A Dissertação foi defendida por Maria Cristina Chaves Pires e a banca
também estava composta por Éder Leandro Bayer Maier (Orientador - FURG – ICHI),
Jefferson Rodrigues dos Santos (IFRS Campus Rio Grande) e Miguel da Guia
Albuquerque (IFRS Campus Rio Grande).
O título remete a uma possibilidade de diálogo entre os campos da
História e da Geografia: “CARTOGRAFIA HISTÓRICA DA CIDADE DO RIO GRANDE/RS:
EXPANSÃO URBANA E MUDANÇAS AMBIENTAIS (1737-2017)”. Enquanto primeiro núcleo de
formação luso-brasileiro no Rio Grande do Sul, as historicidades em Rio Grande
são de longa duração temporal e a produção cartográfica é uma fonte preciosa
para investigar a produção do espaço social no passado de quase três séculos da
localidade. Conforme Maria Cristina “os mapas históricos preservam informações
geográficas sobre a ocupação humana, a expansão urbana e as transformações
ambientais ao longo da história. Nesta perspectiva, efetuamos a coleta,
catalogação, descrição e interpretação de mapas do sítio urbano da cidade do
Rio Grande, a fim de investigar a expansão urbana e as transformações
ambientais. A cidade que teve sua gênese a partir da posição
político-estratégica, de função portuária/militar e posterior desenvolvimento
comercial e industrial atravessou diversos ciclos econômicos que determinaram
sua configuração espacial. Foram utilizados oito mapas entre 1737 e 2017,
obtidos na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, na Biblioteca Rio-Grandense,
no acervo de Fortunato Pimentel e no Google Earth Pro. As feições permanentes
naturais e antrópicas foram vetorizadas sobre uma imagem de satélite do Google
e serviram de referência para configuração espacial dos processos de expansão urbana
e transformação ambiental".
A visualização da ocupação humana no espaço possibilita visualizar
didaticamente os usos do espaço e as modificações antrópicas na paisagem
natural. Os movimentos populacionais são frutos de processos históricos que
podem ser investigados e interpretados. O espaço urbano é uma construção
histórica fruto da intervenção humana no espaço geográfico. A
dissertação em foco é uma ferramenta para pensar a ocupação humana do espaço, as
modificações ambientais decorrentes e os desafios para um crescimento urbano
planejado.
Conforme a autora, a cidade do Rio Grande foi edificada em um ambiente
fisiográfico que apresentava uma paisagem dominada por dunas, lençóis de areia,
sequências lagunares e de banhados, vegetação pobre e a presença constante de
ventos fortes. Estas características geológicas impuseram dificuldades aos
portugueses durante o processo de ocupação, pois além do terreno instável
devido às areias móveis, não haviam materiais apropriados para as construções. A
localidade era privilegiada por suas condições geográficas, com sua aptidão
portuária, teve em seu porto o único meio de ligação com o restante do país,
isso foi fundamental para o seu desenvolvimento econômico e o ponto inicial das
mudanças ambientais promovidas no pontal.
Maria Cristina ressalta que cada período deixou a sua marca na
configuração do espaço urbano, com a chegada de milhares de trabalhadores e a
necessidade de adequar o gerenciamento da vida urbana. O crescimento e
estagnação acompanharam esses processos, pois cada um deles teve seu apogeu e
queda, não gerando riqueza suficiente para que os habitantes usufruíssem de uma
melhor qualidade de vida. Cabe ressaltar que na última década os programas de habitação
favoreceram o adensamento urbano e não a expansão como registrado no século
passado. A necessidade de “criar terreno” para a expansão urbana promoveu
profundas alterações na fisiografia no pontal. O crescimento ordenado e não
ordenado gerou poluição, desmatamento, assoreamentos de arroios, destruição de
ecossistemas e utilização de áreas preservadas para usos urbanos, gerando diversos
desafios ambientais que Rio Grande precisa enfrentar na busca de um equilíbrio
entre os interesses econômicos e ambientais.
Ilustrações: fotografia da Defesa de Dissertação. Gráficos contidos na Dissertação.
Apresentação de Maria Cristina. |
Gráficos da expansão urbana. |
Gráficos da Supressão de Ambientes Naturais. |