Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

RIO GRANDE: IMAGENS EM 1900


Rio Grande em papel de carta por volta de 1900. Acervo: Museu da Cidade do Rio Grande.


         Rio Grande no ano de 1900! Uma população de 30.000 habitantes e nenhum automóvel. Uma cidade enraizada ao longo do século 19, nas atividades portuárias do comércio de exportação e importação. Uma industrialização crescente ligada a grandes empresas como a Rheingantz, Ítalo-Brasileira, Leão Santos, Charutos Pook. Capital alemão, italiano e português em expansão numa perspectiva otimista ligada aos setores têxtil e alimentício.
         Neste distante ano de 1900, em que surgia o mais antigo clube futebol ainda em atuação no Brasil, foi elaborado pela Livraria R. Strauch Riograndense, um papel de carta para a escrita de mensagens retratando diferentes cenários da cidade que se expandia nos quadros da Belle Époque. Semelhante aos cartões-postais, que começam a ser muito usados no período, o papel de carta tinha também uma função de difusão de imagens sobre as cidades. Os espaços retratados circulavam pelo Brasil e por outros países, desenvolvendo a curiosidade e a até a ampliação de conhecimentos sobre cidades do planeta.
         Neste papel de carta foram registrados os cenários do Porto Velho do Rio Grande, repleto de embarcações, num período em que ainda não existia o Porto Novo. A Estação Central, um dos espaços civilizatórios iniciais que desencadearam a ocupação da Cidade Nova, não poderia faltar pois representa o progresso e a interligação ferroviária com outras localidades como Pelotas e Bagé. O Quartel General, um prédio recente, de 1892, que era representado com orgulho devido aos seus traços arquitetônicos. A Santa Casa de Caridade o chamado Hospital da Caridade, com a água e as embarcações chegando até os degraus de acesso. Degraus históricos que estão até hoje lá. O posterior aterro levou nas últimas décadas ao surgimento do Hospital da FURG e do Centro de Convívio Meninos do Mar.
         O Parque (atual Parque do Trabalhador) era o local onde partia o trem para o Cassino, existindo uma linha de bondes (Linha do Parque) ligando do centro da cidade até este local da atual Avenida Presidente Vargas. 
         Duas ruas foram retratadas: a rua Duque de Caxias mostrando ao fundo a Igreja do Bomfim e novamente retratando o orgulho local que era a linha de bondes existente nesta rua, diga-se, a primeira linha de bondes da cidade. A outra rua é a antiga rua da Praia, ainda sendo chamada de rua Pedro II, que é a atual rua Marechal Floriano. O trânsito de pessoas caminhando despreocupadamente pela rua no trecho da Alfândega evidencia um tempo de maior tranqüilidade para os pedestres: mulheres de sombria para proteção do sol, homens de bengala... Imaginem hoje, uma aventura fatal de permanecer por mais de alguns segundos caminhando no meio desta rua? Nem bengalas, sombrinhas ou roupas de época sensibilizariam os estressados motoristas para evitar o atropelamento destes personagens que hoje fazem parte de cartões-postais e papel de carta.

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