benéficos resultados que lhe será dado fruir, patrimônio garantidor do engrandecimento das gerações por vir”. De acordo com essa concepção, essas gerações restituiriam “em afetuosos agradecimentos os benefícios que receberem, como aos nossos antecessores fazemos, pelos que eles nos legaram”, de modo que “os governantes da nação e do Estado, a quem coube à missão de presidir os destinos deste grande país, desde o início dos trabalhos da construção do porto e durante o tempo da execução dos mesmos, são os predestinados”, e, lembrando a histórica reivindicação, considerava-os como “continuadores dos estadistas de outras épocas” que receberiam “as bênçãos de glória, de que são também credores aqueles beneméritos”.
Os representantes do poder público lembravam também o papel dos empreendedores franceses que haviam realizado a obra, dedicando-lhes “calorosos aplausos” e afirmando que “em boa hora foram estes trabalhos, de tanta magnitude, confiados à Cie. Française du Port de Rio Grande do Sul” e aos “reiterados esforços de seus dignos engenheiros e auxiliares, cuja persistência e comprovada capacidade foram coroadas de tão feliz êxito”. A data de inauguração escolhida Companhia Francesa foi elogiada por ser consagrada “à comemoração da pátria republicana brasileira, para a inauguração do porto, é uma homenagem que desvanecidos agradecemos e que bem traduz os seus elevados sentimentos de civismo” (Engenheiro Silveira).
O Dr. Malaval, superintendente da Companhia Francesa fez uma associação entre a abertura da Barra e a inauguração do Porto, ao afirmar que o “acontecimento de hoje assinalará a maior data no desenvolvimento desta cidade, e também posso dizer que será um dos mais notáveis nos anais da prosperidade de todo o Estado, porque ele consagra também a abertura da nossa barra”, lembrando que há “já nove meses que o navio-escola Benjamin Constant atravessou a Barra com grande satisfação dos habitantes desta cidade e de todo o Estado”, vindo a “demonstrar aos mais incrédulos que o grande Gaspar da Silveira Martins tinha razão quando dizia: ‘A barra não tem querer’”. Mantendo a linha ufanista, Malaval concluía: “Sim, meus senhores, a barra obedeceu às leis da hidráulica, a natureza foi vencida na luta há tanto travada!” Concluindo que: “A fé absoluta no sucesso desta obra – uma das mais belas entre as obras marítimas de todo o mundo – constitui uma glória comum para o Brasil que a projetou e para a França que a executou com concurso de seus capitalistas, que tiveram tanta confiança, e com os seus engenheiros no sucesso deste grande empreendimento”.

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