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Batalha de Caiboaté: episódio culminante da guerra das Missões. |
Ptolomeu de Assis Brasil publicou em 1935 o livro "Batalha de Caiboaté: episódio culminante da guerra das Missões". O autor realizou a investigação espacial para identificar o local em que ocorreu no dia 10 de fevereiro de 1756 o massacre de mais de 1.300 guaranis no enfrentamento dos exércitos luso-espanhol.
O local do confronto (no município de São Gabriel) foi inicialmente assinalado com uma cruz colocada por um índio guarani (Miguel Mayra). Com o desaparecimento desta outra (s) cruz foi colocada no local e foi encontrada por Assis Brasil. Posteriormente, um monumento em pedra foi erguido.
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Acervo: https://www.danielchaiebleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=6240438 |
Este confronto ocorreu pela resistência dos índios missioneiros dos Sete Povos que não aceitaram o abandono de suas cidades para que os portugueses controlassem a região missioneira. Esta foi uma determinação do Tratado de Madrid que buscou diplomaticamente encerrar os confrontos entre Portugal e Espanha por territórios.
A resistência indígena se chamou Guerra Guaranítica (1752-1756) que se estruturou na forma de guerrilhas desgastando as tropas portuguesas e espanholas que marchavam para tomar os sete povos.
A Vila do Rio Grande terá um papel indireto na efetivação da demarcação de limites e recebeu tropas e autoridades como Gomes Freire de Andrade. Em sua vinda a Rio Grande ele mandou erguer a Igreja de São Pedro.
Algumas passagens de Assis Brasil que faz referência a Rio Grande:
"Quatro navios saídos do Rio em janeiro e fevereiro conduziram ao Rio Grande, destinados a Castilhos Grandes, o pessoal técnico, oficiais, soldados. Material bélico. Gomes Freire chegado ao Rio Grande a 7 de abril de 1752, aí já veio encontrar as tropas procedentes do Rio, a saber: 1 regimento de artilharia, comte., Cel. José Fernandes Pinto Alpoim. 1 companhia de granadeiros, comte. Cap. Álvaro de Brito Rego. 1 regimento de fuzileiros, comte. Cap. André Vaz Figueira. 1 regimento velho, comte. Cap. João de Mascarenhas. 1 regimento novo, comte. Cap. João Teixeira de Carvalho. Gomes Freire passou em revista as suas tropas e providenciou sobre as necessidades materiais a preencher antes de prosseguirem. Eram necessários veículos para o transporte dos grandes e pesados marcos, de víveres e munições, a Castilhos, de pessoal, material bélico, pela lagoa Mirim, ao forte de S. Miguel, situado no seu extremo sul. Aos que lhe acompanhariam mandou pagar além dos vencimentos normais, como minestra, aos coronéis duas patacas por dia, e uma aos capitães, tenentes e capelães".
Foi celebrado em Buenos Aires a vitória (massacre de Caiboaté), com "TE-DEUM e repique de sinos. No Rio Grande também houve TE-DEUM, iluminaram-se as
fachadas das casas durante três noites e houve missa cantada com o Senhor
exposto".
"Uma esquadra do exército português, voltando nesse dia ao
campo da ação para enterrar o soldado morto, lá encontrou os corpos de 12
homens sem vida. Eram os condutores de 2 carretas carregadas de vários gêneros,
vivandeiros que haviam partido do Rio Grande com três dias de atraso dos
exércitos e que, não logrando alcançá-los logo foram presos, conduzidos pelos
índios e, por fim, mortos quando os detentores chegaram e observaram o lugar do
exício".
A partir de 1756 teve início a decadência do projeto histórico missioneiro que iniciou no Rio Grande do Sul em 1626. A destruição do projeto comunitário missioneiro (dispersão dos índios e expulsão dos jesuítas) não conduziu ao fim do enfrentamento luso-espanhol. O Tratado de Madrid fracassou! Já em 1762, a guerra é retomada com grande intensidade e a Colônia do Sacramento e a Vila do Rio Grande são tomadas pela tropas espanholas.