Estação da Quinta. Acervo: livro Patrimônio Ferroviário do RS. |
Estação do Rio Grande. Acervo: livro Patrimônio Ferroviário do RS. |
Sempre
é bom lembrar dos caminhos de ferro e suas locomotivas. Do tempo em que as
cargas (produtos da pecuária e da agricultura rio-grandense) eram transportadas
em trem e não por estradas. A brilhante ideia de transportar containers em caminhões não tinha
surgido até porque os caminhões ainda não tinham sido inventados. Bons tempos antes
da mortalidade ensandecida das estradas... Mas vamos aos fatos de como surgiram
as estradas de ferro no Rio Grande do Sul e em Rio Grande.
A
inauguração da primeira estrada de ferro no Brasil recua ao ano de 1854, no Rio
de Janeiro. O empresário Irineu Evangelista de Souza, Barão de Mauá, foi o
responsável pelo aporte de recursos financeiros para a obra. As estradas de
ferro contribuíram para o desenvolvimento do mercado interno e para o
florescimento de inúmeras cidades. As ferrovias tornaram-se no final do século
XIX sinônimo de progresso e modernidade (conforme a obra Patrimônio Ferroviário no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: IPHAE,
Palotti, 2002). No Rio Grande do Sul o início da história ferroviária remonta
ao ano de 1866, com os debates na Assembléia Provincial para a construção de
uma estrada de ferro ligando Porto Alegre com a região colonial alemã. Em abril
de 1874 foi inaugurada a seção da estrada ligando a capital até São Leopoldo.
Em sucessivas ampliações a estrada de ferro chegou a Canela no ano de 1922.
A
rede de estradas de ferro no Rio Grande do Sul ainda era composta por quatro
linhas principais: Porto Alegre-Uruguaiana; Rio Grande-Bagé; Santa
Maria-Marcelino Ramos; Barra do Quaraí-Itaqui. Foi no ano de 1872 que o
engenheiro J. Ewbank da Câmara apresentou ao governo imperial o “Projeto Geral
de uma Rede de Vias Férreas Comerciais e Estratégicas da Província de São Pedro
do Rio Grande do Sul”, tendo a Estrada de Ferro Porto Alegre-Uruguaiana como o
eixo principal das ferrovias e de caráter estratégico-militar, pois em 1865, o
Rio Grande do Sul havia sido invadido por tropas paraguaias. A principal
preocupação era a segurança das fronteiras meridionais do Império, sendo que em
1883 a
primeira seção da Estrada foi inaugurada ligando Porto Alegre a Cachoeira do
Sul.
A
Estrada de Ferro Rio Grande-Bagé fazia parte do projeto do engenheiro Ewbank
Câmara com a denominação de Tronco Sul. O governo imperial autorizou a sua
construção em 1873 no Decreto 2397: “O Governo fará construir uma estrada de
ferro que comunique o litoral e a capital da Província de São Pedro do Rio
Grande do Sul com as fronteiras nos pontos mais convenientes, de modo que
fiquem satisfeitos os interesses comerciais e as condições estratégicas”.
O
empresário Higino Correa Durão venceu a concorrência para construção da Estrada
de Ferro Rio Grande-Bagé. Entretanto, Durão não cumpriu os prazos legais do
contrato, sendo a concessão renegociada até que no ano de 1883 a Southern Brazilian Rio Grande do Sul Railway Company Limited
torna-se cessionária da estrada. Em 2 de dezembro de 1884 a estrada foi
inaugurada junto com as estações Marítima, Rio Grande, Junção, Quinta, Povo
Novo, Pelotas, Teodósio, Capão do Leão, Cerrito, Cruz, Basílio, Erval, Cerro
Chato, Lajeado, Nascente, Pedras Altas, Jose Sartori, Biboca, Candiota, Seival,
Hulha Negra, Quebracho, Santa Teresa e Bagé. As cidades de Rio Grande, Pelotas
e Bagé, representavam o tripé econômico porto-charque-gado. Em 1905, a estrada foi
encampada pelo governo federal e arrendada para a companhia belga Compagnie Auxiliaire des Chemins de Fer au
Brésil.
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