Rio Grande em papel de carta por volta de 1900. Acervo: Museu da Cidade do Rio Grande. |
Rio
Grande no ano de 1900! Uma população de 30.000 habitantes e nenhum automóvel.
Uma cidade enraizada ao longo do século 19, nas atividades portuárias do
comércio de exportação e importação. Uma industrialização crescente ligada a
grandes empresas como a Rheingantz, Ítalo-Brasileira, Leão Santos, Charutos
Pook. Capital alemão, italiano e português em expansão numa perspectiva
otimista ligada aos setores têxtil e alimentício.
Neste
distante ano de 1900, em que surgia o mais antigo clube futebol ainda em
atuação no Brasil, foi elaborado pela Livraria R. Strauch Riograndense, um
papel de carta para a escrita de mensagens retratando diferentes cenários da
cidade que se expandia nos quadros da Belle
Époque. Semelhante aos cartões-postais, que começam a ser muito usados no
período, o papel de carta tinha também uma função de difusão de imagens sobre
as cidades. Os espaços retratados circulavam pelo Brasil e por outros países,
desenvolvendo a curiosidade e a até a ampliação de conhecimentos sobre cidades
do planeta.
Neste
papel de carta foram registrados os cenários do Porto Velho do Rio Grande,
repleto de embarcações, num período em que ainda não existia o Porto Novo. A
Estação Central, um dos espaços civilizatórios iniciais que desencadearam a
ocupação da Cidade Nova, não poderia faltar pois representa o progresso e a
interligação ferroviária com outras localidades como Pelotas e Bagé. O Quartel
General, um prédio recente, de 1892, que era representado com orgulho devido
aos seus traços arquitetônicos. A Santa Casa de Caridade o chamado Hospital da
Caridade, com a água e as embarcações chegando até os degraus de acesso.
Degraus históricos que estão até hoje lá. O posterior aterro levou nas últimas
décadas ao surgimento do Hospital da FURG e do Centro de Convívio Meninos do
Mar.
O
Parque (atual Parque do Trabalhador) era o local onde partia o trem para o
Cassino, existindo uma linha de bondes (Linha do Parque) ligando do centro da
cidade até este local da atual Avenida Presidente Vargas.
Duas
ruas foram retratadas: a rua Duque de Caxias mostrando ao fundo a Igreja do
Bomfim e novamente retratando o orgulho local que era a linha de bondes existente
nesta rua, diga-se, a primeira linha de bondes da cidade. A outra rua é a
antiga rua da Praia, ainda sendo chamada de rua Pedro II, que é a atual rua
Marechal Floriano. O trânsito de pessoas caminhando despreocupadamente pela rua
no trecho da Alfândega evidencia um tempo de maior tranqüilidade para os
pedestres: mulheres de sombria para proteção do sol, homens de bengala...
Imaginem hoje, uma aventura fatal de permanecer por mais de alguns segundos
caminhando no meio desta rua? Nem bengalas, sombrinhas ou roupas de época
sensibilizariam os estressados motoristas para evitar o atropelamento destes
personagens que hoje fazem parte de cartões-postais e papel de carta.
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