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Cais do Porto Velho por volta de 1910. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
O cais
do Porto Velho acompanhou a silhueta do centro da cidade desde os primórdios do
século XIX. Foi um cartão de visitas retratado por Debret em 1823, por Wendroth
em 1852 ou em diversas fotografias tiradas a partir de 1865. Esta foi a
primeira visão do Rio Grande do Sul para os viajantes estrangeiros, aos
imigrantes em busca de uma nova vida ligada a terra e ao trabalho ou frente ao olhar
dos escravos negros que eram desembarcados em seu cais, rumando para diferentes
localidades gaúchas. Em 1872 o cais sofreu uma reforma e ampliação para
comportar o movimento de cargas. Na década de 1920 foram construídos os
armazéns junto ao Porto Velho. O centro urbano ligado as atuais ruas Riachuelo
e Marechal Floriano dinamizaram-se em estreito vínculo com a existência deste
universo portuário. Apesar da inauguração do Porto Novo em 1915, a importância
do Porto Velho persiste enquanto ancoradouro de embarcações de pequeno e médio
porte, descarga de pescado e tráfego de passageiros e embarcações ligando Rio
Grande com São José do Norte e as Ilhas. Nas últimas décadas também é um espaço
cultural que aproxima a população de seu cais e atrai milhares de turistas
durante a Festa do Mar.
Concordo com
o historiador Francisco das Neves Alves que enfatizou em sua interpretação que
a história da cidade está marcada pelo recorrente enfrentamento do ser humano
com a natureza. Vencer as intempéries e adequar-se ao modelo europeu de
civilização marcaram gerações estando as questões relativas ao porto inseridas
neste processo. A construção do cais e as transformações nas ruas contíguas
buscavam promover uma maior comodidade às atividades mercantis e aformosear a
cidade dando-lhe uma feição de cartão-postal ao mundo com o qual queria se
relacionar.
Ponto de confluência das
atividades de embarque e desembarque, o Porto Velho representou ao longo de
mais de dois séculos seja no plano econômico como no cultural, uma janela para
o mundo.
ALVES, Francisco das Neves. Porto e Barra do Rio Grande: história, memória e
cultura portuária. Porto Alegre: Corag, 2008, p. 174.
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