Intendência Municipal por volta de 1910. Livraria Rio-Grandense/Ricardo Strauch. Acervo do Autor. |
O prédio,
posteriormente, foi residência do comendador Antônio da Silva Ferreira Tigre,
sendo colocado à venda pelos herdeiros no ano de 1886. Também foi alugado para
o Colégio União e para sede de Bloco Carnavalesco. A Intendência Municipal do
Rio Grande interessou-se na compra do imóvel, o qual já exigia reformas,
fechando negócio em 1894, a
um custo de mais de cem contos de réis. Para viabilizar a reforma, a
Intendência Municipal vendeu à Biblioteca Rio-Grandense, em 1895, o prédio da
antiga Câmara de Vereadores (construído em 1850) localizado onde hoje está
sediada a referida Biblioteca pela quantia de 25 contos de réis. A expectativa
da Biblioteca Rio-grandense era de uma rápida ocupação do ex-prédio da Câmara
pagando à Intendência um aluguel enquanto a reforma do antigo casarão do
Rasgado era realizada. A escadaria foi encomendada em 1897, a uma firma de Massa
Carrara por 7 contos de réis. Porém a obra prolongou-se até 1900, quando o
Intendente Conrado Miller de Campos concluiu a reforma e entregou à Biblioteca
Rio-Grandense o prédio que até hoje ocupa e que passou por profundas
modificações no estilo e dimensões a partir da década de 1910.
O sobrado
que o rico comerciante Joaquim Rasgado mandara construir em 1824 passou por
ampla reforma passando a ser um palácio em estilo neoclássico renascentista. O
beiral de telhas, característico da arquitetura colonial, foi trocado por uma
platibanda encimada de esculturas decorativas; o arco abatido das aberturas
cedeu lugar ao retilíneo e as grades de ferro das sacadas foram substituídas
por balaústres. A sacada grande, existente ao centro do sobrado, tomou forma de
balcão amplo, sustentado por colunas e a sotéia, na extremidade norte, foi
eliminada, para tornar possível uma ampliação em estilo diferente, mas
harmônico, no segundo pavimento.
Portanto, o
prédio sofreu uma profunda reforma entre os anos de 1896 e 1900, tendo sido
eliminadas suas características coloniais, que foram substituídas por elementos
neoclássicos. O beiral com telhas capa-e-canal foi substituído pela platibanda
encimada por esculturas, às vergas em arco abatido das janelas deram lugar a vergas
retas, etc. O responsável pelas intervenções foi o engenheiro italiano João
(Giovani) Carrara Colfosco o qual também projetou o Paço Municipal de
Porto Alegre. O imóvel sediou a Prefeitura do Rio Grande até abril de 2006,
quando sofreu incêndio e ficou parcialmente destruído. As obras de restauração
foram encerradas em dezembro de 2012 ocorrendo à reinauguração. O prédio é
tombado pelo Instituto Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) o que confirma a
sua importância enquanto elemento físico constituinte da memória histórica e
patrimonial da cidade, fator que também justificou a necessidade de sua
reconstrução.
O
cartão-postal editado por R. Strauch em torno de 1910 mostra em primeiro plano
o prédio da Intendência Municipal. Ao fundo aparece o prédio do Quartel
General, numa espacialidade que na época, integrava no mesmo quarteirão, o
poder civil municipal e o poder militar federal.
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