Para quem
pensa que está frio em 2018 (não só pensa como realmente está...), cem anos no
passado estava de “renguear cusco”.
O ano de 1918 teve um dos invernos mais frios já registrados em Rio
Grande. O jornal Echo do Sul de 10 de julho de 1918 registrou que o inverno foi gelado a ponto de matar de frio,
durante a tarde, um homem que estava sentado na praça central: “o infeliz
sentou-se num banco da praça General Telles, talvez por não ter onde se
recolher, e ali se deixou ficar até que, inteiriçado, caiu ao solo”. No dia 24
de junho nevou na cidade durante a manhã, embranquecendo os telhados.
Em 24 de junho de 1918 a
temperatura mínima em Rio Grande foi de 1,0° e a máxima foi de 7,0° com fortes
geadas que chegaram a São Paulo e Belo Horizonte nos dias seguintes. A temperatura
na cidade do Rio de Janeiro chegou a 6,2°. No interior de Minas Gerais chegou a
-9,0°
A partir de 08 de
julho de 1918, outra massa polar provocou frio extremo no centro sul do Brasil
com a capital de São Paulo não superando os 9,5° no dia 9 de julho. Em Porto
Alegre a temperatura chegou a -4,0° e em Vacaria -9,0°. Caxias teve queda
intensa de neve que se manteve sem descongelar por quatro dias.
A persistência do
frio é que marcou o mais gelado inverno já registrado no Rio Grande do Sul. Nem
sempre alguns episódios de neve, por mais marcantes que sejam, significam o
inverno mais rigoroso. É mais importante a persistência de dias com
temperaturas máximas abaixo dos dois dígitos e mínimas próximas ou abaixo de
zero. A geada generalizada e persistente causou grande prejuízo aos
agricultores e ao setor leiteiro. O clima fragilizou a sociedade no ano em que
a I Guerra Mundial estava sendo encerrada.
E não foi só o Rio
Grande do Sul e parte do Brasil que deixou este registro histórico de frio. O
ano de 1918 foi um dos mais gelados da história de muitas cidades da América do
Norte.
E o pior ainda
estava por vir: a gripe espanhola que eclodiria na primavera! A trilogia
macabra se fez: 1918 o ano da guerra, do frio e da peste...
Ilustrações: Jornal A Federação (Porto Alegre, julho de 1918). Acervo:
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
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