Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

A BARRA E O CAIS DO PORTO VELHO - II

Cais do Porto Velho por volta de 1910. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 O cais do Porto Velho acompanhou a silhueta do centro da cidade desde os primórdios do século XIX. Foi um cartão de visitas retratado por Debret em 1823, por Wendroth em 1852 ou em diversas fotografias tiradas a partir de 1865. Esta foi a primeira visão do Rio Grande do Sul para os viajantes estrangeiros, aos imigrantes em busca de uma nova vida ligada a terra e ao trabalho ou frente ao olhar dos escravos negros que eram desembarcados em seu cais, rumando para diferentes localidades gaúchas. Em 1872 o cais sofreu uma reforma e ampliação para comportar o movimento de cargas. Na década de 1920 foram construídos os armazéns junto ao Porto Velho. O centro urbano ligado as atuais ruas Riachuelo e Marechal Floriano dinamizaram-se em estreito vínculo com a existência deste universo portuário. Apesar da inauguração do Porto Novo em 1915, a importância do Porto Velho persiste enquanto ancoradouro de embarcações de pequeno e médio porte, descarga de pescado e tráfego de passageiros e embarcações ligando Rio Grande com São José do Norte e as Ilhas. Nas últimas décadas também é um espaço cultural que aproxima a população de seu cais e atrai milhares de turistas durante a Festa do Mar.
Concordo com o historiador Francisco das Neves Alves que enfatizou em sua interpretação que a história da cidade está marcada pelo recorrente enfrentamento do ser humano com a natureza. Vencer as intempéries e adequar-se ao modelo europeu de civilização marcaram gerações estando as questões relativas ao porto inseridas neste processo. A construção do cais e as transformações nas ruas contíguas buscavam promover uma maior comodidade às atividades mercantis e aformosear a cidade dando-lhe uma feição de cartão-postal ao mundo com o qual queria se relacionar.[1]
       Ponto de confluência das atividades de embarque e desembarque, o Porto Velho representou ao longo de mais de dois séculos seja no plano econômico como no cultural, uma janela para o mundo.

[1] ALVES, Francisco das Neves. Porto e Barra do Rio Grande: história, memória e cultura portuária. Porto Alegre: Corag, 2008, p. 174.

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